Brasil perde oportunidade para
mostrar engajamento real com futuras ações climáticas.
por Redação do Observatório
do Clima
Na Cúpula do Clima, a presidente Dilma
Rousseff reafirmou o que o país fez e o que está fazendo, mas não falou nada
sobre o futuro da luta contra as mudanças climáticas no Brasil.
O Observatório do Clima lamenta que a presidente
da República, Dilma Rousseff, tenha ido à Cúpula do Clima, em Nova York, para
se omitir sobre os esforços futuros do Brasil para reduzir suas emissões de
gases de efeito estufa (GEE) a partir de 2020. Em seu discurso, a presidente
não demonstrou que o Brasil vai se comprometer com metas ambiciosas de redução
no futuro.
A realização desse evento de alto nível, num
momento tão importante no processo de negociação do novo acordo climático, nos
dava a esperança de que os anúncios feitos pelos líderes globais demonstrassem
o nível de compromisso desses países com o futuro da luta contra as mudanças do
clima. Infelizmente, a presidente Dilma repetiu discursos antigos, dizendo o
que o Brasil já fez – importante redução de emissões de desmatamento na
Amazônia ao longo de 10 anos – e o que está fazendo atualmente, perdendo uma
excelente oportunidade para o Brasil desempenhar efetivamente um papel de
liderança nas negociações internacionais em clima.
Infelizmente, o cenário brasileiro não é tão
otimista quanto a fala de Dilma. Depois de uma década de queda consistente no
desmatamento da Amazônia – o que resultou numa diminuição considerável das
emissões nacionais neste período -, a devastação da floresta cresceu 29% entre
2012 e 2013, e a tendência é que esse crescimento persista entre 2013 e 2014.
Além disso, as emissões em setores estratégicos, como energia, transportes,
processos industriais, agropecuária e resíduos sólidos, estão crescendo
consistentemente nos últimos anos, o que comprometerá esforços futuros de
redução das emissões no Brasil.
Além disso, o governo federal reduziu o
investimento em fontes renováveis de energia; hoje, 70% dos recursos investidos
em energia no país são destinados para combustíveis fósseis. Na corrida pelo
desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, estamos ficando atrás da
Europa, dos Estados Unidos e da China.
A realidade é essa: as emissões estão crescendo
em todos os setores, fazendo do Brasil o 7º maior emissor mundial. Segundo
estudo publicado recentemente na IOP Science, o Brasil já é o 4º maior
responsável pelo aquecimento global, atrás apenas de Estados Unidos, China e
Rússia. Apesar de dizer que para o Brasil o novo acordo climático precisa ser
universal, ambicioso e legalmente vinculante, Dilma Rousseff sai da Cúpula
olhando para o retrovisor e perdendo a oportunidade de olhar estrategicamente
para a realidade e para o futuro que se avizinha. E, ao final, ainda deixou, em
seu discurso, alguma dúvida no ar: enquanto defende que o Brasil é um caso de
sucesso na busca pelo desenvolvimento aliado à ação climática, sua fala cria,
ao final, a sensação de que, ao priorizar o desenvolvimento e melhoria de
qualidade de vida das pessoas, esta prioridade seria superior à ação climática.
Está mais do que claro que o maior risco ao desenvolvimento é a falta de ação.
E isto é um desafio de todos, em especial dos grandes emissores de gases de
efeito estufa, como o Brasil Definitivamente, a Presidente Dilma não atendeu à
nossa expectativa.
Fonte: Observatório
do Clima
Nenhum comentário:
Postar um comentário