O desafio iminente da
sustentabilidade.
por
Ariovaldo Caodaglio*
O fato de numerosos municípios brasileiros não
terem erradicado os lixões até 2 de Agosto último, descumprindo o prazo
estabelecido pela Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, deixa em aberto um grande desafio ambiental. É muito importante
acelerar o processo para recuperar esse atraso, considerando o significado da
medida para a qualidade da vida.
Além disso, verificam-se avanços significativos nos
serviços de limpeza pública e coleta, que precisam ser devidamente acompanhados
na ponta da deposição final. Um exemplo dessa melhoria observou-se por ocasião
da Copa do Mundo. Em todo o País, estima-se que foram geradas 15 mil toneladas
adicionais de resíduos sólidos urbanos, incluindo o total inerente ao turismo,
estádios e Fan Fests nas cidades-sede.
Felizmente, essa grande demanda extraordinária foi
atendida com eficácia, como se observa em alguns casos pontuais. As partidas
realizadas na arena Mané Garrincha, no Distrito Federal, resultaram em mais de
43 toneladas. As cidades em que se estima maior geração total são Brasília
(1.827,66 toneladas), São Paulo (1.681,20), Rio de Janeiro (1.616,63) e
Fortaleza (1.467,16).
A Vila Madalena, bairro da capital paulista que apresenta
concentração de milhares de pessoas, incluindo torcedores estrangeiros, nos
dias de jogo foi recoberta de resíduos após as partidas. Porém, os serviços de
limpeza e coleta restabeleceram com agilidade a sua limpeza. Este caso
específico de São Paulo é emblemático, pois na cidade já não existem lixões.
Todo o rejeito tem sua disposição final em aterros sanitários, como define a
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O município aprovou no início de 2014 seu Plano de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que se encontra em execução e tem total
aderência à Lei Federal de Saneamento Básico e às políticas nacionais da área;
Mudanças do Clima; e Educação Ambiental. Dentre as medidas previstas,
destacam-se: construção de aterros sanitários, estações de transbordo e
ecopontos; expansão da coleta seletiva e de estações de triagem; e
projetos-pilotos de compostagem doméstica.
Avanços tecnológicos disponibilizados pelas
empresas concessionárias dos serviços de limpeza e coleta alinham a cidade ao
que há de mais moderno. Incluem-se nisso equipamentos como uma estação de
transbordo que opera à pressão negativa, garantindo o total tratamento do ar
que vai para o entorno, e projetos-pilotos de coleta mecanizada subterrânea e
de superfície, com os mesmos equipamentos utilizados em Barcelona, na Espanha.
Recentemente, inaugurou-se a primeira Central Mecanizada de Triagem, que traz
ao País a mais avançada tecnologia hoje disponível (alemã, francesa e
espanhola) para otimizar a reciclagem.
É preciso disseminar esses avanços por todo o
Brasil e agilizar a erradicação dos lixões, recuperando-se o tempo perdido.
Tais providências garantirão um grande avanço na área ambiental e melhoria das
condições da vida nos centros urbanos. No tocante aos resíduos sólidos, já
vencemos alguns desafios, mas precisamos recuperar o tempo perdido com o
descumprimento do que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
* Ariovaldo Caodaglio é cientista social,
biólogo e presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São
Paulo (SELUR).
Fonte: Eco21
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