Modelo de previsão e
monitoramento de ondas do CPTEC/INPE avalia impactos ambientais em regiões
costeiras.
O CPTEC/INPE lançou em sua página de previsão de
ondas (http://ondas.cptec.inpe.br/)
um modelo conceitual de monitoramento costeiro, de alta resolução (com grade de
até 20 metros), que permite avaliar diferentes impactos a partir dos movimentos
de marés e ressacas no litoral brasileiro. Este modelo está associado a um
projeto mais amplo, o Sistema de Previsão e Monitoramento Costeiro (SIMCos),
um projeto temático financiado pelo FAPESP, em operação há quase um ano, cujas
previsões podem ser acompanhadas na página do CPTEC/INPE. O SIMCos é composto
de dois modelos diferentes e independentes, mas concebidos para operar em
conjunto, de forma complementar, com o objetivo de emitir alertas de ressacas
e, adicionalmente, monitorar e avaliar os possíveis impactos na costa
brasileira.
O modelo de alta resolução, que está sendo
lançado neste momento, utilizou como área teste a Baia de Vitória, Espírito
Santo, que abrange a ilha de Vitória, região metropolitana e os portos de
Tubarão e Vitória. A base do modelo é o de correntes marítimas WWATCH, do
NCEP/NOAA, com dados de contorno (velocidade e direção dos ventos de
superfície) do modelo francês de circulação atmosférica global Mercator, além do modelo
holandês MOHID, que simula
correntes marítimas próximas à costa e os impactos de marés, ressacas e vasão
de rios.
O SIMCos conta com 61 pontos de previsão e
monitoramento ao longo da costa brasileira. Em cada um destes locais, o sistema
conta com uma linha de 100 metros de profundidade, paralela e próxima a costa,
para a qual há uma série histórica de 30 anos, com dados de corrente marítima,
temperatura da superfície do mar, altura e direção das ondas, entre outros
dados. Assim que ondas acima da média são detectas pelo modelo, o SIMCos
estaria programado para emitir alertas de ressaca, passando a processar o
modelo de alta resoulção. Este modelo seria um similar ao desenvolvido para a
baia capixaba, que simularia com maior detalhamento os possíveis impactos da
ressaca para aquele litoral.
O modelo desenvolvido para a Baía de Vitória
permite simular impactos relacionados à vazão de rios, circulação e interação
de água doce e oceânica, erosão, dispersão e transporte de sedimentos e
poluentes (como manchas de petróleo), entre outras aplicações. Também simula os
efeitos das marés para obras de dragagem, construção de obras civis, como
ampliação de portos, prevendo áreas de assoreamento e de possíveis danos
ambientais. O desenvolvimento deste módulo do SIMCos contou com a cooperação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES) e Universidade Nacional Autonoma do México (UNAM).
De acordo com Valdir Innocentini, pesquisador do
CPTEC/INPE responsável pelo projeto, o desenvolvimento do SIMCos, alcançou seu
objetivo, que era viabilizar um conceito de sistema de alerta, a ser rodado
operacionalmente para toda a costa brasileira. Para implementar o sistema
completo, o pesquisador explica que seria necessário um novo projeto que
permitisse desenvolver modelos para cada um dos 60 pontos do SIMCos, para os
quais seriam “desenhadas” as respectivas grades do modelo, com base na
batimetria das áreas submersas destas regiões costeiras.
Como estes modelos podem ser rodados
independentemente do funcionamento do sistema de alerta, também seria possível
utilizar o modelo de maior resolução, adaptando-o a qualquer área da costa
brasileira, para simular com melhor precisão e refinamento impactos dos
movimentos de marés e ressacas nas diferentes atividades econômicas, de
extração de petróleo, turísticas e náuticas, típicas destas regiões. Os modelos
também teriam aplicações em pesquisas ambientais, com possíveis aplicações na
área de mudanças climáticas, além de ser uma poderosa ferramenta de
monitoramento ambiental capaz de oferecer subsídios a ações fiscais ambientais
na costa e à formulação de políticas ambientais.
Fonte: INPE
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