Risco de nova estiagem e escassez
de água em São Paulo.
por Júlio Ottoboni (editor-chefe da
Envolverde)
O outono mal começou e mesmo com
temporais, São Paulo corre o risco de ter tanto um período de
estiagem associado a uma drástica baixa de seus reservatórios
hídricos é cada vez mais próximo da realidade. O quadro será
agravado em determinadas regiões do estado, como a Grande São Paulo
e o Alto Tietê. A conclusão é dos cientistas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e técnicos de monitoramento
das reservas de água do governo estadual.
A gravidade da situação fica ainda
mais evidente quando se traça um quadro analítico de em um curto
espaço de tempo. Em 15 de fevereiro do ano passado o reservatório
da Cantareira estava com 71% de seu volume, entretanto agora,
há exato um ano depois, o armazenamento caiu para 50%, mas
tendo chegado em 16 de janeiro a 45% de sua capacidade.
Os extremos climático surgem como o
grande responsável por essa situação. Proveniente das
alterações provocadas pelo aquecimento global antrópico, esse
fenômeno provoca grandes tempestades pontuais. Em grande
parte dos casos com as águas destas chuvas não escorrem
para bacias que pertençam as áreas de reserva hídrica, como os
lagos de represas.
Apesar da sensação de haver uma
quantidade de precipitação acima da média, os seis grandes
reservatórios de São Paulo tem num volume unificado algo próximo a
50% de suas capacidades. Os maiores indicativos são para um
possível colapso hídrico na região metropolitana e que pode
atingir também o Vale do Paraíba e a região de Campinas, que tem
índices bem abaixo do normal de precipitação para o período.
Como o cientista aposentado do Inpe
e fundador do Cptec , Carlos Nobre, além de ser um dos cientistas
mais respeitados na área, ele foi um dos pioneiros ao alertar sobre
as dramáticas mudanças no clima sobre o sudeste brasileiro. “Essas
grandes tempestades pontuais dão a sensação que há chuva em
abundância, mas isso é em uma escala muito pequena e enganosa”,
observou. “As precipitações estão concentradas, chove muito mas
apenas em um local específico e num determinado momento”.
A distribuição irregular das
chuvas de verão, associada à baixa previsibilidade climática
na região que abrange São Paulo, causa preocupação nos
meteorologistas sobre a possibilidade de estiagens prolongadas a
partir do trimestre fevereiro, março e abril.
Soma-se a isso a paralisação de
investimentos no segmento de previsão meteorológica pelo governo
federal, o Inpe opera atualmente com um supercomputador defasado aos
outros centros de semelhante porte em países que enfrentam
diretamente os problemas do aquecimento global.
Apesar das reclamações, alertas e
apelo dos pesquisadores, o das promessas do Ministério da Ciência e
Tecnologia, Inovações e Comunicações em fazer o aporte de
recursos para atualizar o equipamento estão longe de serem
cumpridas. Desde o final do ano passado do supercomputador Tupã
apresenta falhas graves e já quebrou algumas vezes interrompendo o
fornecimento de dados.
A Comissão de Ciência e Tecnologia
da Câmara dos Deputados, em outubro de 2016, aprovou a emenda do
deputado e ex-prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury
(PSDB). Ela destinava R$ 120 milhões para a compra de outro
supercomputador, mas o dinheiro não foi empenhado.
Mesmo diante das dificuldades, de
acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
(Cptec), órgão do Inpe, em seu prognóstico para meados do
verão e o início da meia estação, ressalta a possibilidade de “
grande irregularidade temporal e espacial das chuvas, principalmente
na área central e leste do Brasil”.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário