Deserto do Saara está se expandindo pela mudança climática antrópica.
O maior deserto árido do planeta
está cada vez maior. Esta é uma das principais conclusões de um
estudo sobre o deserto do Saara feito por dois cientistas dos Estados
Unidos e publicado na revista científica Journal of Climate. Pelas
dinâmicas anuais, este deserto expandiu-se cerca de 10% desde 1920.
Somente no verão, o crescimento é de cerca de 16%. Os cientistas
estimam que as alterações climáticas antrópicas tenham
contribuído para um terço dessa expansão. Os verões também estão
mais quentes e os invernos estáveis, uma previsão já feita pelos
cientistas.
Os desertos quentes e secos são
regiões que têm uma baixa precipitação pluviométrica anual.
Normalmente, chove cerca de 100 milímetros por ano ou menos. O
deserto do Saara é uma dessas regiões e ocupa a maior parte do
norte do continente africano. E suas fronteiras mudam de acordo com
as estações, expandindo-se no Inverno e contraindo-se no verão. No
inverno a estação é mais seca e o deserto se expande para sul.
Aliás, vários registos
paleoclimáticos e geológicos mostram que os desertos têm uma
dinâmica própria, causada por alterações climáticas naturais,
que aumentam ou diminuem.
“No último período glacial, o
Saara era mais extenso do que atualmente, mas com o início do
período interglacial o clima tornou-se relativamente úmido naquela
região e o deserto retrocedeu”, explica o físico Filipe Duarte
Santos no livro Alterações Globais: Os Desafios e os Riscos
Presentes e Futuros.
“Entre 8000 a.C. e 4000 a.C.,
grande parte do deserto do Saara estava coberto por savanas, em
consequência de modificações nos padrões de circulação geral da
atmosfera, e há cerca de 5000 anos adquiriu a configuração
actual.” Este processo de desertificação foi natural, sem a
intervenção humana, algo que não acontece agora”, explica o
pesquisador.
Os cientistas da Universidade de
Maryland quiseram então saber quais as fronteiras atuais do deserto
do Saara. Para isso, analisaram dados observacionais ou simulações
climáticas históricas, incluindo dados da precipitação, num
período entre 1920 e 2013. “Esta investigação é a primeira
avaliação a uma escala secular das mudanças das fronteiras do
maior deserto do mundo”, informaram.
Analisando uma área de sete milhões
de metros quadrados (a área climatológica média anual considerada
como deserto), os cientistas viram que o Saara se tinha expandido
globalmente cerca de 10% desde 1920 – o que corresponde a cerca de
700 mil quilómetros quadrados, ou seja, quase oito vezes a área
territorial de Portugal e as suas ilhas. Consoante as estações,
observou-se que o deserto pode aumentar entre 11% e 18%.
O artigo destaca que alguns países
afetados por esta expansão anual, estão a Mauritânia, Mali, Chade
e Sudão; Líbia, Camarões e a República Centro-Africana e o Níger.
Fonte: ENVOLVERDE
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