quinta-feira, 28 de junho de 2018


Agrotóxicos: SBPC critica aprovação do ‘Pacote do Veneno’ na Comissão Especial da Câmara.

Jornal da Ciência
“Nos empenharemos para que este PL não seja aprovado, neste formato, no Plenário da Câmara”, afirma o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira. Por 18 votos a 9, comissão especial da Câmara dos Deputados deu aval ao projeto que modifica a Lei dos Agrotóxicos no Brasil em votação nesta segunda-feira.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) critica a aprovação pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, por 18 votos a 9, do Projeto de Lei (PL) nº 6.299/2002, conhecido como “Pacote do Veneno”, que altera a Lei dos Agrotóxicos e flexibiliza a produção e venda dessas substâncias no Brasil. A votação aconteceu nessa segunda-feira, 25, em sessão que restringiu a participação de organizações da sociedade civil.

“Lamentamos o resultado da votação na Comissão Especial da Câmara que analisa uma nova Lei de Agrotóxicos. A SBPC havia enviado um documento a todos os parlamentares da Comissão se manifestando contra a aprovação do Projeto de Lei Nº 6.299/2002, na sua formulação original, e demais projetos apensados. Esta manifestação, que foi apoiada por meia centena de sociedades científicas, alertava para os efeitos potencialmente catastróficos da aprovação deste PL para a saúde pública e para o meio-ambiente”, declara o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, referindo-se ao manifesto contrário ao PL, divulgado pela entidade no dia 22 de maio.

“Destacamos que seria importante a realização de um debate mais amplo e aprofundado sobre as possíveis consequências deste PL, e com tempo adequado. Claro que a legislação brasileira deve ser modernizada, que a burocracia excessiva deve ser reduzida, assim como os prazos de tramitação de processos, em toda a máquina pública brasileira – e esta é uma das batalhas da SBPC – mas, neste caso, isto está sendo usado como um biombo para a liberação sem controle adequado dos agrotóxicos, uma legislação que pode trazer consequências graves para a saúde da população e para o meio ambiente brasileiro. Esperamos e nos empenharemos para que este PL não seja aprovado, neste formato, no plenário da Câmara”, afirma Moreira.

Segundo o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, este é um debate que deve estar fortemente baseado na ciência. “Essa questão tem que ser tratada com consciência. Qualquer comissão que venha a examinar essa questão deve ter uma representação forte da ciência. Essa é a maneira de sair de uma discussão que envolve grupos de interesse para uma discussão que vai beneficiar diretamente a sociedade brasileira”, observa.

Retrocessos

Um dos pontos previstos no PL é que os agrotóxicos possam ser liberados pelo Ministério da Agricultura mesmo se órgãos reguladores, como Ibama e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não tiverem concluído suas análises.

No manifesto contra o PL, a SBPC atestou que o uso excessivo de agrotóxicos ameaça seriamente os ecossistemas além de representar um problema grave para a saúde. A presença desses compostos nos ecossistemas terrestres e aquáticos representa um risco para os organismos, com vários efeitos negativos já reportados e resultantes desta exposição. “Um relatório do Ministério da Saúde, de 2018, registrou 84.206 notificações de intoxicação por agrotóxico entre 2007 e 2015. A Anvisa apontou, em 2013, que 64% dos alimentos no Brasil estavam contaminados por agrotóxicos. Registre-se que, em apenas doze anos, entre 2000 e 2012, houve um aumento de 288% no uso de agrotóxicos no Brasil”, ressaltou a entidade no documento que foi endossado por mais de 50 sociedades científicas de todo o País.

“Essa aprovação é um retrocesso, porque o projeto tem uma lógica de uma agricultura mecanizada, com alto investimento de fertilizantes e de agrotóxicos, que é uma lógica ultrapassada. Essa ideia era do final da Segunda Guerra Mundial. É uma agricultura que afeta a saúde da população, e a gente ainda nem tem ideia de quanto isso prejudica de fato. Afeta os ecossistemas, o solo, a água. Estamos em outro momento. Não podemos esquecer que há um movimento de legislações contrárias a isso nos Estados Unidos e Europa”, ressalta Christina Helena da Mota Barboza, presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC), uma das entidades que endossaram o manifesto da SBPC. “Ainda cabe uma mobilização da população contra, mas para isso, as pessoas precisam estar devidamente informadas”, acrescenta.

Engavetada por 14 anos, a proposta foi ressuscitada pelo ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, autor original do PL, quando era senador, em 2002. Seguindo a votação pela comissão especial nessa segunda-feira, a matéria agora deve ser discutida e votada em Plenário, em período ainda a ser definido, para ser levada à votação no Senado e, por fim, por sanção do presidente da República.

“É um crime. O que fizeram na Comissão Especial é um crime contra a saúde humana. O povo mais pobre pagará com sua própria vida ao se alimentar com comida recheada de veneno, agrotóxicos dos mais terríveis. E tudo isso para beneficiar produtos industriais de empresas estrangeiras que só querem saber do lucro. O Plenário da Câmara precisa vetar o PL 6299/2002”, declarou ao Jornal da Ciência a deputada Jandira Fegahli, única mulher entre os nove parlamentares que se manifestaram contrários à aprovação do PL.

Na sessão de ontem, os parlamentares contrários à votação do PL destacaram as manifestações e notas técnicas com críticas contundentes ao projeto apresentadas por entidades reconhecidas nacional e internacionalmente, como a SBPC, a Anvisa, a Defensoria Pública da União, o Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz, o Ibama, o Instituto Nacional do Câncer, o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, além de mais de 300 organizações da sociedade civil.

“As notas técnicas foram muito claras no sentido de demonstrar que seria um grave retrocesso a aprovação deste projeto e, no entanto, a comissão insistiu no erro e aprovou aquele absurdo. Foi um resultado péssimo para o Brasil, porque demonstrou o desprezo da maioria da comissão pela ciência brasileira”, afirma o deputado Alessandro Molon.

O deputado diz que a estratégia agora é redobrar a mobilização com a sociedade civil e o contato com as entidades científicas para alertar a população do que isso representa em termos de risco e evitar que esse projeto vá para o Plenário da Câmara dos Deputados. “Eu não acredito que o presidente da Câmara coloque a matéria em votação no Plenário antes das eleições. Portanto, as chances de aprovação ou reprovação desse projeto depende muito de qual Congresso teremos depois das eleições de outubro e de quem vencerá as eleições presidenciais. Essas eleições podem favorecer ou dificultar a aprovação de um projeto como esse”, observa.

Molon foi o deputado escolhido para presidir a comissão especial que analisará o projeto que cria a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos – PNARA (PL 6670/2016). “A PNARA é importante para mostrar que existe um outro caminho que permite produzir com lucratividade protegendo, ao mesmo, o meio ambiente e a vida humana. Há alternativas ao veneno e é isso que mostraremos na Comissão desse projeto”, diz.

Uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a PNARA está marcada para esta terça-feira, 26, com a presença de entidades como Fiocruz, USP, Terra de Direitos, Ibama, Instituto Nacional do Câncer e Anvisa – que não foram ouvidas na comissão do PL 6299/2002 de ontem. A sessão tem transmissão ao vivo neste link.

Confira abaixo quem votou a favor e contra o PL 6.299/2002:

.Os 18 deputados que votaram a favor do “Pacote do Veneno” são os seguintes:
Adilton Sachetti(PRB-MT),
Alberto Fraga(DEM-DF),
Alceu Moreira(MDB-RS),
Celso Maldaner(MDB-SC),
César Halum(PRB-TO),
Covatti Filho(PP-RS),
Fábio Garcia(DEM-MT),
Geraldo Rezende(PSDB-MS),
Junji Abe(MDB-SP),
Luís Carlos Heinze(PP-RS),
Luiz Nishimori(PR-PR),
Marcos Montes(PSD-MG),
Nilson Leitão(PSDB-MT),
Victorio Galli(PSL-MT),
Sérgio Souza(MDB-PR),
Tereza Cristina(DEM-MS),
Valdir Colatto(MDB-SC) e
Zé Silva(SD-MG).

Os nove deputados que votaram contra a aprovação do Pacote do Veneno são:
Alessando Molon (PSB-RJ),
Bohn Gass(PT-RS),
Edmilson Rodrigues(PSOL-PA),
Ivan Valente(PSOL-SP),
Jandira Feghali(PCdoB-RJ),
Júlio Delgado(PSB-MG),
Nilto Tatto (PT-SP),
Padre João(PT-MG) e
Subtenente Gonzaga(PDT-MG).

Dados do Inpe revelam que queimadas em áreas florestais e de lavoura aumentam 52% este ano.
ABr
Desde o início do ano, foram registrados cerca de 216 mil focos de incêndios em áreas florestais e de lavoura em todo o país, de acordo com informação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com isso, o número de focos de incêndio entre janeiro e junho deste ano já é 52% maior do que o registrado no mesmo período de 2017.

Os três estados com o maior número de queimadas são Roraima, Mato Grosso e Tocantins. Juntos, eles somam cerca de 55% dos focos de incêndio registrados em todo o Brasil neste período.
O Cerrado sofre com as queimadas neste período de estiagem, a baixa umidade no DF no fim de semana levou a Defesa Civil a declarar estado de emergência na capital(Jose Cruz/Agência Brasil)
Os incêndios em áreas florestais e de lavoura já são 216 mil em todo o país  (Jose Cruz/Agência Brasil).

Uma das causas do aumento no número de queimadas em áreas florestais e de lavoura pode ser o maior tempo de estiagem em 2018. Mas bombeiros e especialistas também chamam a atenção para o desmatamento e para a degradação ambiental como fatores responsáveis pela ampliação dos focos de incêndio.

Rodrigo Maciel, coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil de Roraima, líder em número de incêndios florestais este ano, afirma que o estado agora passa por um período de chuvas, mas as consequências das queimadas ainda podem ser percebidas, especialmente nas áreas florestais.

“A vegetação florestal depois que você perde ela pela ação do fogo, demora alguns anos para se recuperar. A gente vê isso em algumas serras aqui próximo, que tem a vegetação de floresta densa e, por conta do fogo, parte dela que foi queimada destoa visualmente da parte que está conservada”, afirmou.

Para tirar Roraima do topo de lista dos focos de incêndio, o Corpo de Bombeiros faz agora uma campanha permanente de combate às queimadas. Já o Inpe investiga práticas que influenciam desmatamento na Amazônia. A Floresta Amazônica concentra mais da metade da biodiversidade da Terra, além de um terço das florestas tropicais do planeta.

Fonte: EBC

Mais ações nos setores da indústria, transporte e construção são necessárias para atingir as metas climáticas de Paris.

Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)*
Energia do carvão versus energia solar e eólica – os debates sobre as metas climáticas de Paris geralmente se concentram no fornecimento de eletricidade.

No entanto, mesmo em um mundo de políticas climáticas rigorosas e uma geração de energia limpa, o uso remanescente de combustíveis fósseis na indústria, transporte e aquecimento em edifícios ainda poderia causar emissões de CO2 suficientes para pôr em perigo as metas climáticas acordadas pela comunidade internacional, uma comunidade internacional. equipe de pesquisadores encontra.


Devido às emissões residuais de combustíveis fósseis que permaneceriam mesmo com políticas climáticas rigorosas promulgadas a partir de 2020, as chamadas tecnologias de emissão negativa para remover o dióxido de carbono da atmosfera serão necessárias para cumprir o limite de 1,5 ° C. Crédito: PIK / Luderer & Wodinski. Imagem: ScienceDaily .


Publicado em Nature Climate Change, o estudo é o primeiro a focalizar especificamente as emissões residuais de combustíveis fósseis de setores que não são tão facilmente descarbonizados quanto a geração de energia.

“Queríamos decifrar o que realmente faz a diferença em termos de orçamentos de carbono e emissões residuais. Para identificar gargalos cruciais de descarbonização em direção à estabilização de 1,5-2 ° C, focamos no papel das emissões de combustíveis fósseis que se originam em indústrias como cimento ou siderurgia, abastecemos nosso setor de transporte de carros a fretes e aviação para aquecimento de nossos prédios ” explica Shinichiro Fujimori, pesquisador do Instituto Nacional de Estudos Ambientais (NIES) e da Universidade de Kyoto, no Japão. “Esses setores são muito mais complicados de descarbonizar do que o nosso suprimento de energia, já que não existem opções óbvias disponíveis como a geração de eletricidade eólica e solar”.

Acontece que estas são as atividades que determinam crucialmente quanto dióxido de carbono será emitido dentro deste século; se e quanto o mundo terá que depender de emissões negativas e, em última instância, se as metas climáticas acordadas internacionalmente podem ser cumpridas.

Para o limite de temperatura de 1,5 ° C, as emissões negativas não são mais uma opção, mas uma necessidade.

As metas de Paris de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 ° C e possivelmente a 1,5 ° C implicam um limite apertado para as emissões cumulativas de CO2 até 2100. Para colocar isso em perspectiva: o orçamento remanescente para a meta de 1,5 ° C pode ser tão baixo quanto 200 Gigatons de CO2, o que está em contraste com os 4.000 Gigatons de CO2 que seriam emitidos se as tendências atuais continuarem.

Os esforços de mitigação prometidos até agora são inadequados para reduzir suficientemente as emissões. Isso gera preocupações sobre a crescente dependência de tecnologias incertas e potencialmente arriscadas para as chamadas emissões negativas de CO2, retirando gases de efeito estufa da atmosfera, ampliando, por exemplo, as plantações de bioenergia ou a captura e armazenamento de carbono (CCS).

Assim, os pesquisadores exploraram diferentes caminhos de descarbonização para as metas climáticas de Paris. Com resultados preocupantes: “Descobrimos que, mesmo com enormes esforços de todos os países, incluindo o fortalecimento antecipado e substancial das contribuições nacionais determinadas, os nossos cálculos mostram que as emissões residuais de carbono permanecerão em cerca de 1000 Gigatons de CO2” explica Gunnar Luderer, do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático (PIK, membro da Associação Leibniz), principal autor do estudo. “Esta parece ser uma extremidade inferior do que pode ser alcançado até mesmo com as políticas climáticas mais rigorosas, porque muitas das emissões residuais já estão presas ao sistema devido às infraestruturas e dependências existentes nos combustíveis fósseis. Para apontar para o ambicioso 1.” Luderer ressalta. “Então, as emissões negativas não são mais uma escolha, mas sim uma necessidade”.

A equipe de modeladores de toda a Europa, EUA e Japão trabalhou com sete estruturas avançadas de Modelagem de Avaliação Integrada (IAM) com tecnologia avançada – sofisticadas simulações computacionais descrevendo as interações sociais e econômicas que determinam a mudança climática, bem como as opções para estabilizar o clima reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, levando em conta as metas de temperatura, os custos econômicos e as opções tecnológicas. Seu estudo é a primeira comparação de multi-modelos à luz do Acordo de Paris que contrasta cenários de fortalecimento antecipado da ambição política em linha com as metas de 1,5 a 2 ° C com cenários que pressupõem o não fortalecimento das promessas climáticas do país antes de 2030 .

Um fracasso em aumentar a ambição trancaria o mundo ainda mais em infraestruturas baseadas em fósseis.

“Nossa análise mostra que, além de uma descarbonização rápida do fornecimento de energia, a estabilização do aquecimento na faixa de 1,5?2 ° C também requer reduções substanciais nos setores de demanda de energia, como indústria, transporte e edifícios”, enfatiza Zoi Vrontisi da E3MLab da National Technical Universidade de Atenas. “Para alcançar as reduções adicionais de combustível fóssil necessárias para a estabilização de 1,5 ° C, precisamos acelerar as melhorias de eficiência energética e uma eletrificação generalizada da demanda de energia.” Os pesquisadores também mostram que o não fortalecimento dos NDCs antes de 2030 não aumentaria apenas Emissões a longo prazo, mas também prejudica os potenciais de redução de emissões a longo prazo, pois bloqueia ainda mais os investimentos em infra-estruturas baseadas em fósseis e deixa o mundo despreparado para se virar para a descarbonização, de acordo com seu estudo.

“A mitigação climática pode ser um desafio complexo, mas se resume a uma matemática bastante simples: se as metas de Paris devem ser cumpridas, as futuras emissões de CO2 devem ser mantidas dentro de um orçamento finito”, resume Elmar Kriegler, do Potsdam- Instituto de Pesquisa sobre o Impacto Climático. “Quanto mais o orçamento é excedido, mais relevantes serão as tecnologias de remoção de dióxido de carbono, e essas vêm com grandes incertezas. Embora ainda seja difícil determinar o orçamento exato de CO2 remanescente para 1,5 ° C, uma coisa é muito clara: as ambições para reduzir as emissões de combustíveis fósseis têm que aumentar substancialmente e em breve manter as portas abertas para atender às metas de Paris. ”

Referência:
Gunnar Luderer, Zoi Vrontisi, Christoph Bertram, Oreane Y. Edelenbosch, Robert C. Pietzcker, Joeri Rogelj, Harmen Sytze De Boer, Laurent Drouet, Johannes Emmerling, Oliver Fricko, Shinichiro Fujimori, Petr Havlík, Gokul Iyer, Kimon Keramidas, Alban Kitous, Michaja Pehl, Volker Krey, Keywan Riahi, Bert Saveyn, Massimo Tavoni, Detlef P. Van Vuuren, Elmar Kriegler (2018): Residual fossil CO2 emissions in 1.5-2°C pathways. Nature Climate Change [DOI: 10.1038/s41558-018-0198-6]
https://doi.org/10.1038/s41558-018-0198-6


* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.


Fonte: EcoDebate

A trilha da sustentabilidade.

Por Dal Marcondes*, especial para a Envolverde –
A evolução do conceito de sustentabilidade passa pela compreensão de um processo histórico que começou na filantropia e evoluiu para uma permanente batalha contra todas as misérias humanas.

Alguns anos atrás, uma empresa era considerada socialmente responsável apenas por cumprir a lei, pagar em dia seus impostos e gerar empregos. Além disso, ela poderia se dedicar a ações de filantropia, nos quais seus recursos seriam utilizados para mitigar algum tipo de dor social. No entanto, os tempos mudam, e as necessidades também. A ação humana não é mais localizada, mas tem impactos muito mais abrangentes e de alcance planetário.

Nos anos 1980, a Organização das Nações Unidas (ONU) encomendou um estudo à então primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland. Esse trabalho foi publicado em 1987 sob o nome “Relatório Brundtland” ou “Nosso Futuro Comum”. Foi a primeira vez que um conceito para sustentabilidade foi expresso e mundialmente aceito. De acordo com o relatório, “ser sustentável é conseguir prover as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras em garantir as próprias necessidades”.
Foi também a primeira vez que um estudo patrocinado pela ONU chegou à conclusão de que é preciso mudar os atuais padrões de produção e consumo adotados pelas diversas sociedades da Terra, de forma a preservar os recursos e serviços ambientais necessários à sobrevivência humana. Desde então, existe um grande movimento de governos, empresas e ONGs que buscam criar parâmetros para o desenvolvimento sustentável.

Um dos parâmetros mais aceitos é o Triple Bottom Line, que estabelece a necessidade de um equilíbrio entre as ações e resultados econômicos, ambientais e sociais das organizações. Ou seja, uma organização sustentável precisa ser economicamente lucrativa, ambientalmente correta e socialmente responsável. Mais: as ações de sustentabilidade precisam ser parte das estruturas de gestão das organizações e não apenas ações pontuais.

As empresas estão habituadas a realizar ações de filantropia, em que doam seus recursos, sejam financeiros ou materiais, para a realização de eventos em prol de terceiros. Essas ações são o primeiro passo em uma escalada em direção à sustentabilidade. Têm apenas o caráter eventual ou até mesmo de marketing. O segundo passo são as ações de Responsabilidade Social. Nesse caso, as empresas assumem compromissos e estabelecem metas de desempenho para suas ações socioambientais.

Empresas socialmente responsáveis atuam além do que exige a lei, de forma permanente e como parte de seus planejamentos estratégicos. Esse é o caso, por exemplo, de organizações que fazem trabalhos de formação profissional para públicos distintos, que têm um relacionamento permanente com seus stakeholders. Essas organizações têm a percepção de que existem outros valores desejáveis além do lucro. Sabem, por exemplo, que passivos sociais e ambientais podem ter um impacto negativo sobre sua marca e cuidam para que eles não existam ou que sejam neutralizados.

No entanto, esses são apenas os dois primeiros passos. Existe na Bíblia um antigo provérbio que muito bem se aplica na definição dos conceitos de Filantropia, Responsabilidade Social e Sustentabilidade: dar o peixe a quem tem fome é Filantropia; ensinar a pescar para garantir o alimento é Responsabilidade Social; no entanto, cuidar da qualidade da água do rio, preservar suas margens e suas nascentes, cuidar para que não seja poluído e nem assoreado, e que existam peixes para sempre, é Sustentabilidade.

A sustentabilidade é um compromisso com o futuro, não é uma meta que possa ser atingida, mas um caminho que as organizações devem trilhar em busca de melhores soluções para os problemas humanos, sejam econômicos, sociais ou ambientais. Esse compromisso com o futuro se expressa de diversas maneiras e em distintos graus dentro das organizações. O fundamental é que esteja sempre permeando qualquer decisão dentro dos processos de gestão. Nenhuma ação humana ou empresarial está isenta de impactos e todos eles devem estar previstos de forma a poderem ser neutralizados ou minimizados.

Ser sustentável é, portanto, o exercício cotidiano da responsabilidade e a busca permanente por menos e menores riscos e externalidades negativas. E essa forma de gestão deixa de ser apenas uma busca da satisfação dos acionistas, para colocar a organização em uma nova trajetória, na qual sua ação passa a ser parte do processo civilizatório que deverá levar a sociedade humana a ter mais e melhor qualidade de vida nos próximos séculos.

A contribuição das empresas para esse processo civilizatório, em que as organizações têm muito mais recursos e poder do que os Estados, será determinante para mudanças estruturais nos modelos atuais de produção e consumo, onde o lucro é um valor absoluto e permanente. A busca pelo lucro deverá seguir movendo as empresas. No entanto, entra na equação um novo componente: o tempo. O lucro espalhado no tempo, com objetivos que garantam a perenidade das empresas. Esse é um novo paradigma que deverá ocupar os corações e mentes dos gestores.

* Dal Marcondes é jornalista, diretor da Envolverde e especialista em meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Fonte: ENVOLVERDE

A miséria nas ruas não espera o final da Copa.


por Nabil Bonduki* – 

Aos poucos, o Brasil se anima com a Copa. Se Neymar trocar quedas por gols, aí ninguém segura mais. O país vai parar.

Os partidos de centro aguardam a Copa para definir seus candidatos. Já o PT vai esperar um pouco mais, na expectativa de fazer um gol na prorrogação ou, se não der, deixar a decisão para os pênaltis.
Mas a crise social não aguarda o final da Copa. Está batendo na porta e pedindo que se faça um debate sério de como enfrentar o drama social brasileiro, após uma queda de 8,2% no PIB per capita, entre 2014 e 2017, quase 14 milhões de desempregados e um déficit fiscal de R$ 170 bilhões.

No Rio de Janeiro, a intervenção militar agravou a insegurança. Tiroteio no Complexo da Maré matou Marcos Vinicius da Silva, 14, que ia para a escola. Foi o 50º cidadão e a oitava criança a morrer ao ser vítima de bala perdida na “Cidade Maravilhosa”, em 2018.

Em São Paulo, uma legião de miseráveis perambula pelo espaço público. A situação, que já era grave, tornou-se dramática. Caminhar à noite nos bairros centrais virou uma corrida de obstáculos, com tantas pessoas dormindo ao relento.

Nas calçadas, nos semáforos, na saída de bares e restaurantes, a abordagem de pedintes alcançou níveis inusitados. Homens com placas de “eu tenho fome” viraram rotina. Muitos ensaiam limpar o para-brisa por uma moedinha. Outros não pedem dinheiro, mas a compra de um sanduíche, de uma coxinha, de um alimento qualquer.

Tamanha crise e nenhum dos três níveis de governo estruturou uma política emergencial para enfrentar o drama dos que não dispõem do mínimo para sobreviver. Nos quatro anos de crise, 430 mil famílias perderam o atendimento pelo programa Bolsa Família no país.

Em São Paulo, a prefeitura (responsável pelo cadastro) ampliou o número de beneficiários de 229 mil para 479 mil durante o governo Haddad. A atual gestão manteve esse patamar. Mas o benefício médio do Bolsa Família (R$ 146,73) é irrisório em uma cidade cara como São Paulo.

O Programa Trabalho Novo foi muito divulgado, mas os resultados são escassos. A maioria dos que obtiveram colocação em empresas não ficou no emprego. Exceções foram para a publicidade da gestão Doria.

O perfil da população em situação de rua tem se alterado, com uma presença cada vez maior de mulheres e crianças. São famílias despejadas por falta de pagamento de aluguel ou expulsas de ocupações por reintegrações de posse.

A violência e a miséria começam a ser naturalizadas pela sociedade, como algo inevitável. O risco é as pessoas se acostumarem com essa situação degradante, como ocorre em alguns poucos países, muito mais pobres que o Brasil. Isso é inaceitável.

*Nabil Bonduki foi vereador em São Paulo e é arquiteto urbanista.


Crise ambiental, mudanças climáticas e os riscos na Amazônia.

Por Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

A floresta amazônica, que já perdeu quase 20% de sua área original, está mais vulnerável do que se pensava. Pesquisas recentes apontam que a combinação de desmatamento, aquecimento global e queimadas pode levar mais de 50% do bioma a se transformar em uma savana até 2050. Se nada for feito para impedir essa degradação, a perda da floresta deve alterar drasticamente os regimes de chuva no centro e no sul do Brasil, com prejuízos para a agricultura e falta de água para os moradores das áreas urbanas.

Esses e outros dados que revelam a dimensão do desafio das mudanças climáticas foram apresentados pelo físico Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em palestra (15/6) no Núcleo de Estudos Avançados (NEA) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Com o tema Meio ambiente global e Amazônia em crise: O que fazer?, o evento fez referência ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6). Para conhecer as edições anteriores do NEA, clique aqui.

Na abertura do seminário, o coordenador do NEA, Renato Cordeiro, destacou o impacto das mudanças climáticas para a saúde pública, em especial no que se refere à transmissão de doenças infecciosas. “A progressiva destruição do planeta e o aquecimento global vêm causando um incremento nas doenças e na mortalidade dos seres humanos e de outros animais. A dengue, a zika, a malária, a chikungunya, a tuberculose e as doenças respiratórias, entre outras, são exemplos dessas fraturas ambientais”, afirmou.

Comprovação científica

Em sua palestra, Artaxo ressaltou que um conjunto cada vez maior de evidências científicas confirma que a ação humana está alterando o planeta e ressaltou que os altos índices de emissões de CO2 são uma causa importante das transformações observadas. Enquanto, antes da revolução industrial, cerca de três bilhões de toneladas de dióxido de carbono eram lançadas anualmente na atmosfera, hoje esse valor se aproxima dos 40 bilhões. Como desdobramentos, a temperatura na superfície terrestre está 1,25°C mais quente, enquanto os oceanos se tornaram 30% mais ácidos.

“Estamos no Antropoceno: uma era em que nós, seres humanos, nos tornamos uma força geofísica, capaz de mudar questões críticas no planeta”, declarou o pesquisador. Ele destacou que quatro dos nove limites planetários relevantes para a sustentabilidade ambiental já foram rompidos: as mudanças climáticas (ligadas ao aquecimento global); a integridade da biosfera (relacionada à perda de biodiversidade); o uso do solo (associado ao desmatamento); e os ciclos biogeoquímicos de nitrogênio e fósforo (derivados do uso de fertilizantes em larga escala).

Prejuízo reconhecido

O cientista enfatizou que as mudanças climáticas afetam todo o planeta, uma vez que a atmosfera é um sistema aberto: uma molécula de dióxido de carbono emitida, por exemplo, nos Estados Unidos, leva apenas dois dias para dar a volta na Terra. Por outro lado, as consequências do aquecimento global variam dependendo do local. No Brasil, cidades com mais de um milhão de habitantes (como Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre) precisarão se adaptar, uma vez que o nível do mar deve subir de 22 cm a 100 cm até 2080, segundo estimativas conservadoras.

De acordo com Artaxo, pela sua gravidade, a crise ambiental atual não é apenas um problema científico, mas uma questão econômica e ética. No ‘Relatório de Riscos Globais 2018’, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, entre as cinco ameaças com maior probabilidade de ocorrer, três estão ligadas ao meio ambiente: eventos climáticos extremos, desastres naturais e fracasso das iniciativas para mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas. Entre os cinco riscos com maior potencial de impacto para a economia, as mesmas questões são apontadas, ao lado da crise hídrica. “O componente ético da questão ambiental foi evidenciado, por exemplo, pela encíclica sobre meio ambiente publicada pelo papa Francisco em 2015. Se pensarmos na perda da biodiversidade, a questão ética é clara: que direito nós, seres humanos, temos de eliminar diversas espécies do planeta?”, questionou o especialista.

Entraves para a sustentabilidade

Apesar das evidências científicas e dos impactos reconhecidos, faltam ações efetivas para conter as mudanças climáticas. Segundo o membro do IPCC, nos últimos cinco anos, as tecnologias para produção de energia limpa, como eólica e solar, se tornaram competitivas para substituir os combustíveis fósseis, que constituem a maior fonte de emissões de CO2 no planeta. Porém, são necessárias políticas públicas para acelerar a sua implementação. “As soluções tecnológicas já existem e são economicamente viáveis, mas não vão avançar sem políticas públicas. Nenhum país do mundo expandiu o uso de carros elétricos sem incentivos governamentais. No entanto, isso contraria os interesses das indústrias automotivas, que ainda querem lucrar com tecnologias atrasadas”, argumentou.

O cientista ponderou ainda que o ‘Acordo de Paris’, único compromisso internacional em vigor atualmente sobre o tema, dificilmente atingirá a meta de conter o aumento da temperatura média global abaixo de 2oC. Artaxo afirmou que a maioria dos países está longe de cumprir os compromissos de redução de emissões de CO2 assumidos voluntariamente, enquanto os Estados Unidos abandonaram o tratado após a eleição do presidente Donald Trump. “O componente humano é o maior fator de incerteza para o futuro. As projeções climáticas são claras e a questão que se coloca é: o que a humanidade vai fazer?”, declarou. “Nossa sociedade é caracterizada pelo desperdício: de água, de alimentos, de recursos naturais, de roupas, de celulares. Este tipo de comportamento precisa mudar se quisermos construir uma sociedade minimamente sustentável no futuro”, opinou.

Situação da Amazônia

O avanço do desmatamento na Amazônia foi um dos exemplos de retrocesso ambiental citado por Artaxo. Após uma tendência majoritária de queda entre 2004 e 2012, a área desmatada na floresta voltou a crescer a partir de 2013 – um ponto crítico, já que a vegetação contribui para conter o aquecimento global. Atualmente, cerca de 30% das emissões de CO2 são absorvidas pelas florestas, reduzindo a parcela de dióxido de carbono na atmosfera e, consequentemente, o efeito estufa. Além disso, no contexto local, a Amazônia desempenha um papel central para a manutenção do fluxo de vapor d’água, que alimenta o regime de chuvas das regiões central e sul do Brasil.

Citando uma pesquisa publicada em abril deste ano, o pesquisador afirmou que o valor dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas da América do Sul – onde a Amazônia tem um papel significativo – foi calculado em US$ 14 trilhões por ano. O cálculo considera aspectos como segurança alimentar, hídrica e energética, além das contribuições para a saúde da população e a sobrevivência de culturas locais. “O bioma amazônico é estratégico para o país e a sua destruição contraria o interesse nacional. É fundamental preservar a floresta para preservar os serviços ambientais que ela presta”, defendeu.

Debate urgente

A importância da conscientização de todos – incluindo a comunidade acadêmica – para o enfrentamento da crise ambiental foi um dos temas abordados no debate realizado no encerramento da palestra. Lembrando o conceito de ‘One Health’ (Saúde Única), pautado na integração entre saúde humana, saúde animal e meio ambiente, o público comentou o impacto da crise ambiental para a transmissão de doenças infecciosas. A relevância do tema para as pesquisas desenvolvidas no IOC e para a formação dos estudantes de pós-graduação do Instituto também foi ponto de discussão. O descompasso entre a rapidez da degradação ambiental e a lentidão das transformações tecnológicas, econômicas e culturais necessárias para enfrentar o problema foi mais um alvo das discussões. A urgência do tema foi enfatizada, com apontamentos sobre a importância de manifestação da academia nos debates para a implantação de políticas públicas efetivas contra as mudanças climáticas.


Fonte: EcoDebate

segunda-feira, 25 de junho de 2018


Impactos da energia eólica na biodiversidade é tema de debate em SP.

As responsabilidades e os impactos da energia eólica na interação com a biodiversidade serão temas de debates entre empresas, consultores e especialistas do exterior e do Brasil no Wind Energy and Biodiversity Summit (WIBIS), dias 19 e 20 de junho, no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, Rua Canadá, 324, Jardim América. Um dos destaques do encontro será a exposição sobre Padrões de Desempenho, a Sociedade do Risco e a Transformação da Responsabilidade, por Taarik Castilho, responsável pela área de consultoria e litígios em questões ambientais do Franco Advogados.

A WIBIS BRASIL – Conferência Internacional sobre Energia Eólica e Biodiversidade junta especialistas internacionais em biodiversidade e energia eólica com participantes Brasileiros e constitui-se hoje em plataforma para agregar empreendedores, autoridades ambientais, academia e consultores, partilhar o conhecimento mais recente, e divulgar as melhores práticas nestes temas. A instituição também promove projetos de investigação e desenvolvimento científico globais com a participação de parceiros locais.

Fonte: ENVOLVERDE

Falta de estudos afeta diagnósticos do IPCC para clima no Brasil.

Júlio Ottoboni é jornalista e editor-chefe da Envolverde

Por falta de pesquisas cientificas, o IPCC não consegue afirmar com precisão quais eventos são naturais ou já de influência antrópica no hemisfério sul do planeta, inclusive em extremos climáticos. O alerta vem da vice-presidente do órgão que assessora as Nações Unidas, Thelma Krug.

Apesar de ter acompanhado a tempestade e a série de tornados que devastaram diversas cidades no Rio Grande do Sul, na semana passada, inclusive com mortos e prejuízos ainda incalculáveis, ela disse que não dá para cravar que foi por causa das mudanças climáticas provocadas pela ação humana. “Mas foi um quadro de extremo climático sem dúvida”, comentou.

As cidades gaúchas tinha uma temperatura a noite, no momento da tempestade, na casa dos 28 graus centígrados. Tornados variando de intensidade entre F3 e F4 varreram fazendas, cidades, estradas deixando um rastro de destruição impressionante. Em menos de 24 horas, nevou e geou em várias regiões, inclusive as atingidas pela onda de calor e tornados.

No entanto, a dirigente do IPCC, órgão científico máximo em mudanças no clima, afirmou que por falta de estudos para essas situações na região se torna impossível se taxativa sobre a situação. Ela, inclusive, pede que as universidades dos países sul americanos se voltem para o problema. Hoje, no Brasil, quase a totalidade dos estudos são direcionados à Amazônia.

Apesar de ficar evidente que exista a potencialização dos fenômenos extremos, com o aumento da frequência e da intensidade, inclusive destas tempestades com tornados e do calor em latitudes médias. “ Isso tem ocorrido em várias regiões do planeta que tinham uma estabilidade climática e estão se transformando rapidamente”, observou a cientista.

Fonte: ENVOLVERDE

Projeto busca salvar albatroz de captura acidental.

Em meio aos compromissos da Semana do Meio Ambiente, dois integrantes da equipe técnica do Projeto Albatroz viajaram a Madri, na Espanha, para participar da Reunião Intersecional do Subcomitê de Ecossistemas da Comissão Internacional para a Conservação de Atuns do Atlântico (ICCAT). A fundadora e coordenadora geral do Projeto, Tatiana Neves, e o coordenador científico PhD Dimas Gianuca, trocaram informações importantes com os demais países sobre estatísticas de captura incidental de albatrozes e petréis no último ano.

O encontro discutiu, de 4 a 8 de junho, entre outros assuntos, o impacto de algumas pescarias sobre o estoque de peixes ao redor do mundo; como aplicar as medidas de mitigação eficientes para evitar a captura de aves oceânicas e outras espécies ameaçadas – como é o caso das tartarugas marinhas, mamíferos e determinados peixes; além dos avanços tecnológicos destas medidas.

O Projeto Albatroz e o Projeto Tamar, patrocinados pela Petrobras e membros da Rede Biomar, apresentaram aos representantes pesqueiros, governamentais e científicos, dados relevantes sobre a interação destes animais com a pesca industrial de espinhel, que tem como alvo peixes grandes como o atum. Esta reunião intersecional precede a reunião anual da ICCAT, que acontecerá em novembro deste ano, na Croácia.

O Projeto Albatroz apresentou dois estudos científicos conduzidos por sua equipe técnica, com o apoio do programa internacional Albatross Task Force, da BirdLife International. Um dos estudos fazia referência à eficácia do uso do primeiro protótipo do hookpod – dispositivo que envolve o anzol e o libera em uma profundidade segura para as aves. A pesquisa foi realizada nas frotas de espinhel em três países: Austrália, Brasil e África do Sul. Os dois últimos são considerados os ‘piores cenários possíveis’ na interação das aves com barcos pesqueiros.

De acordo com Tatiana Neves, coautora da pesquisa, o estudo apresentou resultados bastante positivos. No total, houve a captura de 24 aves, fisgadas por anzóis desprovidos de hookpod. A captura ocorreu com uso do dispositivo apenas uma vez durante o estudo. “Isso aconteceu porque o hookpod em questão foi colocado incorretamente. Ele abriu fora da profundidade correta e capturou uma pardela preta”, explica.

Fonte: ENVOLVERDE

A Volvo terá 25% de plástico reciclável em seus veículos a partir de 2025.

A Volvo Cars anunciou que, a partir de 2025, pelo menos 25% dos plásticos utilizados em todos os novos modelos serão de material reciclado. A marca sueca também pediu aos fornecedores da indústria automotiva que trabalhem mais de perto com os fabricantes de automóveis para desenvolver componentes da próxima geração que sejam tão sustentáveis quanto possível, especialmente no que diz respeito ao uso de mais plásticos reciclados.

Para demonstrar a viabilidade desse compromisso, a empresa revelou uma versão especialmente construída do XC60 T8, seu utilitário esportivo híbrido plug-in, idêntico ao modelo existente, mas com vários de seus componentes plásticos substituídos por equivalentes de material reciclado.

“A Volvo Cars está comprometida em minimizar sua operação ambiental global”, disse Håkan Samuelsson, presidente e CEO da Volvo Cars. “O cuidado com o meio ambiente é um dos valores centrais da Volvo e continuaremos a encontrar novas maneiras de incorporar isso ao nosso negócio. Esse carro e nossa ambição em relação ao uso de plásticos reciclados são exemplos desse compromisso”.

O interior especial do XC60 tem um console de fibras renováveis e plásticos de redes de pesca e cordas marítimas descartadas. No piso, o carpete contém fibras feitas de garrafas PET e uma mistura de algodão reciclado de sobras de fabricantes de roupas. Os assentos também usam fibras PET de garrafas plásticas. Bancos de carros usados da Volvo foram usados para criar o material absorvente de som sob o capô do modelo.

Fonte: ENVOLVERDE

O que mudou na sustentabilidade das empresas.

por Dal Marcondes, diretor executivo da Envolverde – 

Companhias precisam se redescobrir enquanto atores sociais. Não basta mais parecer sustentável em belas páginas, é preciso ser no âmago de sua missão.

Empresas e organizações que as representam constroem políticas de sustentabilidade na maioria das vezes pautadas por metas ambientais. Poucas vezes avançam em desafios sociais e quando o fazem na maior parte das vezes são ações com foco em filantropia. Grande parte das pautas ambientais colocadas para as empresas no último quarto do século XX já foi plenamente absorvida e incorporada pelas grandes empresas nacionais e globais. Não se joga mais poluentes em rios, as chaminés têm filtros e a gestão de resíduos está no topo das listas de prioridades. Mas, e as verdadeiras pautas sociais? Como estão sendo tratadas?

O mundo mudou e as necessidades sociais também. Fazer projetos com comunidades e oferecer benefícios periféricos para grupos de colaboradores, pequenas coisas que vão além da lei e de acordos coletivos, devem ser estimulados, mas não fazem mais sentido enquanto “marketing social ou de causas”. As empresas precisam se redescobrir enquanto atores sociais e compreende que seu papel vai além da simples “remuneração dos acionistas” e bom relacionamento com seus “stakeholders”. Fazer relatórios de sustentabilidade já é uma linha de corte estabelecida pelo próprio mercado, uma vez que a B3, uma das principais bolsas de valores do mundo, já lançou uma campanha para que as empresas listadas publiquem seus relatórios ou expliquem por que não o fazem.

Nessa nova era de crises econômicas e sociais as empresas devem mudar as perguntas que lançam para dentro de suas estruturas. Não basta mais parecer sustentável em belas páginas e filmes para TV, é preciso ser sustentável no âmago de sua missão. E a pergunta que deve ser feita é o que as empresas estão, de fato, fazendo para ajudar a manter a humanidade em evolução? Qual é sua contribuição para o futuro. Como ela se reconstrói a partir de novas forças que estão surgindo na sociedade? Mas, principalmente, como ela estão incorporando os milhões de jovens que chegam à idade do trabalho todos os anos?

Empresas existem para gerar riquezas e oferecer trabalho. Nos últimos 20 anos as “modernas” técnicas de gestão foram eliminando postos de trabalho e estabelecendo linhas de corte de produtividade cada vez mais ferozes. Isso é parte do grande problema de desemprego global para jovens. Cada CEO deveria se perguntar como incorporar jovens em suas empresas, como oferecer trabalho em todas as faixas de jovens e não apenas a aqueles que possuem MBA e são capazes de conversar em duas ou mais línguas. São esses os jovens que estão nas ruas e buscam alternativas de sobrevivência através de “comportamentos antissociais” .

Quando a sociedade se dispõe a debater questões como a maioridade penal é preciso discutir, também, o que esta mesma sociedade está fazendo para ampliar a oferta de trabalho para jovens de baixa renda, jovens mal preparados pelas escolas públicas e que vem de famílias incapazes de oferecer os padrões de consumo estimulados pela publicidade.

Portas tradicionais de acesso ao trabalho foram fechadas, como os antigos “office boys”, que construíam relações nas empresas em que trabalhavam e nas empresas clientes, “networkings” que os ajudavam a escalar cargos nas empresas e construir uma carreira. Agora se utiliza o trabalho de “motoboys”, que correm de portaria em portaria, sem conhecer ninguém além de porteiro, e que são execrados no trânsito como “destruidores de espelhinhos”. Machucam-se ou morrem pelas ruas das cidades em nome de uma suposta eficiência para as empresas, mas em trabalhos que não oferecem nada, sequer uma renda decente.

As novas questões da sustentabilidade das empresas estão mais ligadas ao que as empresas podem fazer para melhorar a sociedade onde estão inseridas, não apenas sob o ponto de vista ambiental, mas também em relação à sua responsabilidade me oferecer caminhos para o desenvolvimento das pessoas.

*Dal Marcondes é especialista em sustentabilidade e comunicação, diretor executivo da Envolverde.

Fonte: ENVOLVERDE

terça-feira, 19 de junho de 2018


Livro explica sobre sustentabilidade e quais suas aplicações.

Muito tem se falado a respeito de sustentabilidade, mas muita gente ainda tem dúvidas sobre como fazer uso deste conceito no seu dia a dia. Com o objetivo de esclarecer as pessoas sobre como é possível colocar as ideias do desenvolvimento sustentável em prática em suas vidas, o professor de graduação e MBA da ESPM, Marcus Nakagawa, decidiu escrever o livro 101 dias com ações mais sustentáveis para mudar o mundo, produzido pela Editora Labrador.

O prefácio do livro 101 Dias com Ações mais Sustentáveis é assinado pela Klabin, uma de suas patrocinadoras. A orelha do livro traz, ainda, os depoimentos de Fabiano Rangel, Presidente da ABRAPS – Associação Brasileira dos Profissionais do Desenvolvimento Sustentável e de Carlo Pereira, Secretário Executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

Para a realização do projeto, Nakagawa contou com a colaboração de diversas pessoas e empresas que contribuíram financeiramente, por meio de uma campanha de crowdfunding na plataforma Kickante.

Segundo o autor, a ideia do livro surgiu a partir de questionamentos que sempre lhe são feitos, sobre como colocar a sustentabilidade em prática? “Comecei a listar várias ações que podem ser praticadas por todo cidadão e quando percebi já tinha 101 atividades listadas. Desde ações simples como apagar a luz ao sair de um ambiente, passando por ações de descarte correto, até energia solar e compostagem, por exemplo,” explica Nakagawa.

O livro é direcionado a todos que tenham interesse em começar a realizar algum movimento sustentável pensando no meio ambiente e nas pessoas, seja em casa, na empresa, ou na escola. Está dividido por ação, cada capítulo traz uma que pode ser implantada no dia a dia. Dessa forma, o leitor percebe que é simples praticar ações sustentáveis, basta mudar seus hábitos e com algumas mudanças ou adaptações é possível melhorar o Planeta.

Fonte: ENVOLVERDE

EXCLUSIVO: IPCC muda paradigma, sai do carbono para ingressar no social.

Júlio Ottoboni, jornalista e editor-chefe da Envolverde

A vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, Thelma Krug, pesquisadora do INPE, fez uma revelação surpreendente que mudará os rumos das orientações científicas às Nações Unidas na pauta do aquecimento global. E dada com exclusividade pela Envolverde.

“O IPCC está deixando de ser carbocêntrico para seguir rumo a questão social. As mudanças societárias serão imensamente profundas, será tão intensa que inclusive a questão do consumo passará a ser abordado com mais enfase, tanto que hoje o IPCC já começa a falar até em mudança de dieta, a questão da pobreza, da desigualdade passa a ter outro peso nas avaliações científicas e para as nações”, comenta a pesquisadora que se apoia nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS) para justificar a guinada.

Isso está longe de sepultar a questão das emissões, principalmente no segmento da geração de energia. O setor é atualmente responsável por 35% das emissões e o setor agrícola e pecuário alcança a casa dos 24% das emissões de gases do efeito estufa. A questão central está no aquecimento oceânico. Mesmo que houvesse uma suspensão neste instante das emissões e todas as medidas mitigadoras passassem a ser aplicados no planeta, a subida de temperatura nas águas não retrocederia. 

Ou seja, o ponto de não retorno e as reações planetárias já começaram e um novo cenário climático se vislumbra num horizonte um tanto turvo e preocupante.

“Será no IPCC uma mudança de paradigma imensa, deixamos de ser carbocêntricos para ir ao encontro muito mais do social como a erradicação da pobreza, redução das desigualdades e o aumento das colaborações das nações”, afirmou a cientista. A sustentabilidade do planeta e principalmente sua resiliência das espécies sob essa nova Era, o Antropoceno, colocará a capacidade adaptativa do homem sob prova. E o próximo relatório, em 2021, trará um capitulo todo somente sobre como se tornar sustentável. Enquanto ainda há tempo. Ou melhor, esperança.

Fonte: ENVOLVERDE

Falta de estudos afeta diagnósticos do IPCC para clima no Brasil.

Júlio Ottoboni é jornalista e editor-chefe da Envolverde

Por falta de pesquisas cientificas, o IPCC não consegue afirmar com precisão quais eventos são naturais ou já de influência antrópica no hemisfério sul do planeta, inclusive em extremos climáticos. O alerta vem da vice-presidente do órgão que assessora as Nações Unidas, Thelma Krug.

Apesar de ter acompanhado a tempestade e a série de tornados que devastaram diversas cidades no Rio Grande do Sul, na semana passada, inclusive com mortos e prejuízos ainda incalculáveis, ela disse que não dá para cravar que foi por causa das mudanças climáticas provocadas pela ação humana. “Mas foi um quadro de extremo climático sem dúvida”, comentou.

As cidades gaúchas tinha uma temperatura a noite, no momento da tempestade, na casa dos 28 graus centígrados. Tornados variando de intensidade entre F3 e F4 varreram fazendas, cidades, estradas deixando um rastro de destruição impressionante. Em menos de 24 horas, nevou e geou em várias regiões, inclusive as atingidas pela onda de calor e tornados.

No entanto, a dirigente do IPCC, órgão científico máximo em mudanças no clima, afirmou que por falta de estudos para essas situações na região se torna impossível se taxativa sobre a situação. Ela, inclusive, pede que as universidades dos países sul americanos se voltem para o problema. Hoje, no Brasil, quase a totalidade dos estudos são direcionados à Amazônia.

Apesar de ficar evidente que exista a potencialização dos fenômenos extremos, com o aumento da frequência e da intensidade, inclusive destas tempestades com tornados e do calor em latitudes médias. “ Isso tem ocorrido em várias regiões do planeta que tinham uma estabilidade climática e estão se transformando rapidamente”, observou a cientista.

Fonte: ENVOLVERDE

Museu promove discussão sobre despoluição de águas urbanas.

Com o avanço das ameaças aos ecossistemas marinhos, o Museu do Amanhã, com a plataforma Baía de Todos Nós, promove debate sobre os desafios enfrentados na despoluição de recursos hídricos globais. Como parte das discussões do Mês do Meio Ambiente, o auditório recebe, na próxima terça-feira (19/6), o evento internacional Águas Urbanas – Despoluição e participação social. Além do panorama e de perspectivas sobre a Baía de Guanabara, serão apresentados diagnósticos das baías de Tóquio e de Sydney, e do delta urbano da Holanda.

A plataforma Baías de Todos Nós é uma iniciativa do Museu do Amanhã, em parceria com o Instituto CCR, que iniciou em 2016, para discutir os desafios do saneamento da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Desde então, já foram realizados quatro eventos sobre o tema: Baía Urbana, com apresentação do documentário Baía Urbana, do biólogo e cineasta brasileiro Ricardo Gomes (02/18); A Baía do Amanhã – Sociedade (11/17); A Baía do Amanhã – Biodiversidade (10/17); Baía de Guanabara – Consulta Pública (04/16).

E para esse ano, estão previstas mais atividades. A temática das baías será, a partir de agosto, permanente na Exposição Principal do Museu do Amanhã, com o lançamento do novo conteúdo interativo Baías de Todos Nós. A experiência apresentará informações sobre as baías de Guanabara, Sydney, Tóquio, Jacarta e de Chesapeake.

O evento contará com a presença de especialistas internacionais, como Shigeru Ueda, engenheiro que acompanhou o programa de despoluição da Baía de Tóquio (Japão); Jeremy Dawkins, professor de gestão urbana da Universidade de Camberra (Austrália) e Jos Schouwenaars, especialista em Gerenciamento de Água e Hidrologia da Autoridade Regional da Água em Fryslan (Holanda), que coordenou também projetos de saneamento em Moçambique. Outra convidada é a brasileira Eloisa Torres, engenheira civil e consultora independente na área de saneamento.

Fonte: ENVOLVERDE

A Volvo terá 25% de plástico reciclável em seus veículos a partir de 2025.

A Volvo Cars anunciou que, a partir de 2025, pelo menos 25% dos plásticos utilizados em todos os novos modelos serão de material reciclado. A marca sueca também pediu aos fornecedores da indústria automotiva que trabalhem mais de perto com os fabricantes de automóveis para desenvolver componentes da próxima geração que sejam tão sustentáveis quanto possível, especialmente no que diz respeito ao uso de mais plásticos reciclados.

Para demonstrar a viabilidade desse compromisso, a empresa revelou uma versão especialmente construída do XC60 T8, seu utilitário esportivo híbrido plug-in, idêntico ao modelo existente, mas com vários de seus componentes plásticos substituídos por equivalentes de material reciclado.

“A Volvo Cars está comprometida em minimizar sua operação ambiental global”, disse Håkan Samuelsson, presidente e CEO da Volvo Cars. “O cuidado com o meio ambiente é um dos valores centrais da Volvo e continuaremos a encontrar novas maneiras de incorporar isso ao nosso negócio. Esse carro e nossa ambição em relação ao uso de plásticos reciclados são exemplos desse compromisso”.

O interior especial do XC60 tem um console de fibras renováveis e plásticos de redes de pesca e cordas marítimas descartadas. No piso, o carpete contém fibras feitas de garrafas PET e uma mistura de algodão reciclado de sobras de fabricantes de roupas. Os assentos também usam fibras PET de garrafas plásticas. Bancos de carros usados da Volvo foram usados para criar o material absorvente de som sob o capô do modelo.

Fonte: ENVOLVERDE

sexta-feira, 15 de junho de 2018


Desperdício de água em 2016 foi semelhante seis vezes o sistema Cantareira.

Um estudo da Trata Brasil aponta que o país desperdiçou 7 mil piscinas olímpicas por dia ou seis vezes a capacidade do Cantareira cheio em 2016. A perda financeira quase alcançou valor total de investimento do setor de saneamento básico no país no ano, de R$ 11,5 bilhões. O desperdício é causado no geral por vazamentos nas tubulações, erros de leitura de hidrômetros, roubos e fraudes.

Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2016, os mais recentes, divulgados pelo governo neste ano. O estudo ainda aponta que o índice de perdas na distribuição de água no país em 2016 é o maior em 5 anos. Entre 2012 e 2015, o percentual variou pouco, de 36,7% para 37%, apontando uma estabilidade. Em 2016, porém, a tendência foi de alta, chegando a 38,1%.

O estudo esclarece que faz parte da cultura do brasileiro que mora em grandes metrópoles sempre utilizar mais água do que o necessário. “De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água para consumo e higiene, porém no Brasil, o consumo ultrapassa 200 litros para cada pessoa. 

O desperdício é muito grande e, se os brasileiros conseguissem reduzir em 10% o consumo de água, o país economizaria cerca de R$1,3 bilhão em recursos”, garante Marco Aurélio Teixeira é especialista em técnicas de medição de água há mais de dez anos. Implantou o projeto de medidores individualizados de água homologado pela Sabesp em São Paulo, que já foi instalado em mais de 40 mil pontos na cidade.

Teixeira também dá consultoria de como economizar água. Por exemplo, qual tipo de chuveiro é ideal para cada tipo de família, quais as novas tecnologias que podem ser implantadas, quais hábitos devem ser mudados, a instalação de caldeira de água em prédios com aquecimento a gás e como um medidor individual é importante para entender o gasto de água.

Desde 2000, a CAS aplica tecnologia, ciência e engenharia para desenvolver soluções inteligentes para redes de água, energia e gás. Com abordagem ponta-a-ponta e integradora para redes inteligentes, a CAS é capaz de prover a tecnologia como ferramenta valiosa para a eficiência dos negócios e como um aliado para a sociedade em resposta aos desafios ambientais.

Fonte: ENVOLVERDE

Em 24 horas, gaúchos vão de calor e tornados para geadas e neve.

Júlio Ottoboni, jornalista e editor-chefe da Envolverde

Menos de dois dias após diversos tornados acompanhando uma severa tempestade terem devastado várias cidades do Rio Grande do Sul, deixando duas vítimas fatais e milhares de animais mortos, carretas tombadas e casas e carros destruídos, onde até então as temperaturas giravam na faixa de 28 graus a noite, receberam o alerta da Defesa Civil do estado para outro extremo climático.

O Rio Grande do Sul emitiu um alerta sobre a possibilidade de geada e temperaturas negativas “em várias regiões” do Estado entre quarta-feira (13) e sábado (16). Na manhã desta quarta-feira, os ventos chegaram a 51 km/h em Porto Alegre e atingiram 70 km/h em Cagunçu, no sul do Estado. Segundo a Somar Meteorologia, a frente fria se afastou do Rio Grande do Sul e deu lugar a uma massa de ar frio, que deixou as temperaturas baixas.
A sensação térmica de frio foi drasticamente intensificada pelos ventos que sopram sobre a região dos pampas. E chegou a ser negativa em diversas áreas do Estado, como na Campanha, nas Missões e na Serra Gaúcha. Ainda há a possibilidade de nevar em algumas localidades. Segundo moradores do interior do estado, na região dos pampas, onde há intensa atividade agropecuária, as pessoas estão amedrontadas com as variações repentinas no clima e com a ferocidade dos eventos.


Fonte: ENVOLVERDE

Estudo mostra novo perfil do migrante no Brasil.

O perfil dos imigrantes que estão inseridos no mercado de trabalho brasileiro está mudando, revela um estudo do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), divulgado durante o 3º Seminário da Rede de Observatórios do Trabalho, que começou na segunda (11) e terminou nesta terça-feira (12), na sede do Ministério do Trabalho, em Brasília. “A pesquisa mostra mudança no perfil dos imigrantes internacionais no mercado de trabalho brasileiro a partir de 2010. Houve uma nova composição de imigrantes, que agora vêm principalmente do chamado Sul Global, mas não de países de fronteira, como os bolivianos ou paraguaios, nem do Norte Global, como espanhóis, italianos e portugueses”, comenta o diretor do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), Leonardo Cavalcanti.

Hoje, os haitianos compõem o maior coletivo de imigrantes no mercado de trabalho brasileiro. Eles eram “algumas dezenas em 2010”, mas o número aumentou a partir daquele ano e, em 2013, já formavam o grupo mais numeroso, situação que se mantém até hoje, com cerca de 30 mil a 40 mil haitianos no mercado de trabalho formal brasileiro. Além deles, o estudo mostrou a presença de senegaleses e bengalis, assim como dos tradicionais portugueses, bolivianos e paraguaios.

Agronegócio – Segundo o OBMigra, o Brasil tem hoje em torno de 130 mil imigrantes no mercado de trabalho formal. Eles atuam sobretudo no final da cadeia produtiva do agronegócio, principalmente no Brasil meridional, abrangendo São Paulo e os três estados do Sul do País – Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. “Estão atuando em abate de frangos e de suínos, ou no corte de frango halal (produzido conforme os princípios do islã) para exportação. Foi essa indústria que absorveu esse novo fluxo dos imigrantes”, diz Cavalcanti.

Ele explica que esses estudos são essenciais porque permitem definir o perfil do trabalhador, revelando itens como sexo, país de origem, incorporação no mercado de trabalho, salário e possíveis inconsistências, o que ajuda a elaborar políticas públicas voltadas para esses trabalhadores. “Existem alguns profissionais com formação de engenheiro, de arquiteto, de médico, trabalhando em construção, em abate de aves e em outras situações de inconsistência de status”, salienta o diretor da organização. “Então, é fundamental ter esse conhecimento profundo do campo e da realidade para construir políticas públicas que permitam a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho e na sociedade brasileira.”

Já a situação dos venezuelanos aponta para um perfil diferenciado, porque eles estão concentrados na porta de entrada, que é Boa Vista. Os que estão se interiorizando, indo para São Paulo e Cuiabá, estão trabalhando no setor de serviços e no atendimento ao público, como em bares e restaurantes. “Mas eles não se misturaram, nem substituíram os imigrantes haitianos. É outro perfil, outra realidade migratória”, enfatiza Cavalcanti.

A diferença principal é que os haitianos vieram depois de um terremoto no país de origem, enquanto os venezuelanos chegaram devido a questões políticas e econômicas. Muitos deles ainda resistem à interiorização e ficam em Boa Vista porque têm a expectativa de que a situação vai melhorar no país de origem e poderão voltar.

O mais importante, de acordo com o diretor do OBMigra, é que ambos os perfis têm um monitoramento estatístico, com dados sobre inserção no mercado de trabalho, admissão, demissão e estoque dos imigrantes, enquanto estão entrando e saindo do país. Esse levantamento é publicado pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg), ligado ao Ministério do Trabalho. Os dados permitem que o CNIg defina resoluções normativas para os imigrantes, aplicando políticas específicas e normatizando questões relevantes para o Brasil.


Papa Francisco pede urgência na mudança de rota para o futuro.

Na conclusão do Simpósio promovido pelo Vaticano “Transição de energia e cuidado do lar comum”, o Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral divulgou um comunicado, a pedido do papa Francisco.

“Enfrentar essa crise sócio ecológica requer uma mudança radical em todos os níveis, tanto pessoal quanto coletivo”, escreve o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, na conclusão do simpósio “Transição energética e cuidado do lar comum”, realizado entre 7 e 9 de junho na Casina Pio IV, nos Jardins Vaticanos.

O encontro – também promovido pela Universidade de Notre Dame – Mendoza College of Business – contou com a participação de dirigentes das principais empresas líderes nos setores de petróleo, gás natural e outros relacionados à energia, para discutir a transição energética, as oportunidades e riscos para o meio ambiente e para os pobres.

Segundo os especialistas envolvidos no evento, há necessidade de se ter uma visão de longo prazo. 

Os participantes, recebidos pelo Papa Francisco no dia 9 de junho, concordaram com a necessidade de “uma transição para uma economia com baixas emissões”, examinando “riscos, oportunidades e caminhos possíveis”, incluindo “as implicações do preço do carvão e a necessidade de distribuir a renda às pessoas desfavorecidas”.

Particular ênfase foi dada à necessidade de uma “visão de longo prazo”, especialmente pensando nas gerações futuras, e no fato de que “nem a transição energética nem a mudança climática podem ser reduzidas a apenas problemas econômicos, tecnológicos e regulatórios”, mas é preciso uma “voz moral”.

Fonte: ENVOLVERDE