sábado, 28 de abril de 2018


Suicídio crescente de jovens em SP não surpreende especialistas.

Um levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde; apontou um grande aumento no número de suicídios de crianças e adolescentes no Brasil.De acordo com a pesquisa, entre 2000 e 2015, os suicídios cresceram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% de 15 a 19 anos. Isso representa mais do que a alta de 40% na média da população. Casos recentes de suicídios de estudantes de colégios particulares em São Paulo acenderam um sinal de alerta em pais e escolas.

No período da adolescência, e mesmo da pré-adolescência, os indivíduos têm uma vulnerabilidade muito grande em relação ao bullying, a pressões sociais, entre outros aspectos. As redes sociais são um dos grandes motivadores de aumento de ansiedade e até de depressão, seja por comentários maldosos ou as famosas fake news, que viralizam instantaneamente. As redes também podem afetar a autoestima de um jovem que percebe que os posts de seus colegas têm muito mais curtidas do que os dele.

Os recentes casos de suicídios de estudantes de colégios particulares de São Paulo (três neste ano e um em 2017) não chegam a surpreender especialistas em educação e saúde mental.

Dados do primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde, informam que o suicídio se constituiu na quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. Ainda, segundo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados no final de fevereiro, 9,3% dos brasileiros sofrem de algum transtorno de ansiedade.

Luciano Passianotto, especialista nas áreas de depressão, dependências e terapia de casal, afirma que a ansiedade, depressão ou qualquer outra doença psicológica prejudica o cotidiano das pessoas, e precisa de tratamento adequado por causar consequências graves.

As doenças psicológicas são uma das maiores causas de afastamento do trabalho, são responsáveis pelo aumento no risco de suicídios e ainda são vistas com preconceito, principalmente por aqueles que não as compreendem”, completa.

A ansiedade é uma reação natural do organismo humano, que busca adaptar a sensação para uma situação de estresse, como uma luta ou fuga. O problema aparece quando ela se torna patológica, ou seja, quando o corpo reage dessa maneira mesmo sem algum estímulo ou reage de forma descompensada e desproporcional.

Também é importante ressaltar que a ansiedade pode atingir todas as idades, desde crianças a idosos. 

Por isso é necessário a adaptação de técnicas de tratamento de acordo com a idade do paciente.

É fundamental entender as diferenças nos seus sintomas e desenvolver diagnósticos e tratamentos mais eficazes e específicos para cada fase da vida”, aconselha Luciano.

Fonte: ENVOLVERDE

Aprovada, MP do fundo ambiental irá agora para o Senado.

O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu, na madrugada desta quinta-feira (26), a votação da Medida Provisória 809/17, que autoriza o Instituto Chico Mendes (ICMbio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, a selecionar sem licitação um banco público para criar e gerir um fundo formado pelos recursos arrecadados com a compensação ambiental. A matéria será enviada ao Senado.

O fundo vai financiar unidades federais de conservação, como parques nacionais, reservas biológicas e áreas de proteção ambiental (APAs). Uma das novidades do projeto de lei de conversão do senador Jorge Viana (PT-AC) é a permissão para que serviços, áreas ou instalações de unidades de conservação federais sejam concedidas para a exploração de atividades de visitação.

Na execução dos recursos do fundo, o banco escolhido poderá realizar as ações escolhidas pelo órgão de forma direta ou indireta, inclusive por meio de parceria com banco oficial regional.

Ele também ficará responsável pelas desapropriações de imóveis privados que estejam em unidades de conservação beneficiadas pelos recursos do fundo. O único destaque aprovado pelo Plenário, de autoria do bloco PTB-Pros, retirou do texto o limite de aplicação de um máximo de 60% dos recursos de compensação ambiental na regularização fundiária de unidades de conservação.

Segundo o ICMbio, o fundo permitirá a utilização de cerca de R$ 1,2 bilhão atualmente represados. Desse total, cerca de R$ 800 milhões seriam destinados à regularização fundiária das unidades de conservação. O restante deverá ser investido na implementação das unidades.

De acordo com o governo, a mudança pretende resolver entraves jurídicos apresentados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que entendeu não haver previsão legal para a execução indireta (pagamento em dinheiro) da compensação ambiental.

A MP altera a Lei 11.516/07 e também autoriza os órgãos executores do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) nos estados e municípios a contratarem banco oficial para gerenciar um fundo similar ao federal.

A compensação ambiental é prevista na lei que criou o SNUC (9.985/00) e é paga pelos responsáveis por empreendimentos com significativo impacto ambiental, como a construção de grandes fábricas ou hidrelétricas.

Equivalente a um percentual do valor do empreendimento, ela é usada para criar ou administrar unidades de conservação de proteção integral. A ideia por trás da compensação é que o empreendimento custeie o abrandamento ou o reparo de impactos ambientais relacionados no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e/ou no Relatório de Impacto Ambiental (Rima).

Fonte: ENVOLVERDE

Festival Jane´s Walk.

Durante os dias 4 e 6 de maio acontecerá em mais de 40 cidades em mais de 300 cidades ao redor do mundo (https://janeswalk.org/cities/), o festival Jane´s Walk, o festival é uma homenagem a Jornalista e Ativista urbana, considerada pela revista Planetizen, como a urbanista mais influente do mundo.

Durante o festival acontecerão 2 eventos:

10:00 – Caminhada de manhã na Paulista Aberta
11:30 – Debate com Jornalistas sobre o legado de Jane Jacobs para as cidades no Auditório da Livraria Martins Fontes.

Caminhada na Paulista Aberta.

Em São Paulo haverá uma caminhada pela Paulista Aberta, com início ás 10 horas da manhã e término as 11:00h o evento é aberto mas é necessário fazer uma única inscrição  pelo site www.mobilidadeverde.org

A Jane’s Walk é uma caminhada para aprender mais sobre o legado de Jane Jacobs, ao mesmo tempo em que se pode assimilar e transmitir a complexidade das práticas sociais no cotidiano. Segundo a autora caminhar é produzir cidadania , é se envolver com a vizinhança, sendo a condição fundamental para avaliar a qualidade do espaço a nossa volta, resultando na possibilidade de construção de espaços mais humanos. Assim como Jane Jacobs convidou durante décadas os cidadãos a sair de suas casas e exercer sua cidadania como uma prática da democracia, a iniciativa procura consolidar essa motivação entre membros da comunidade. As caminhadas Jane’s Walk promovem a ocupação dos espaços públicos de forma que elas possam ser compreendidas através da observação pessoal e coletiva da paisagem urbana, o que finalmente gerado do empoderamento necessário para construir não apenas imaginário coletivo das cidades, mas novas formas de apropriação e usos do espaço urbano.

Jane´s Walk ( Caminhadas Jane Jacobs) foram criadas em 2007 no Canadá para promover as idéias de Jane Jacobs, hoje as caminhadas acontecem em mais de 40 países e centenas de cidades, sempre lideradas por voluntários locais. Cada cidade tem um coordenador local.

Durante a caminhada serão abordados temas e iniciativas que Jane Jacobs abordou em seu livro “Vida e Morte das Grandes Cidades” … A cidade como um grande cenário de práticas sociais, relações de poder, diferenças sociais, a função , ocupação e uso do solo, a infraestrutura, que não valoriza a escala humana, com um crescimento urbano indiferente às necessidades das pessoas, as ruas, o tamanho das calçadas…

Logo após a caminhada faremos um debate no auditório da livraria Martins Fontes sobre o legado de Jane Jacobs com início as 11:30h.

Sobre Jane Jacobs

Jane Jacobs (1916-2006) foi uma escritora, urbanista e ativista que defendeu as vozes das pessoas comuns no planejamento do bairro e na construção de cidades.

As idéias de Jane Jacobs partiam do princípio que a comunidade era o núcleo mais importante da cidade. Juntar a vizinhança para caminhar pelo bairro é uma forma de construir cidades mais humanas e sustentáveis. A caminhada coletiva é segundo Jacobs era instrumento mais importante  para construção da nossa cidadania, porque ela possibilita que as pessoas posssam observar , refletir, compartilhar e questionar o espaço urbano a sua volta e coletivamente reimaginar os lugares em que vivem, trabalham e se divertem.

Jane Jacobs publica seus primeiros textos no jornal New York Herald Tribune , em 1935, aos 19 anos, um ano após ter chegado em Nova York, em plena depressão dos anos 1930.

As ideias de Jane Jacobs sobre cidades caminháveis são mais relevantes do que nunca para os dias de hoje , sua obra mais conhecida “Morte e Vida das Grandes Cidades” lançado em 1961 nos EUA, continua sendo leitura obrigatória para pensadores urbanos, como ela mesmo escreve em suas primeiras linhas “o livro é um ataque ao urbanismo centralizador”, estão lá os conceitos e a importância de cultivar a diversidade, o desenvolvimento do uso misto consistentes com os princípios de planejamento e desenvolvimento de cidades compactas, a mistura de usos da solo para criar lugares economicamente viáveis. Após 57 anos do lançamento nos EUA, suas idéias continuam mais vivas do que nunca, não existe um só autor, planejador urbano ou de mobilidade no mundo que não tenha citado pelo menos uma vez alguma ideia da ativista urbana.


Sobre a Caminhada:
“as coisas são invisíveis
se você não para
para reparar”
Arnaldo Antunes

Como a prática do caminhar pode construir e reconstruir lugares?

Caminhar é como semear e fazer colheitas invisíveis de lembranças e associações que estarão para sempre aguardando pelo nosso retorno, andar é dar significado ao lugar, quando temos a percepção sobre as práticas sociais que flutuam ao nosso redor.

Instruções para caminhada:

O sentido de lugar só pode ser adquirido quando andamos a pé, é neste momento que nos conectamos com os espaços, nosso interior é ligado com o exterior e a cidade deixa de ser uma apenas uma abstração, ela ganha novos contornos, sentidos, cores, vibrações, sons, é a vida acontecendo ao nosso redor. Além do visível, do que podemos enxergar com os nossos olhos, se pararmos para reparar (como nas palavras do Arnaldo Antunes), iremos sentir que os lugares são pequenas cápsulas de tempo e espaço, neste lugar contém histórias, mas como é possível descobrir novas histórias de um lugar? Um lugar sem história é apenas um espaço banal na cidade, mas todo espaço tem uma história, todo o espaço é um lugar para alguém,  são práticas sociais que ficaram impregnadas nos lugares. 

Nós podemos reconhecer as histórias através das camadas do tempo, da arquitetura, da paisagem, colagens, os sons, a vegetação, os fragmentos, os territórios, a separação, resquícios, classes sociais, os movimentos, as ocupações, as interações, o fluxo de negócios, a infraestrutura, os diálogos, o silêncio, as cores, o calor, as sensações, lembranças e associações, as histórias entre outros elementos. Todas estas questões dão sentido para o que chamamos de cidade, de espaço e de lugar.

Debates :

Mesa 1

Raul Juste Lores – Veja SP
Mariana Barros – Esquina
Matthew Shirts – National Geographic
Paula Miraglia – Nexo Jornal ( Mediadora)

Mesa 2

– André Palhano – Virada Sustentável
– Marcos ( Mandarin Mobilize)
– Natalia Garcia – Cidade para as Pessoas

Mesa 3

Debate com autores da Mesa Cidade de Pedestres

Mesa 4

Debate com grupos de caminhantes de São Paulo
Mauro Calliari
Leticia Sabino
Meli Malatesta
Carlinhos Beutel

Mesa de Debate com Jornalistas
11:30 – Legado de Jane Jacobs para as cidades
13:00 – Os Limites do jornalismo e ativismo urbano
14:30 – Debate com autores do livro “Cidade de Pedestres”
Ambos eventos são abertos ao público e gratuito
Inscrições: https://www.sympla.com.br/festival-janes-walk__270525

Maiores detalhes sobre Jane´s Walk: https://www.facebook.com/janeswalksampa/

Serviço:

Caminhada Jane´s Walk São Paulo
Caminhada como prática de construção de Lugares
Dia 06 de maio de 2018 ( Domingo)
Horário: 10h
Local: em frente a livraria Martins Fontes , Av. Paulista , 509 – Tel.: 11 2167.9900
Inscrição:
ou página FB:
mapa: https://www.google.com.br/maps/place/Livraria+Martins+Fontes/@-23.5683017,-46.6487596,15z/data=!4m2!3m1!1s0x0:0xca37f674a69a0c75?sa=X&ved=0ahUKEwjii6iIo6HaAhVChZAKHbDXBEkQ_BIIrgEwCw


Fonte: ENVOLVERDE

Aparelho de startup permite produzir plantas medicinais em casa.

Um equipamento inédito que permite a produção dentro de casa de plantas aromáticas e medicinais. Este é o objetivo de projeto realizado pela startup Aeropônica, Instituto Agronômico (IAC-APTA) e APTA Regional. O trabalho visa o desenvolvimento de um equipamento portátil para produção de plantas dentro de casa, sem o uso de solo. O projeto recebeu financiamento de R$ 160 mil do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Na Agrishow 2018, em Ribeirão Preto, será apresentado o primeiro protótipo do equipamento, com a produção de hortaliças folhosas, pimentas e plantas aromáticas, além de batata-semente. “Por meio da utilização de luz artificial e nebulização é possível produzir diversos tipos de planta, inclusive aquelas que são utilizadas no dia a dia para o preparo das refeições. O principio é a utilização da técnica chamada de aeroponia, desenvolvida em São Paulo pela APTA para a produção comercial de batata-semente”, explica Thiago Factor, pesquisador do IAC.

A aeroponia é uma vertente da hidroponia e consiste no cultivo de planta sem a necessidade de solo ou substrato. No sistema, as raízes ficam suspensas no ar e a planta é alimentada por nebulização de gotículas de água carregadas de nutrientes. A APTA adaptou a tecnologia para produção de batata-semente em São Paulo. Com ela, é possível a produção de quatro vezes mais batata-semente, utilizando 90% menos de água. “Esta é uma tecnologia já adotada por alguns produtores paulistas. Estamos agora adaptando para que ela seja utilizada em domicílios, por pessoas que nunca cultivaram uma planta”, afirma o pesquisador.

A parceria entre a startup, o IAC e a APTA Regional surgiu após o proprietário da Aeropônica, Alex Humberto Calori, finalizar o doutorado na Pós-Graduação IAC em Agricultura Tropical e Subtropical e o estágio na unidade de pesquisa de Mococa. “Percebi que havia demanda de produtos customizados de hidroponia e aeroponia para ambientes indoor. O conhecimento obtido na época do estágio, no mestrado e doutorado no IAC contribuíram para consolidar meus conhecimentos nesses dois sistemas de produção, o que foi fundamental para o desenvolvimento deste produto inovador”, diz Calori.

Este foi o primeiro projeto oriundo da Pós-Graduação do IAC a receber financiamento do PIPE-Fapesp. “Além da pesquisa básica, a Pós-Graduação do Instituto Agronômico trabalha com pesquisa aplicada, que visa o desenvolvimento de produtos e processos passíveis de obtenção de propriedade intelectual e de serem trabalhados em uma empresa”, explica Luis Felipe Villani Purquerio, pesquisador do IAC que foi orientador de Calori no Mestrado e Doutorado.


Fonte: ENVOLVERDE
Quatis se automedicam e transmitem o comportamento entre gerações.
Produtos de limpeza humanos são usados em áreas úmidas e quentes do corpo, onde normalmente se desenvolvem bactérias e fungos – Foto: Halley Pacheco de Oliveira via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 .

É natural ver os quatis sul-americanos esfregar seus corpos com artrópodes, como o piolho-de-cobra, e secreções de plantas. O hábito, acreditam os biólogos, os ajuda a repelir mosquitos e carrapatos. Mas um grupo desses animais, que vive no sul do Brasil, vem se familiarizando com produtos de higiene humana para “automedicação”. É o que aponta estudo da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e da Universidad del Rosario da Colômbia.

Moradores da Ilha Campeche na cidade de Florianópolis, Santa Catarina (SC), esses quatis esfregam sabonetes, sabão em pó e até desengordurante líquido no corpo. “Esses produtos costumam ser deixados por turistas, visitantes e moradores da ilha, que é um local turístico”, explica Aline Gasco, doutora em Ciências pela FFCLRP e uma das autoras do estudo.

O ato de esfregar (chamado de unção) é realizado entre o grupo em sessões que duram de alguns segundos até cinco minutos. Normalmente, usam as patas, boca, nariz e dentes para aplicar o produto na região genital e na cauda, “nessas áreas, úmidas e quentes do corpo, onde normalmente se desenvolvem bactérias e fungos”, afirma.

Para o professor Andrés M. Pérez-Acosta, da Universidad del Rosario, o comportamento pode ser uma nova variação da cultura da automedicação e “uma novidade dentre os carnívoros para aliviar irritação e coceira causadas por ectoparasitas”.
O ato de esfregar (chamado de unção) é realizado entre o grupo em sessões que duram de alguns segundos até cinco minutos – Foto: Quartl via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 .

Além disso, o estudo aponta que esse comportamento de automedicação  existe há mais de uma década e se transformou numa aprendizagem social transmitida entre gerações. “A plasticidade comportamental e motivação em explorar novas situações é característica dos quatis”, diz Aline.

O quati (mamífero carnívoro) não é nativo da Ilha de Campeche. Segundo relatórios não oficiais, um casal adulto da espécie foi capturado na cidade de Palhoça (SC) em 1950 para ser introduzido na ilha. 

“Embora exótica, essa população de quatis oferece uma oportunidade rara de se estudar a cultura da automedicação em animais”, comenta a orientadora da pesquisa, professora Patrícia Ferreira Monticelli. Antes de ser vistos como problema, diz a professora que é preciso melhorar a gestão dos resíduos orgânicos na ilha e o hábito dos turistas de alimentar os animais.

Os pesquisadores propõem o monitoramento desses animais para avaliar “os níveis de infestação ectoparasitária na tentativa de relacioná-la ao uso dos produtos de higiene humanos”. Este trabalho, segundo eles, requer uma abordagem multidisciplinar para entender completamente o “comportamento de automedicação com produtos de limpeza humanos”.

O estudo Ring-tailed coatis anointing with soap: a new variation of self-medication culture? foi publicado no International Journal of Comparative Psychology. Pérez-Acosta foi professor visitante da USP em 2015, quando trabalhou com Aline e Patrícia.

Mais informações: e-mail pmonticelli@ffclrp.usp.br, com Patrícia Monticelli



Limpa Brasil leva educação ambiental para Salvador.

É de conhecimento de todos os grandes problemas que Salvador e outras cidades baianas e nordestinas enfrentam com o descarte irregular de lixo. O pior é que boa parte desse material acaba por ser despejado em lugares impróprios como rios, lagos e terrenos baldios trazendo consequências danosas para o meio ambiente e para a saúde das pessoas. Diante da gravidade do problema, a gestão dos resíduos, a reciclagem e o descarte correto de materiais se torna urgente e imprescindível.

Para que isso aconteça é preciso que as pessoas colaborem, antes de mais nada, jogando o lixo no lixo!

O Movimento Limpa Brasil Let´s do it! com apoio do PEE/ANEEL, Projeto Vale Luz, (Coelba – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) juntamente com o Boca de Brasa e estudantes da escola Escolab vão realizar uma série de ações em Salvador promovendo educação ambiental por meio da limpeza de espaços públicos e da coleta seletiva de materiais. A semana será encerrada com uma manhã inteira de atividades dos estudantes com palestras, recolhimento de material reciclável e depois cadastramento dos alunos e entrega dos resíduos no Vale Luz.

A coordenadora do Movimento Limpa Brasil, Edilaine Muniz considera fundamental a união de esforços, “a parceria da Escolab / Boca de Brasa é muito importante para trabalharmos juntos de maneira educativa a temática do lixo e, dessa forma, mobilizar a sociedade para o grande dia que será o Clean Up Day”. Edilaine ainda destacou a relevância de um projeto como o Vale Luz para o sucesso da ação, pois a ele agrega também o viés econômico “O Vale Luz da Coelba contribui para o processo de continuidade com o correto descarte agregado ao envio desses materiais para a reciclagem e, portanto, contribuindo também para geração de renda”.

Confira a programação das atividades durante toda esta semana:
24/04

Exibição do documentário Lixo Extraordinário para estudantes da Escolab.
23 a 26/04

Oficinas do Escolabrincando com material reaproveitável.
23 a 27/04

Coleta de resíduos domésticos dos estudantes da Escolab para entregar ao ponto do Vale Luz no dia 27.
27/04
9h

Abertura com o Limpa Brasil, apresentação da proposta de mutirão, veiculação dos dois vídeos curtos.
9h30

Fala dos Agentes de Saúde sobre importância do descarte consciente do lixo para evitar a transmissão de doenças.
9h50

Mutirão de coleta com estudantes da Escolab nos arredores da escola.
10h30 – 11h

Entrega de todo o resíduos acumulado durante a semana e no mutirão para o ponto do Vale Luz. Cadastramento dos estudantes no Vale Luz.

Fonte: ENVOLVERDE

Gerdau lança programa de biocombustíveis a partir do óleo caseiro.

No último mês, a Gerdau anunciou o lançamento do programa Bionergia Social, parceria da empresa com a startup Bchem Biocombustíveis, que participa do Acelera Mestrado e Doutorado da FIEMG Lab. O programa tem o intuito de orientar a população sobre os problemas causados pelo descarte incorreto do óleo, gerar emprego e renda, bem como produzir energia renovável, de forma inovadora, a partir da coleta do material e posterior transformação em biodiesel.

As cidades que recebem o programa, neste primeiro momento, são: Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Itabirito, Moeda, Ouro Branco e Ouro Preto. Depois, expandirá para Belo Vale, Mariana e Santana do Paraopeba.

Em sua primeira fase, o Bionergia Social desenvolverá uma série de atividades educacionais com a comunidade das cidades onde será implementado. Escolas, estabelecimentos comerciais, associações e outras entidades vão receber palestras de conscientização sobre as consequências do descarte incorreto do óleo, que afeta redes de esgoto, represas, rios, oceanos e solo. Com isso, ocorrem entupimentos e altos níveis de poluição, o que compromete a cadeia alimentar aquática, eleva pragas urbanas (ratos e baratas), problemas de higiene e mau cheiro, além de causar danos irreparáveis ao meio ambiente.

Restaurantes, bares, pastelarias, padarias, hospitais, escolas e outros estabelecimentos interessados poderão se cadastrar, por meio da página do Facebook do programa , para receberem gratuitamente um coletor de óleo e se tornarem ponto de coleta para a população. O recolhimento do óleo usado será realizado de forma gratuita pela startup Bchem Biocombustíveis.

Na segunda etapa, com previsão para o segundo semestre de 2018, terá início a produção do biodiesel pela startup, por meio de um processo inovador, que não gera resíduos. Após validações, o combustível será utilizado em equipamentos. A estimativa de produção de óleo de soja no Brasil para 2018 é de 8,5 milhões de toneladas, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Desse montante, menos de 1% é reciclado.

Cada um litro de óleo despejado diretamente no meio ambiente contamina até 25 mil litros de água. No processo de tratamento de água para consumo, o descarte incorreto do óleo representa um aumento em até 45% do custo.

Fonte: ENVOLVERDE

terça-feira, 24 de abril de 2018


Aplicativo ajuda a encontrar animal que foge de casa.

Um aplicativo pode auxiliar a encontrar o animal que fugir de casa. Como os gatos podem passar dias longe do lar, sem que se saiba onde estão e se estão bem. Cachorros têm mais dificuldade de encontrar o caminho de volta para casa e podem ser tomados como um animal de rua, quando possuem donos à sua espera.

Essa aflição é solucionada de uma forma simples: por meio do aplicativo Petworking, fundado pelo administrador Helder Klaar. A ideia veio da observação do empresário que notou que muitos usuários das redes sociais postavam sobre animais perdidos. “Se eu perdi meu cachorro e uma pessoa que mora a dez quadras de mim não me conhece, como vai saber que é meu pet?”, indagou Helder. E foi assim que concebeu o app em julho do ano passado, para que todos os donos de animais se ajudem numa rede solidária específica para isso.

O aplicativo, que também conta com a sociedade do empresário Paulo Joanello, é simples de utilizar: os donos criam perfis dos seus animais com informações detalhadas das suas características físicas e comportamentais. Assim, em caso de perda ou sumiço, a comunidade Petworking, numa ação em rede, ajuda a encontrar os bichinhos desaparecidos. Outro benefício do app, é que a plataforma faz uma ponte entre quem tem um bichinho para doar e quem quer adotar. O aplicativo também indica pet shops, clínicas 24h, adestradores e hotéis parceiros localizados perto do usuário, tudo para facilitar a vida de quem ama e cuida do seu bichinho.

Fonte: ENVOLVERDE

Professor da USP explica os efeitos da hipertensão.

A hipertensão é uma doença que atinge muitos brasileiros, sem nenhuma distinção. Apesar de ter diversas causas, algumas não podem ser evitadas, como a questão de genética, sexo, idade e até mesmo etnia. Cardiologista e professor da USP, o especialista Augusto Scalabrini Neto aponta que o ideal é se manter atento e fazer exames de rotina para saber se há ou não chances de ter o problema ao longo da vida.

A doença, que age danificando o coração e o sistema arterial, faz com que o sangue seja bombeado com mais força pelas artérias, que estão mais contraídas, gerando resistência cardiovascular. “A pressão arterial está diretamente ligada com o bombeamento de sangue no coração e por isso pode causar complicações em vários órgãos do corpo, como o próprio coração, rins, olhos e o cérebro”, explica o professor da USP.

No entanto esses sintomas costumam aparecer apenas em estágio avançado da condição, fazendo com que as pessoas não percebam que há um problema, o que agrava ainda mais a situação.

Para saber se há ou não alguma complicação, o primeiro passo é realizar o exame de pressão. Algumas pessoas recebem um diagnóstico inexato por não estarem habituados com a medição. Por isso, para medir a pressão arterial de forma correta é necessário estar calmo, não ter feito esforço físico ou ingerido alimentos ou bebidas alcoólicas nos últimos minutos. Até mesmo cruzar as pernas ou falar pode influenciar e gerar um resultado errôneo do exame.

Cerca de 35% da população brasileira é hipertensa e a doença pode surgir como consequência de sedentarismo, obesidade, estresse e excessos de sal, álcool e tabagismo. “As chances de desenvolver hipertensão aumentam ainda mais se houver uma combinação desses fatores, que separados já são um perigo para saúde do coração e todos os órgãos do corpo são afetados direta ou indiretamente”, comenta.

Além dos tratamentos medicamentosos, a principal maneira para controlar a hipertensão é a mudança de estilo de vida. “As mudanças podem ser feitas gradualmente, mas a doença é um resultado da forma como as pessoas vivem, por isso é importante começar o tratamento o mais cedo possível”, recomenda Dr. Augusto.

Para as pessoas acima do peso, é importante saber que cada quilo perdido ajuda a diminuir essa fragilidade. A dieta passa a levar um pouco menos de sal, gorduras e processados. O hipertenso deve optar por alimentos cozidos ou grelhados, além de temperos naturais. Começar a praticar exercícios físicos também é um grande auxílio nesse processo. Por outro lado, é importante estar atento com o psicológico, problemas do cotidiano podem fazer com que o estresse e o nervosismo sejam algo normal, mas administrar contratempos com tranquilidade melhora a vida em todos os setores.

Fonte: ENVOLVERDE

Poluentes de vida curta ameaçam clima, saúde e produção agrícola na América Latina, diz ONU.

Até 2050, se adotarem medidas para combater os poluentes de vida curta, países da América Latina e do Caribe poderão reduzir em 0,9ºC o aumento da temperatura regional.

A estimativa é de um relatório divulgado neste mês (19) pela ONU Meio Ambiente, que alerta para os riscos à saúde, à natureza e à produção agrícola de substâncias como o metano, o carbono negro, os hidrofluorocarbonos (HFC) e o ozônio.

Na imagem, poluição atmosférica na cidade de São Paulo. Foto: Flickr/Thomas Hobbs (cc)

Até 2050, se adotarem medidas para combater os poluentes de vida curta, países da América Latina e do Caribe poderão reduzir em 0,9ºC o aumento da temperatura regional. A estimativa é de um relatório divulgado neste mês (19) pela ONU Meio Ambiente, que alerta para os riscos à saúde, à natureza e à produção agrícola de substâncias como o metano, o carbono negro, os hidrofluorocarbonos (HFC) e o ozônio.

A pesquisa da agência das Nações Unidas aponta que reduções desses compostos químicos poderiam provocar uma queda de 26% no número de mortes prematuras causadas pela poluição do ar por partículas finas. Quando considerados os óbitos associados à contaminação por ozônio, o índice poderia chegar a 40%.

A ONU Meio Ambiente estima que, em 2010, 64 mil pessoas morreram na América Latina e no Caribe devido à exposição a esses materiais.

Estratégias para mitigar os poluentes de vida curta também permitiriam evitar perdas anuais de 3 a 4 milhões de toneladas de cultivos básicos.

De acordo com o levantamento, em 2010, o ozônio foi responsável por um prejuízo de 7,4 milhões de toneladas em produtos agrícolas, como soja, milho, trigo e arroz.

Segundo a análise da ONU, até 2050, a mortalidade prematura, associada às partículas finas e ao ozônio, poderá dobrar. Já as perdas da agricultura poderão alcançar 9 milhões de toneladas por ano.

Ozônio

O ozônio é um gás que se forma tanto nas altas camadas da atmosfera (a estratosfera), como nas baixas (a troposfera). Na estratosfera, a substância protege a vida terrestre da radiação ultravioleta do sol. Mas na troposfera, ela atua como um poluente perigoso. O ozônio é um dos principais componentes de névoa urbana e o terceiro maior causador do aquecimento global, atrás apenas do metano e do gás carbônico. Pesquisas associaram o contato com a substância a índices mais altos de infartos, acidentes vasculares cerebrais, doenças cardiovasculares e problemas reprodutivos e de desenvolvimento. O gás também reduz o rendimento das safras e a qualidade e produtividade das plantações.

Podendo permanecer na atmosfera desde horas até dias, o ozônio é considerado um poluente secundário, pois não é emitido diretamente por uma atividade humana. Na verdade, a substância se forma quando gases precursores, como o metano, o monóxido de carbono e o óxido de nitrogênio, reagem na presença da luz solar. Por isso, é tão importante reduzir as emissões de metano.

A ONU Meio Ambiente lembra que o potencial de aquecimento atmosférico dos poluentes de vida curta é bem mais alto que o do gás carbônico, podendo atingir um valor mil vezes maior que a taxa atribuída ao dióxido de carbono.

A agricultura, o transporte e a refrigeração doméstica e comercial são, respectivamente, os maiores responsáveis pelas emissões de metano; carbono negro e partículas tóxicas finas; e hidrofluorocarbonos.

Soluções


O relatório das Nações Unidas apresenta medidas para diminuir as emissões desses compostos que desregulam o clima e ameaçam a vida no planeta.

Para combater o metano, são necessárias mudanças em quatro setores-chave – produção e distribuição de petróleo e gás, gestão de resíduos, mineração de carvão e agricultura. A pesquisa recomenda práticas de captura e uso dos gases liberados na produção de petróleo e gás; separação e tratamento dos resíduos sólidos municipais que sejam biodegradáveis; e captura do biogás proveniente do esterco do gado.

Até 2050, estratégias poderiam reduzir em 45% as emissões de metano.

Metano


O metano é o segundo gás com maior impacto sobre o aquecimento do planeta, depois do gás carbônico. A América Latina e o Caribe respondem por aproximadamente 15% de todas as emissões dessa substância. Quase todo o metano liberado na atmosfera vem de três setores: agricultura (cerca de 50%); produção e distribuição de carvão, petróleo e gás (em torno de 40%); e gestão de resíduos (por volta de 10%). O gás permanece na atmosfera por aproximadamente 12 anos e é considerado um importante precursor do ozônio.

O volume de carbono negro liberado nos países latino-americanos e caribenhos também pode ter queda considerável – de 80% – até 2050. Para isso, governos devem adotar normas equivalentes ao padrão europeu para regular os veículos a diesel, além de incorporar filtros para as partículas liberadas pelo combustível nesses automóveis.

Outras iniciativas exigidas são a eliminação dos veículos de altas emissões; a modernização de cozinhas e estufas; e a proibição da queima a céu aberto de resíduos agrícolas.

No caso dos hidrofluorocarbonos, a ONU Meio Ambiente recomenda a substituição desses compostos por alternativas que não tenham impacto sobre as variações do clima. Os HFCs são usados principalmente nos sistemas de refrigeração e ar condicionado, bem como na confecção de espumas isolantes e mecanismos de disparo aerosol. Até 2020, o consumo dessas substâncias deverá dobrar. Uma vez no ambiente, elas permanecem de 15 a 29 anos na atmosfera.

“Muitos países já estão implementando medidas para eliminar as emissões procedentes dos setores de transporte e energia, mas sua aplicação não é uniforme na região”, avalia a chefe da Secretaria da Coalizão Clima e Ar Limpo, Helena Molin Valdés.

“Políticas públicas mais exigentes e um maior controle da contaminação podem impulsionar os incentivos econômicos e os benefícios para a ação climática, a saúde, a agricultura e o desenvolvimento sustentável. É essencial agir rapidamente.”

Carbono negro


O carbono negro é formado a partir da combustão incompleta de combustíveis fósseis ou biocombustíveis. A substância contribui para a produção de partículas finas, associadas a doenças pulmonares e cardiovasculares, derrames, infartos, patologias respiratórias crônicas, como bronquite, e agravamento da asma.

A América Latina e o Caribe são responsáveis por menos de 10% do total global de emissões de carbono negro geradas pelo homem, excluindo da estimativa os incêndios florestais e em regiões de savana. O transporte e a queima residencial de combustíveis sólidos para o preparo de alimentos e aquecimento residencial são a causa de 75% das emissões na região. Mais de 60% delas vêm do Brasil e do México.

Para o diretor da ONU Meio Ambiente para a América Latina e o Caribe, Leo Heileman, nações devem se inspirar nas soluções apresentadas pelo levantamento.

“Se os países da região as adotarem, contribuirão para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo do limiar de 2ºC estabelecido no Acordo Climático de Paris”, afirmou o representante do organismo internacional.

O relatório Avaliação Integrada dos Poluentes Climáticos de Vida Curta é o primeiro do tipo elaborado pela agência das Nações Unidas e reúne trabalhos de 90 autores, coordenados por um grupo de especialistas. A publicação foi lançada pela ONU em parceria com a Coalizão Clima e Ar Limpo.

Acesse o documento na íntegra clicando aqui.

Fonte: ONUBr

Desenvolvida enzima que degrada garrafas PET.

Metade da produção anual brasileira de PET, estimada em 550 mil toneladas, não é reciclada e tem como destino os aterros, lixões e rios, gerando um sério problema ambiental para o país. No mundo, o quadro é ainda mais grave: cerca de oito milhões de toneladas de recipientes plásticos são lançadas todos os anos nos oceanos. Descoberta recente de um grupo internacional de cientistas, com participação de especialistas da Unicamp, pode contribuir para minimizar esse tipo de poluição. Os pesquisadores desenvolveram uma enzima, denominada PETase, que degrada com eficiência o PET. A substância divide o material polimérico em pequenas unidades, favorecendo assim a sua reciclagem.

O grupo responsável pelo estudo reúne pesquisadores da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), do Laboratório Nacional de Energias Renováveis (NREL, Estados Unidos) e da Unicamp, mais especificamente do Centro de Pesquisa em Engenharia e Ciências Computacionais (CCES, na sigla em inglês – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiados pela Fapesp), sediado no Instituto de Química (IQ) da Universidade. Participaram diretamente da pesquisa o pós-doutorando Rodrigo Leandro Silveira e seu supervisor, o professor Munir Skaf, que também responde pela direção do CCES e pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). Rodrigo conta que o trabalho teve início após a descoberta, por uma equipe japonesa, em 2016, de uma bactéria encontrada na natureza batizada de Ideonella sakaiensis.

Ao analisar o organismo, os japoneses constataram que ele utilizava o PET como fonte de energia. 

Numa linguagem mais popular, a bactéria “devorava” o plástico em poucos dias, processo que a natureza levaria dezenas de anos para fazer. Os cientistas verificaram também que a responsável pelo processo de degradação do polímero era a PETase. A partir desse ponto, a investigação entrou numa segunda etapa, envolvendo os outros três centros de pesquisa. “Inicialmente, foi feito um esforço para obter a estrutura tridimensional da enzima e, posteriormente, coube à equipe da Unicamp utilizar modelos computacionais para entender seu funcionamento em nível molecular”, explica Silveira.

Um dos procedimentos adotados, segundo o professor Skaf, foi comparar a PETase a outras enzimas muito parecidas do ponto de vista molecular, mas que não têm a capacidade de degradar plástico. O objetivo era estabelecer claramente a diferença de comportamento dinâmico entre as enzimas, ampliando dessa maneira o entendimento sobre o mecanismo utilizado pela “devoradora” de PET. “Uma ideia que surgiu desses estudos, ainda na tentativa de entender melhor essa questão, foi modificar geneticamente a PETase e torná-la mais similar a uma cutinase, enzima que não degrada eficientemente polímeros como o PET. Isso foi feito, mas durante os ensaios nossos colegas de Portsmouth constaram que ocorreu justamente o contrário, ou seja, a enzima foi melhorada”, relata Silveira.

Fonte: Unicamp

Opas defende ícones de advertência nutricional em alimentos brasileiros.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) voltou a defender, durante o 25º Congresso Brasileiro de Nutrição (CONBRAN 2018), a aplicação de ícones frontais de advertência nutricional nos rótulos de alimentos no Brasil. O tema está sendo analisado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com a participação de diversas instituições.

“Recomendamos aos países da região das Américas, de forma sistemática, a adoção do modelo de advertência frontal”, afirmou a coordenadora da Unidade de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Katia de Pinho Campos.

“A OPAS defende que os rótulos de alimentos processados e ultraprocessados informem de maneira direta e rápida ao consumidor se há excesso de sódio, açúcar, gordura total, gordura trans, gordura saturada e/ou adoçantes.”

O organismo internacional propôs ao Brasil, inicialmente, a adoção do mesmo formato de selo de advertência que já havia se mostrado eficaz no Chile: um octógono, com fundo preto e letras brancas, que informe sobre o alto teor desses nutrientes críticos da seguinte forma: “muito açúcar”, “muito sódio”, “contêm adoçantes”, “muita gordura saturada”, entre outros.

Porém, a OPAS passou a apoiar neste ano o modelo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) após a entidade apresentar novos estudos científicos (ainda em vias de publicação) mostrando que os brasileiros conseguiam identificar melhor um produto com excesso de nutrientes críticos quando viam outro formato na parte frontal da embalagem: triângulo, com fundo preto, letras brancas, inserido dentro de um retângulo branco (ou acinzentado) e com mensagens que informassem: “alto em açúcar”, “alto em sódio”, entre outros. O modelo do IDEC usa como parâmetro o Perfil Nutricional da OPAS.

“Estamos juntos com a sociedade civil para implementar os compromissos que o Brasil assumiu para frear o crescimento da obesidade e melhorar a nutrição. Pessoas em situações de vulnerabilidade, populações específicas, e crianças são as que mais sofrem com a falta de clareza dos rótulos e com os elementos de persuasão”, disse Katia.

“Nós, consumidores, estamos sendo bombardeados com uma quantidade absurda de produtos processados e ultraprocessados, nunca visto antes: produtos diet, ‘fit’, light, integral, ditos caseiros”, avaliou.

Fonte: ENVOLVERDE

quarta-feira, 18 de abril de 2018


Memória Terramérica – Amazônia Azul, a nova fronteira brasileira.

por Fabíola Ortiz, especial para o Projeto Terramérica
Rio de Janeiro, Brasil, 27 de abril de 2015 (Terramérica) – O Oceano Atlântico é a última fronteira no leste do Brasil, mas ainda é uma incógnita a dimensão total de sua biodiversidade, e a pesquisa científica e a proteção em torno dela segue atrasada com relação à exploração de recursos como o petróleo.

A Amazônia Azul, como as autoridades brasileiras chamam essa região rica em biodiversidade e recursos energéticos de seu mar patrimonial, possui área semelhante à da selva tropical brasileira ou cerca de metade do território continental do país. Por essa costa também saem 95% das exportações brasileiras, segundo dados oficiais.

A plataforma marítima brasileira guarda 90% das suas reservas petrolíferas provadas e 77% das gasíferas. E o grande desafio é proteger as riquezas da Amazônia Azul ao longo dos 8.500 quilômetros de costa.
Um petroleiro navega na baía de Guanabara, na costa do Rio de Janeiro. A cerca de 250 quilômetros da costa fica uma jazida de petróleo pré-sal, a grande riqueza econômica da chamada Amazônia Azul. 

Foto: Fabíola Ortiz/IPS

“Não nos fixamos na grandiosidade desse território. Para se ter uma ideia, a Amazônia Azul se compara ao tamanho da Índia”, afirmou ao Terramérica o diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Eurico de Lima Figueiredo. Para este cientista político, “não estamos preparados para cuidar dela, mesmo sendo considerada uma prioridade política e econômica do país”.

Figueiredo, que presidiu a Associação Brasileira de Estudos de Defesa entre 2008 e 2010, assegurou que a Amazônia Azul é uma expressão que busca denominar territórios vinculados aos novos tratados do direito marítimo internacional. O Brasil está entre os dez países do mundo com maior plataforma continental, em um oceano como o Atlântico, que mantém oculta uma incalculável riqueza marinha, com grandes potencialidades econômicas, científicas e tecnológicas.

Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de cada país inclui seu mar territorial, de 12 milhas náuticas desde a linha de base, a zona contígua, que chega até as 24 milhas, e o mar patrimonial, que alcança até 200 milhas náuticas (370 quilômetros lineares). No caso do Brasil, a ZEE originalmente superava os 3,5 milhões de quilômetros quadrados.

A esse território o país solicitou o acréscimo de outros 963 mil quilômetros quadrados, que diferentes instituições nacionais, incluídas as científicas, reivindicam, argumentando que representam o seguimento natural do talude de sua plataforma continental. A Comissão de Limites da Plataforma Continental da Convenção, formada por 148 países, até agora deu razão ao Brasil na incorporação à sua ZEE de 771 mil quilômetros quadrados, enquanto permanece pendente a decisão sobre o restante.

A reivindicação brasileira, ao menos na expansão da plataforma concedida até agora, atende os requisitos da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) e dá ao país beneficiado poder para explorar os recursos existentes na área ampliada e o obriga a manter responsabilidades em seu manejo.

O reconhecimento a favor do Brasil, ainda que não seja total, não deixa de levantar desconfiança entre alguns vizinhos, pelos imensos interesses econômicos na plataforma continental adicional concedida.
Figueiredo explicou que agora o grande desafio é monitorar e proteger sua plataforma marítima. “Não temos plena soberania em relação aos territórios marítimos. A sociedade brasileira não sabe da necessidade e importância de se proteger a Amazônia Azul. Há uma grande carência em relação às nossas necessidades”, ressaltou.

Em 2005 foi aprovado um plano de modernização da Marinha com investimento estimado em US$ 30 bilhões até 2025. A defesa de um país é complexa, segundo Figueiredo, pois reúne dimensões como a militar, a econômica ou a técnica e a científica.

Atualmente, a velocidade com que são explorados os recursos marinhos – como os hidrocarbonos situados sob uma camada de sal de mais de dois mil metros, a 250 quilômetros da costa e a sete mil metros de profundidade – é muito mais rápida do que o ritmo das pesquisas científicas. Os depósitos de pré-sal, descobertos há uma década, colocariam o Brasil entre os dez países com maiores reservas de hidrocarbonos do mundo, enquanto já fornecem 27% dos mais de três milhões de barris equivalentes de petróleo e gás que o país produz por dia.

“Essa região pertence ao Brasil. O país assumiu compromissos junto à ONU para monitorar e estudar os recursos vivos e não vivos, como petróleo, gás e minérios. Se não a preservarmos, vamos perder essa grande riqueza”, pontuou ao Terramérica o oceanógrafo David Zee, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em sua opinião, o Brasil está longe de cumprir os compromissos assumidos junto à comunidade internacional.

“A ONU nos impõe deveres e pesquisa científica. Temos que tratar com mais cuidado nossos recursos marinhos”, afirmou Zee. Além da riqueza hidrocarbonífera, em grande parte da ZEE se sobrepõe o bioma da Mata Atlântica, que se estende por 17 Estados brasileiros, 14 deles costeiros.

A organização SOS Mata Atlântica afirma que as zonas costeiras e marinhas representam a transição ecológica entre ecossistemas terrestres e marinhos, como mangues, dunas, escarpas, baías, estuários, arrecifes, corais e praias. A riqueza biológica desses ecossistemas converte as áreas marinhas em grandes “viveiros” naturais. Além disso, o litoral é composto por águas frias ao sul e quentes a nordeste, contribui para a diversidade biológica e dá abrigo a numerosas espécies de fauna e flora.

Entretanto, só 1,5% da zona marítima brasileira está sob alguma figura de proteção, ressalta a organização. Nesse contexto, assegurar a soberania nacional sobre as águas jurisdicionais ainda é um grande desafio político e militar. Em março, cerca de 15 mil militares e 250 embarcações e aeronaves da Marinha brasileira participaram da Operação Amazônia Azul, a maior já realizada em suas águas patrimoniais.

“Esta foi uma oportunidade de capacitação para garantir a segurança da navegação, a repressão a crimes e o patrulhamento em alto mar. A missão abrangeu toda a extensão territorial do Brasil”, disse à IPS o capitão de corveta Thales da Silva Barroso Alves, comandante de um dos três patrulheiros oceânicos que o país possui para monitorar a Amazônia Azul.

Essas embarcações fiscalizam a muito extensa costa em “áreas de grande interesse econômico, exploração e acidentes. A pesca ilegal também é recorrente”, ressaltou Thales. O capitão afirmou que a extração dos recursos do mar deve ser feita de forma “consciente e sustentável”, com a finalidade de preservar a biodiversidade.

O cientista político Figueiredo compartilha desse ponto de vista. “Defender a Amazônia Azul passa por nossa capacidade de desenvolver meios técnico-científicos para proteger a biodiversidade nessa área tão extensa”, enfatizou. Envolverde/Terramérica
* A autora é correspondente da IPS.

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Artigo produzido para o Terramérica, publicação ambiental que circulou de 1995 a 2015 em toda a América Latina e Caribe – projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.


Fonte: ENVOLVERDE

A luta por um bosque no meio do concreto e asfalto.

Por Vagner Luis Camilotti*
Pense em um dia quente de verão, de sol de rachar a cabeça, o corpo quente, aquela sensação desconfortável do sol e do calor no corpo que se esgota fisicamente e você ainda tem que andar quadras e quadras até o teu destino. Agora lembre da sensação de quanto chegas numa rua arborizada, com aquela sombra que refresca o corpo – a diferença de temperatura pode chegar a cinco graus –, na qual o corpo se sente revigorado e que quer evitar o sol a todo custo agora ao sentir o frescor da sombra e sem também aquele brilho ofuscante da rua e da calçada. Esse é um exercício simples que tenho certeza ter sido vivenciado por qualquer pessoa.

Com isso em mente, às vezes soa inimaginável para alguns que se precise de argumentos para se preservar pedaços de uma natureza já em frangalhos. Para outros, ainda mais desconcertante é a ideia de que as únicas áreas verdes urbanas ainda passíveis de contribuir para a qualidade de vida estejam sob o risco de serem transformadas em estacionamentos, indo na direção oposta de movimentos de redução do uso de carros e combustíveis fósseis e da recomendação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) para o plantio de bosques urbanos com o fim de tornar as cidades mais sustentáveis, agradáveis e resilientes às mudanças climáticas. Surge a questão de quando o interesse privado deve superar o interesse coletivo, uma vez que estamos falando de uma área privada que já até ganhou de seus vizinhos o nome carinhoso de Bosque Betânia, em São José dos Campos (SP).

A visão da importância do bosque, uma área de 8,496 m2, tem sido resumida na discussão burocrática do corte de 430 árvores, sendo 274 de espécies nativas e 156 de espécies exóticas e de que todos os requisitos legais foram atendidos, como o plantio de 2,7 mil mudas em uma área de 16 mil m2 de fazenda da própria empresa. Toda a complexidade das relações sociais e ambientais envolvidas na causa assim são analisadas pela empresa e pelos órgãos licenciadores do município e do Estado.

Nisso, ignoram-se fatos como a saúde e bem-estar humano e da fauna que lá reside e utiliza para se perpetuar em um ecossistema duramente impactado como é o ambiente urbano. Áreas como essa em questão servem como amortecedores do impacto da urbanização sobre a biodiversidade e mesmo para a saúde das próprias pessoas. Tornam-se refúgios em meio à adversidade para ambos, fauna e humanos, sem esquecer, lógico, das próprias espécies vegetais reduzidas na discussão a “430 indivíduos”. Deixa-se de fora desse debate todas as demais espécies e indivíduos menores que não entram no que se chama de medida de diâmetro à altura do peito (DAP) que se considera nesses inventariamentos, que em geral é 5 cm de diâmetro. Tudo o que não tiver esse diâmetro não entra na contagem. Se não for espécie lenhosa também, como bromélias, orquídeas, outras epífitas, herbáceas etc. não entram na contagem. No fim, acabam sendo muito mais do que as 432 árvores que serão suprimidas, talvez sejam mais de mil indivíduos e tantas outras espécies subvalorizadas meramente por uma questão legal.

Fauna
No tocante à fauna, também não se sabe quem por lá anda. Vê-se comentários nas redes sociais de jacus, gambás, esquilos, espécies mais simbólicas e mais facilmente observáveis. Porém, as menores espécies, principalmente de aves, acabam passando despercebidas até em função do pequeno conhecimento popular sobre a existência de muitas dessas. Por exemplo, em um estudo que venho realizando no Parque Vicentina Aranha, o número de espécies chegou a 80. Oitenta espécies que usam o parque para se alimentar, reproduzir ou mesmo como um ponto de parada no movimento que fazem pela área urbana. O mesmo deve ocorrer com o bosque da Betânia. É uma área considerável com um dossel bem formado quando vista por imagens aéreas e que aparenta, por fotos, ter uma estrutura vertical muito funcional para a reprodução e permanência das espécies de aves. Essa área provavelmente está servindo para manutenção de muitas espécies animais no ambiente urbano circundante e, num processo conhecido como metapopulações, indivíduos de uma espécie podem usar o local para se reproduzir e depois vagar pela área urbana colonizando outras áreas verdes e mesmo recolonizando a área em questão. Assim, indivíduos do bosque da Betânia podem acabar por enriquecer o Vicentina Aranha, por exemplo, e vice-versa, já que o corredor de árvores das vias urbanas cria essa conectividade para muitas espécies que consigam se movimentar nesses ambientes.

Isso, no entanto, diz respeito ao que ocorre para os processos ligados à biodiversidade. E o que diz respeito à nós, seres humanos? Se o poder público tem interesse em vários aspectos do bem-estar social, deve saber que áreas verdes urbanas são essenciais para a qualidade de vida de uma cidade. 

Numa simples pesquisa no Google aparecem milhares de estudos científicos sobre o tema e cidades mais avançadas em termos de gestão urbana e qualidade de vida já possuem projetos para enriquecer o espaço urbano com verde ao invés do cinza.

Serviços ambientais
Quando se ignora os processos ecológicos locais na tomada de decisão e se segue cegamente uma lei que ignora tais processos e permite que uma área seja suprimida e compensada por outra localizada em certos casos até a dezenas de quilômetros de distância, perde-se fatores que são responsáveis por condições de ambiência locais e que não poderão ser compensados de outra forma.

A falta de visão de empresários e políticos – e mesmo da população em geral – do que se conhece por sistemas complexos (um ambiente urbano é um sistema complexo) é que mostra que não há uma compreensão desses atores sociais das condições que temos hoje no planeta, condições que permitem a vida e que são dependentes dos elementos nele existente no presente e mesmo em função de elementos que existiram no passado. Ou seja, temperatura, padrão de chuvas, ventos, por exemplo, são dependentes da existência de todo o complexo de interação entre os elementos vivos (plantas, animais, bactérias, fungos) e o ambiente físico (águas, rochas, atmosfera etc.). Essa relação é sintetizada na famosa Teoria de Gaia. Dessa maneira, quando se mexe em qualquer um desses elementos, todo o sistema é afetado e nele há o que se chama de limiares de mudança – ou até em que ponto se pode mexer sem que ocorram mudanças drásticas no sistema e que resulte em condições diferentes das que vivenciamos hoje (ver o caso da Amazônia). As florestas, por exemplo, são essências na regulação climática e do ciclo hidrológico. Nesse sentido, pode-se pensar que suprimir uma pequena área como essa do bosque da Tívoli pode não ter efeitos consideráveis no todo, mas terá sim num contexto de microescala, ou melhor, no microclima local do bairro e em outros fatores que discorro abaixo.

Quando se fala em ambiente urbano, alguns conceitos – se exótica ou nativa – podem e talvez precisam deixar de ser importantes quando analisadas as funções sistêmicas que desempenham no ambiente. Se a espécie em questão é exótica ou nativa na hora de decidir pelo corte ou não, num contexto urbano essa questão não deveria ser tão relevante para se decidir o fim da árvore (especialmente se não for uma espécie exótica considerada invasora), mas sim a função que aquele indivíduo está desempenhando no ambiente. Essa é uma opinião pessoal baseada no conhecimento de processos ecológicos e de conservação de espécies da biodiversidade e que deveria entrar na pauta de discussão sobre a legislação dos ecossistemas urbanos. No bosque da Tívoli, uma proporção considerável é exótica (eucalipto) e isso tem sido usado como argumento a favor do corte na área. No entanto, o papel que esses eucaliptos desempenham na ambiência da área acaba sendo negligenciado pelo simples fato de ser um eucalipto. Em termos de serviços prestados, nesse caso em particular, os eucaliptos estão prestando tanto quanto as nativas.

No contexto geral, o bosque com suas diferentes espécies e indivíduos, contadas nas suas 432 previstas para corte e mais as não contatas, podem estar contribuindo para reduzir a temperatura em seu entorno em até quatro graus se comparado com bairros desprovidos de vegetação pela liberação de vapor de água, sombra provida e pela absorção de raios solares (70-80%), além de contribuírem no controle de águas pluviais. Contribuem da mesma forma exóticas e nativas para a filtragem de material particulado emitido nas vias públicas pelos veículos – a área está junto ao anel viário e próxima à Dutra – e também para abafar o som dos carros. Além disso, estima-se que são necessárias 130 árvores com 30 anos para fixar os 4.500 kg de CO2 que produziu apenas um carro que percorreu seus 200.000 km e que quanto mais velha a árvore, mais ela absorve CO2. Embora os efeitos possam ser meramente locais, os ganhos são sociais e abrangentes. Basta ver a relevância do Parque Vicentina Aranha e do Santos Dumont, que além de servirem de refúgio para a população Joseense, também embeleza a cidade e o bairro onde se encontram e, de uma forma que pode ser positiva ou negativa, contribuem para a valorização dos imóveis da região (de 10 a 15% de acréscimo no valor do imóvel).

Saúde
Uma área verde vai além de benefícios ambientais. Morar a uma distância de 300 m de áreas verdes parece ter benefícios significativos para as pessoas. Estudos apontam que a presença de árvores nas vias urbanas e áreas verdes diminuem a obesidade (já que as pessoas se sentem estimuladas a praticarem exercícios físicos) e também o uso de antidepressivos; mulheres grávidas tendem a ter uma pressão sanguínea menor e crianças a ter menores chances de alergias e problemas comportamentais. A simples presença de árvores próximas de escolas e hospitais e vistas de suas janelas faz com que os alunos aumentem o seu rendimento escolar e que pacientes se recuperem mais rapidamente de cirurgias.

A redução da poluição atmosférica – responsável por mortes que ultrapassam aquelas por água contaminada e doenças infecciosas – pela retenção de material particulado nas folhas, ramos e troncos das árvores pode resultar numa economia de US$ 60 milhões em custos de saúde pública. A lista de doenças que podem ter seus desenvolvimentos amenizados pela presença de áreas verdes é enorme. Os efeitos positivos vão além e podem fazer com que as pessoas tenham uma resposta positiva equiparável a se sentir sete anos mais jovem ou mesmo ter a percepção de bem-estar equiparável a um aumento de 10 mil dólares no rendimento anual – elas se sentem mais felizes apenas vivendo em uma rua arborizada. Como disse Marcos Buckeridge (USP), “se uma pessoa viver em uma região arborizada, provavelmente terá o tempo de vida prolongado”. Isso leva à conclusão de que plantar árvores no meio urbano é uma medida básica de saúde pública e há argumentos de que parte dos fundos necessários para arborização urbana poderiam vir do setor da saúde como um investimento de médio a longo prazo em prevenção dessas doenças.

Segregação urbana
A SOS Mata Atlântica aponta que 72% da população brasileira (~145 milhões de pessoas) vivem nas cidades da Mata Atlântica e que em torno de 90% dessas pessoas residem na área urbana. No entanto, há uma relação perversa no ambiente urbano (não exclusivo apenas no Brasil): pessoas com menor renda e geralmente negras residem em áreas com menor arborização nas ruas e tem menos acesso às áreas verdes urbanas. Tanto é um fato global que a presença de áreas verdes e ruas arborizadas pode ser considerada como uma proxy de riqueza ao se avaliar a qualidade de vida nos bairros de uma cidade. Assim, além das periferias sofrerem com a falta de acesso a um sistema de saúde de qualidade, ainda sofrem os efeitos físicos e psicológicos de um ambiente insalubre.

Esse é um assunto sério e que é deixado sempre em segundo ou terceiro plano no planejamento urbano. É sério quando se observam os dados referidos ao longo desse texto. Como escreveram Marcia Hirota e Evangelina Vormittag, “uma política bem feita na área ambiental combate a poluição e ajuda a promover estilos de vida mais saudáveis nos nossos centros urbanos”. O uso de bicicletas, por exemplo, é limitado no verão pelo calor excessivo das vias urbanas associado à limitada malha ciclo-viária das cidades. Uma cidade mais verde e mais conectada à natureza tende a prosperar mais por todos os benefícios listados e muitos ainda nem compreendidos e que parecem levar a uma melhor integração e redução nas inequidades sociais e de saúde.

No fim, todo esse movimento em relação ao Bosque da Vila Betânia não está questionando apenas ou mesmo a legalidade da ação. A princípio, sendo proprietários e apresentando todos os documentos e exigências necessárias, legalmente a empresa pode fazer o que bem entender com a área. O que está sendo discutido é a ética e a moral do ato e o papel que o poder público tem em mediar tais intervenções no meio urbano quando ele deveria primeiro pensar nas questões sociais de bem-estar da população como um todo antes dos interesses privados, como bem deixou claro Flávio de Leão Bastos Pereira ao dizer que o “interesse particular não pode prejudicar o coletivo”.

É necessário que desse movimento social em prol do bosque nasça e permaneça um engajamento social na busca de melhorias das condições da arborização urbana. Há iniciativas já na cidade de grupos que se reúnem no final de semana para plantarem árvores em parques e vias urbanas, inclusive com o aval da prefeitura. Há nisso uma oportunidade latente nos próprios cidadãos para que o poder público possa e deve aproveitar para engajar e envolver as pessoas na governança do espaço comum e descentralizar o encargo de manutenção do verde urbano e ir ao passo de cidades como Paris com o seu projeto de cidadão-jardineiro. Oportunidades e modelos para isso existem.

No momento, o poder público municipal parece ser incapaz de gerir adequadamente e valorizar a questão da arborização urbana, possuindo uma legislação criticada e desatualizada, um manejo de podas inadequado e que põe em risco a segurança dos próprios cidadãos, sem contar o déficit estimado de mais de 400 mil árvores na cidade. Uma cidade mais florida e verde é uma necessidade, não um luxo, e cabe ao poder público alavancar essa mudança e levar São José dos Campos para a vanguarda das cidades que investem em qualidade de vida, tendo em vista a se preparar para as possíveis mudanças previstas para o clima (com pesquisas sobre o tema geradas no próprio município pelo INPE). O que é necessário para e o como construir essas iniciativas são perguntas que vêm depois da principal: Quando é que o poder público colocará a arborização urbana também no primeiro plano de decisões para a habitabilidade da cidade?

* Médico Veterinário, Me. em Ecologia, Dr. em Ciência do Sistema Terrestre (INPE).


Fonte: ENVOLVERDE