domingo, 1 de abril de 2018


Deserto do Saara está se expandindo pela mudança climática antrópica.

O maior deserto árido do planeta está cada vez maior. Esta é uma das principais conclusões de um estudo sobre o deserto do Saara feito por dois cientistas dos Estados Unidos e publicado na revista científica Journal of Climate. Pelas dinâmicas anuais, este deserto expandiu-se cerca de 10% desde 1920. Somente no verão, o crescimento é de cerca de 16%. Os cientistas estimam que as alterações climáticas antrópicas tenham contribuído para um terço dessa expansão. Os verões também estão mais quentes e os invernos estáveis, uma previsão já feita pelos cientistas.

Os desertos quentes e secos são regiões que têm uma baixa precipitação pluviométrica anual. Normalmente, chove cerca de 100 milímetros por ano ou menos. O deserto do Saara é uma dessas regiões e ocupa a maior parte do norte do continente africano. E suas fronteiras mudam de acordo com as estações, expandindo-se no Inverno e contraindo-se no verão. No inverno a estação é mais seca e o deserto se expande para sul.

Aliás, vários registos paleoclimáticos e geológicos mostram que os desertos têm uma dinâmica própria, causada por alterações climáticas naturais, que aumentam ou diminuem.

“No último período glacial, o Saara era mais extenso do que atualmente, mas com o início do período interglacial o clima tornou-se relativamente úmido naquela região e o deserto retrocedeu”, explica o físico Filipe Duarte Santos no livro Alterações Globais: Os Desafios e os Riscos Presentes e Futuros.

“Entre 8000 a.C. e 4000 a.C., grande parte do deserto do Saara estava coberto por savanas, em consequência de modificações nos padrões de circulação geral da atmosfera, e há cerca de 5000 anos adquiriu a configuração actual.” Este processo de desertificação foi natural, sem a intervenção humana, algo que não acontece agora”, explica o pesquisador.

Os cientistas da Universidade de Maryland quiseram então saber quais as fronteiras atuais do deserto do Saara. Para isso, analisaram dados observacionais ou simulações climáticas históricas, incluindo dados da precipitação, num período entre 1920 e 2013. “Esta investigação é a primeira avaliação a uma escala secular das mudanças das fronteiras do maior deserto do mundo”, informaram.

Analisando uma área de sete milhões de metros quadrados (a área climatológica média anual considerada como deserto), os cientistas viram que o Saara se tinha expandido globalmente cerca de 10% desde 1920 – o que corresponde a cerca de 700 mil quilómetros quadrados, ou seja, quase oito vezes a área territorial de Portugal e as suas ilhas. Consoante as estações, observou-se que o deserto pode aumentar entre 11% e 18%.

O artigo destaca que alguns países afetados por esta expansão anual, estão a Mauritânia, Mali, Chade e Sudão; Líbia, Camarões e a República Centro-Africana e o Níger.

Fonte: ENVOLVERDE

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