O relatório está pronto, chegou a
hora de agir.
Novas histórias estão circulando sobre o relatório
de mudanças climáticas do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas) – um resumo que condensa três outros relatórios sobre clima para
políticos. A síntese será oficialmente lançada na Conferência do Clima, 31 de
outubro, mas o conteúdo das mais de 5000 páginas é de conhecimento geral, ainda
que seja ignorado por muitos: as mudanças climáticas ameaçam tanto nossa
geração quanto as gerações futuras. Durante nossa vida na Terra, o planeta
sofrerá mudanças catastróficas a menos que as emissões de carbono sejam
reduzidas e que os combustíveis fósseis sejam substituídos por fontes
renováveis e limpas.
As mudanças climáticas podem parecer algo
complexo e fora de nosso alcance, mas pode ser simples se tomarmos a iniciativa
de diminuir a queima de combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás –
responsável pela maioria das emissões de carbono que causam o aquecimento
global.
A escolha é nossa. A cada dia que permitimos e
contribuímos com o uso de combustíveis fósseis e enquanto novas minas de carvão
e campos de petróleo são planejados, nós somos parte do problema. Mas a cada
dia que desafiamos os políticos e empresas, exigindo energia limpa e segura,
passamos a fazer parte da solução, parte de um movimento que cresce rapidamente
pela mudança que já está acontecendo em países como China e Estados Unidos.
Agora, como os governantes estão se preparando
para um novo acordo climático global a ser assinado em dezembro de 2015 em
Paris, a luta climática vem sendo travada nas principais capitais do mundo,
onde são tomadas as decisões sobre o uso do carvão, extração de petróleo, novos
gasodutos e infraestrutura das grandes cidades.
A boa notícia é que as mudanças climáticas
voltaram a fazer parte da agenda política global – com a maior intensidade
possível. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, está convocando
chefes de Estado para uma Conferência Climática no dia 23 de setembro, em Nova
Iorque. Ele tem como objetivo criar um impulso político para a COP 20
(Conferência do Clima da ONU), que este ano ocorre no Peru. Na melhor das
hipóteses, poderíamos testemunhar sinais de um novo tipo de liderança de
economias emergentes, como a China, que recentemente criou políticas radicais
para reduzir o uso de carvão e promover as energias renováveis, mas que ainda precisa
levar essa medida interna para o âmbito internacional.
A taxa de crescimento do uso de carvão na China
está estagnada em zero e mostra sinais de declínio para os primeiros seis meses
deste ano. Esta é uma mudança em relação à taxa média anual de crescimento de
10% em 2003 – 2011. Ao mesmo tempo, o uso de carvão também mudou drasticamente
nos Estados Unidos, resultando em declínio absoluto de emissões. Não é surpresa
o carvão ser um fator comum entre líderes dos dois principais emissores do
mundo, já que ambos buscam um terreno em comum no encontro promovido por Ban
Ki-Moon.
Mas onde estão as autoridades europeias? Aquelas
que costumavam liderar ações pelo clima? Eles vão permitir que China e EUA
façam o principal acordo climático sem intervir? Por que a chanceler alemã,
Angela Merkel, planeja não participar do lançamento do relatório do IPCC,
enquanto o primeiro ministro britânico, David Cameron, ainda não confirmou sua
participação? É para evitar o constrangimento de não ter atingido os objetivos
traçados até 2030 pela União Europeia?
Bom, isso ainda pode ser corrigido.
Angela Merkel e David Cameron, assim como a
presidenta Dilma Rousseff, podem fazer a lição de casa e ir até Nova Iorque e
cumprir seus compromissos reais.
* Kaisa Kosonen
é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Nórdico.
Fonte: Greenpeace
Brasil
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