Relatório da UNESCO indica
soluções baseadas na natureza para uma melhor gestão da água.
A infraestrutura cinza, ou seja,
aquela construída pelo homem, foi por muito tempo considerada a
principal forma de gestão da água no mundo. No entanto, soluções
baseadas na natureza muitas vezes podem ser mais eficientes em termos
de custo-benefício, de acordo com o coordenador e diretor do
Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos (WWAP, na
sigla em inglês) da UNESCO, Stefan Uhlenbrook.
Em entrevista ao Centro de
Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) durante o
Fórum Mundial da Água em Brasília (DF), o especialista afirmou que
a chamada infraestrutura verde, ou soluções baseadas na natureza,
como a agricultura de conservação, é subutilizada globalmente,
respondendo por apenas 5% dos investimentos no setor de água.
A infraestrutura cinza, ou seja,
aquela construída pelo homem, foi por muito tempo considerada a
principal forma de gestão da água no mundo. No entanto, soluções
baseadas na natureza muitas vezes podem ser mais eficientes em termos
de custo-benefício, de acordo com o coordenador e diretor do
Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos (WWAP, na
sigla em inglês) da UNESCO, Stefan Uhlenbrook.
Em entrevista ao Centro de
Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) durante o
Fórum Mundial da Água, em Brasília (DF), o especialista afirmou
que a chamada infraestrutura verde, ou soluções baseadas na
natureza, como a agricultura de conservação, é subutilizada
globalmente, respondendo por apenas 5% dos investimentos no setor de
água.
As conclusões estão no relatório
mundial sobre desenvolvimento dos recursos hídricos lançado
nesta segunda-feira (19) pela UNESCO. O documento terá sua
versão em português publicada na quinta-feira (22).
“As soluções baseadas na
natureza não foram muito adotadas porque são consideradas
complicadas e caras. Mas é o contrário. As soluções baseadas na
natureza podem ter melhor custo-benefício do que as infraestruturas
tradicionais construídas pelos seres humanos”, disse.
As soluções baseadas na natureza
são inspiradas e apoiadas pela natureza e usam, ou simulam,
processos naturais a fim de contribuir para o aperfeiçoamento da
gestão da água. Segundo Uhlenbrook, essas soluções têm como
objetivo purificar a água, assim como desacelerar seus fluxos de
forma a reduzir as enchentes ou o impacto das secas.
“Há três principais objetivos
que podemos atingir com as soluções baseadas na natureza. Um deles
é aumentar a disponibilidade de água, tanto para o consumo como
para a agricultura e a indústria”, explicou.
Outro objetivo, de acordo com o
especialista, é aumentar a qualidade da água, que está se
degradando devido a uma série de atividades humanas. O último é
reduzir os riscos associados à água, como as secas e enchentes.
“Todos são objetivos de gestão da água que podemos atingir com
soluções baseadas na natureza e infraestrutura verde”, disse.
Produção agrícola
A agricultura consome 70% da água
disponível no mundo, a indústria outros 20% – incluindo a geração
de energia elétrica – e o consumo doméstico, 10%, lembrou o
especialista, em um cenário em que o mundo precisará aumentar em
50% sua produção de alimentos até 2050.
“Precisamos pensar em formas
sustentáveis de aumentar a produção agrícola. Podemos fazer isso
com sementes melhores e melhores práticas agrícolas. Mas a gestão
da água é particularmente importante. Para podermos aumentar a
disponibilidade de água para as plantas e a produção agrícola de
maneira sustentável, isso tem a ver com a gestão da água nas
fazendas”, declarou.
O relatório estima que melhorar a
gestão da água poderia aumentar a produção agrícola global em
20%. “Localmente, pode aumentar ainda mais, pode até dobrar. Mas
depende das circunstâncias. Todos os países podem fazer isso,
olhando para os investimentos que precisam ser feitos, equipando os
agricultores com o conhecimento necessário para fazê-lo. É muito
mais do que só dar dinheiro, é fazê-los ter a capacidade”,
declarou.
“É mobilizar recursos humanos,
investimento em infraestrutura e em ferramentas socioeconômicas,
como governança, arranjos institucionais, regulações, leis. É uma
série de coisas que precisam acontecer.”
Lançamento do relatório
O lançamento do relatório ocorreu
durante painel realizado no Fórum Mundial da Água nesta
segunda-feira (19), com a presença da diretora-geral da UNESCO,
Audrey Azoulay; do vice-presidente da ONU Água, Joakim Harlin; do
diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim; e do governador
do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
No evento, Audrey afirmou que a paz
é colocada em risco em um cenário de escassez de água e que o
relatório se propõe justamente a buscar alternativas já existentes
para mitigar esse problema. Segundo ela, o objetivo do documento é
apoiar os governos em sua transição para melhores políticas de
água. “A mensagem do relatório é alta e clara. Agora é hora de
ação. Trabalhar com a natureza e não contra ela”, declarou.
“Podemos não estar cientes dos
serviços que a natureza nos proporciona. Podemos mimetizá-los.
Muito da gestão de água é encontrada na natureza. Precisamos
adotar soluções integradas à natureza na gestão da água”,
disse Harlin, da ONU Água, durante o painel. Para Solheim, da ONU
Meio Ambiente, casos de sucesso em gestão da água precisam ser
replicados globalmente.
Organizado a cada três anos, o
Fórum Mundial da Água é o principal encontro global em que a
comunidade de profissionais do setor hídrico e os formuladores de
políticas trabalham para estabelecer os planos de ação de longo
prazo sobre os desafios relacionados à água. Com mais de 150 países
representados, o fórum visa aumentar a conscientização e reforçar
o compromisso político com relação ao uso e à gestão da água.
Além do Dia Mundial da Água,
celebrado em 22 de março, este ano acontece a abertura da Década
Internacional de Ação “Água para o Desenvolvimento
Sustentável” (22 de março de 2018 a 22 de março de
2028). A Década visa fortalecer a cooperação e a mobilização
internacionais, a fim de contribuir para a realização dos ODS.
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Fonte: ONUBr
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