Oito metas para reverter a
degradação marinha nos próximos cinco anos.
por Redação do EcoD
O planeta Terra tem cerca de três quartos de sua
superfície coberta por água e, apesar disso, esse é um dos recursos mais
maltratados e o que causa maior preocupação em relação ao futuro. Por isso, com
o objetivo de acabar com a destruição dos fundos marinhos, poluição e pesca
predatória, foi criada em fevereiro de 2013 a Global Ocean Commission,
organização composta por uma equipe multinacional de renomados representantes
políticos e empresários.
Com o apoio da Convenção das Nações Unidas sobre
o Direito do Mar (CNUDM), da ONU, a comissão busca restaurar a produtividade
dos oceanos a partir de uma gestão de recursos, pois, por conta da ausência de
uma governança adequada, alguns continentes acabam abusando da liberdade e,
constantemente, saqueiam as riquezas marítimas desprotegidas. Ao pensar nisso,
a comissão pretende aumentar a regulamentação na utilização deste recurso já
que cerca de 64% da área ocupada pelos oceanos é alto mar, ou seja, não tem
jurisdição de qualquer país.
“Nossas propostas são prioridades deste momento
para evitar a destruição da fauna e da flora. Aos poucos muitas espécies estão
sendo extintas, os corais estão desaparecendo, a pesca predatória por arrastão,
que acaba levando toda vida marinha grudada no fundo do mar, está aumentando
grandemente, entre outras coisas”, explica Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do
Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e atual
Comissário Brasileiro da Global Ocean Commission.
Para que os danos causados no ecossistema marinho
sejam reversíveis é necessário que as mudanças ocorram em até cinco anos. Tal
recomendação afeta principalmente países como os Estados Unidos, a União
Europeia, a China e o Japão.
“O aquecimento dos mares vai destruir países
inteiros. Alguns vão acabar completamente cobertos de água e vão desaparecer.
Muitos podem não se dar conta, mas há grandes chances da orla de Copacabana
desaparecer com todos esses efeitos que os cientistas estão prevendo por conta
do aumento do nível do mar. Por isso, quanto mais gente apoiar a causa da comissão,
mais fácil será que as Nações Unidas se movam e convençam seus países
associados a aderir também”, diz o comissário.
Pesca ilegal
A Global Ocean Commission, composta por 17
representantes que são ex-chefes de Estado, Governo, ministros e líderes empresariais
proeminentes, passou cerca de 18 meses investigando o declínio dos oceanos para
criar o relatório Do declínio à recuperação: um plano de salvação para os
oceanos do mundo, em que especificam oito objetivos e propostas para restaurar
e proteger os mares.
Entre os principais passos, estão em destaque a
pesca ilegal (que tem impactos ecológicos, econômicos e sociais) e, claro, a
contaminação, que fazem com que todos os países sejam afetados, em especial os
em desenvolvimento que, muitas vezes, dependem dos oceanos para segurança
alimentar.
“Coisa muito distante”
“Cerca de 60% destas subvenções fomentam práticas
insustentáveis e sem elas a indústria pesqueira em alto-mar não é
financeiramente viável”, especifica o relatório. Além disso, a conservação da
fauna marinha também ajuda a amenizar os efeitos do aquecimento global, já que
os peixes e outras formas de vida aquática em alto mar absorvem o dióxido de
carbono (CO2) da atmosfera, o suficiente para poupar mais de US$200 bilhões em
danos climáticos anuais.
“Quando nos damos conta do aquecimento global e
da acidificação das águas do oceano, e que isso tudo vai mudar a vida das
gerações futuras, é preciso pensar em soluções para reverter esse quadro, pois
em algumas regiões do mundo a vida da pessoa já está completamente diferente
por conta dessas mudanças. Há lugares na China onde as pessoas andam de máscara
nas ruas por conta do ar poluído.
Para nós, brasileiros, isso tudo parece uma
coisa muito distante, pois vemos apenas o rio Tietê, o rio Pinheiros, a lagoa
Rodrigo de Freitas, a sujeira da Baía de Guanabara para as Olimpíadas, mas isso
é apenas aquilo que os olhos podem ver. A comissão procura ver além, olhar tudo
que está acontecendo fora de nossas vistas para sensibilizar as pessoas a
evitar que o pior aconteça”, esclarece Dr. Furlan.
Confira abaixo as propostas da Global Ocean
Commission para a melhoria dos oceanos:
- Proposta 1: Por meio de uma meta de desenvolvimento sustentável a Global Ocean Commission quer reduzir a perda da biodiversidade marinha eliminando a pesca ilegal e reduzindo em 50% a quantidade de resíduos plásticos no ambiente marinho.
- Proposta 2: Para cuidar dos mares a comissão propõe a criação de organizações regionais para gestão do oceano e o fortalecimento da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).
- Proposta 3: Para acabar com a sobrepesca e a pesca ilegal a GOC pede que sejam adotados três passos: transparência integral dos subsídios à pesca, classificação para identificar e distinguir aqueles que são prejudiciais e limitação dos subsídios para combustíveis utilizados na pesca em alto mar nos próximos cinco anos. Atualmente a frota pesqueira mundial é 2,5 vezes maior do que o necessário para que as capturas sejam sustentáveis.
- Proposta 4: Além dos impactos ambientais, a pesca ilegal tem impactos econômicos e sociais que afetam, em especial, os países em desenvolvimento. Para acabar com a prática, é preciso, por meio de compromisso e cooperação, punir os praticantes.
- Proposta 5: Ações coordenadas dos governos, do setor privado e da sociedade para incentivar a reciclagem e conscientizar o consumidor, já que 80% dos resíduos encontrados no mar vem do continente, essa medida é essencial.
- Proposta 6: Os impactos da exploração de petróleo e gás são também responsáveis pela perturbação da vida marinha, por isso a comissão pretende estabelecer padrões internacionais de segurança e responsabilidade para essa atividade.
- Proposta 7: Para conseguir monitorar todo o progresso das propostas feitas em direção a um oceano mais saudável a comissão recomenda a criação de um comitê independente de responsabilidade pelos oceanos.
- Proposta 8: A fim de conseguir alcançar os objetivos propostos, é necessária a criação de uma Zona de Regeneração em Alto Mar, uma região onde não seria liberada a pesca. Tal medida não afetaria a economia, pois apenas 1% das espécies de peixes é capturado exclusivamente em alto mar, e ainda traria um alto impacto ambiental positivo com pequeno custo.
Fonte: EcoD
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