Mais de 50% da flora que só existe no Rio estão ameaçadas de extinção.
ABr
A flora do estado do Rio de Janeiro
tem 884 espécies que não podem ser encontradas em nenhuma outra
parte do mundo, mas 513 delas estão ameaçadas de extinção em
algum grau. Os dados constam no Livro Vermelho da Flora Endêmica do
Estado do Rio de Janeiro, que foi lançado na Escola Nacional de
Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O estudo foi desenvolvido ao longo
de três anos e meio e contou com a participação de 160
pesquisadores e técnicos. A coordenação foi do Centro Nacional de
Conservação da Flora (CNCFlora), e os R$ 3,8 milhões em recursos
utilizados vieram da Câmara de Compensação Ambiental do Estado do
Rio de Janeiro, que recebe recursos de compensação de
empreendimentos que causam danos ao meio ambiente.
O coordenador da pesquisa, Gustavo
Martinelli, aponta boas e más notícias entre as conclusões.
Segundo os dados, 86% das espécies ameaçadas podem ser encontradas
em unidades de coordenação, o que mostra que o sistema de
conservação é efetivo para preservá-las. Apesar disso, 20% das
que estão criticamente ameaçadas não estão presentes nessas
áreas.
Outra publicação divulgada hoje
traz 16 ações transversais que devem ser tomadas para proteger as
espécies endêmicas da flora fluminense e mais 30 ações
específicas para casos particulares. Entre as ações propostas
estão a criação e ampliação de unidades de conservação,
aumentar a capacitação do corpo técnico dos órgãos licenciadores
e ações de conscientização e educação.
“O Brasil tem tradição de fazer
listas de espécies ameaçadas, mas não de como tirar da lista. Não
adianta só dizer que está ameaçado, é preciso tirar as espécies
dali”.
Além do Livro Vermelho, a pesquisa
também resultou nas publicações Áreas Prioritárias para
conservação da flora endêmica ameaçada, Lista da Flora das
Unidades de Conservação Estaduais, e Guia de Campo da Flora
Endêmica.
Detetive botânico
Outro dado relevante do levantamento é que 431 espécies não são vistas há mais de 30 anos, e algumas não são encontradas há mais de 150. Martinelli explicou que isso não significa que essas espécies foram extintas, mas que falta coleta de dados e pesquisa de campo. Exemplos disso, segundo ele, são espécies que já eram dadas como extintas e foram reencontradas durante os três anos e meio de pesquisa.
Uma ação que deve ser implementada
nos próximos meses para envolver a sociedade na busca de espécies
endêmicas ameaçadas é a campanha Procura-se, em que qualquer
pessoa poderá usar um aplicativo para informar sobre uma possível
planta ameaçada que encontrar em seu caminho pelas trilhas dos
parques do estado. A campanha vai espalhar fotos de espécies
ameaçadas nas entradas de unidades de conservação e nas cidades
movimentadas pelo ecoturismo, para que os visitantes das reservas
cheguem à mata com essas espécies na memória.
Coordenadora técnica do CNC Flora,
Eline Martins explica que uma equipe de especialistas vai receber
esses dados e avaliar se eles podem corresponder às espécies
“procuradas”, e os usuários receberão uma pontuação, como em
um jogo virtual.
“O usuário vai poder falar,
inclusive, sobre as ameaças que estão ao redor da planta. Ele vai
preencher campos de informação, enviar fotos da planta inteira, da
folha, das flores, caso esteja em floração, e de frutas. Ele vai
respondendo perguntas que vão encaminhá-lo para possíveis
respostas”.
O aplicativo está sendo
desenvolvido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e deve ser
lançado até agosto. “Está praticamente finalizado”, afirmou
Elaine Martins.
Fonte: Agência
Brasil
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