Mudanças climáticas podem reduzir
produção de milho e trigo.
Uma nova pesquisa publicada recentemente no
periódico Environmental Research Letters sugere que as mudanças
climáticas aumentam a chance de que haja uma diminuição no rendimento das
colheitas de milho e trigo, o que pode afetar os preços e a disponibilidade dos
alimentos em longo prazo.
Cientistas da Universidade Stanford e do Centro
Nacional para Pesquisa Atmosférica (NCAR), ambos dos Estados Unidos, afirmam em
um novo estudo que, embora uma redução severa na produção dessas colheitas seja
improvável, o aquecimento global aumenta o risco de que isso aconteça em até 20
vezes.
Usando modelos de computador do clima global, os
pesquisadores descobriram que a probabilidade de as alterações climáticas
naturais causarem a diminuição no rendimento era de 0,5%. Mas quando os autores
levaram em consideração o aquecimento global intensificado pelo homem, as
probabilidades subiram para 5% nas colheitas de trigo e 10% nas de milho.
Os pesquisadores indicam que um aumento de 1ºC já
seria suficiente para reduzir a produção do milho em 7%, e a do trigo em 6%.
Dependendo da região de crescimento da colheita, as chances de tal aumento de
temperatura nos próximos 20 anos eram de 30% a 40% quando se considerava a
elevação no nível das emissões de CO2. Já no cenário das alterações naturais,
sem aumento das emissões, as chances de tal elevação nas temperaturas diminuíam
muito.
Claudia Tebaldi, cientista do NCAR e coautora do
estudo, observou que não se pode “prever se uma grande redução na produção das
colheitas realmente acontecerá, e as probabilidades ainda são bastante
reduzidas”.
“Mas as mudanças climáticas aumentam as chances a
um ponto em que as organizações preocupadas com a segurança alimentar ou a
estabilidade global precisam estar cientes desse risco”, continuou Tebaldi.
Isso significa que há uma chance considerável de
que ocorra certa diminuição no rendimento de colheitas de milho e trigo, o que
atrapalharia o crescimento estimado pela ONU de 13% por década na produção
dessas culturas até 2030, considerando ainda que o rendimento das colheitas
teria que aumentar devido à crescente população e demanda por biocombustíveis.
“Frequentemente me perguntam se as mudanças
climáticas ameaçarão a oferta de alimentos, como se fosse uma simples questão
de sim ou não”, comentou David Lobell, diretor associado do Centro de Segurança
Alimentar e Meio Ambiente da Universidade Stanford e coautor da pesquisa.
“A verdade é que, em um período de dez ou 20
anos, isso depende grandemente de quão rapidamente a Terra esquentará, e não
podemos prever o ritmo do aquecimento muito precisamente. Então o melhor que
podemos fazer é tentar determinar as probabilidades”, concluiu Lobell.
Fonte: CarbonoBrasil
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