As boas e más novidades sobre a
fome no mundo.
Roma, Itália, 18/9/2014 – O número de pessoas que
passam fome no mundo diminuiu em mais de cem milhões na última década e mais de
200 milhões desde 1990-1992, mas 805 milhões de habitantes ainda sofrem
insuficiência alimentar todos os dias, segundo os últimos dados da Organização
das Nações Unidas (ONU).
Esses números, extraídos do informe O Estado
da Segurança Alimentar no Mundo 2014 (SOFI2014), apresentado no dia 16, em
Roma, na Itália, indicam que é possível cumprir o primeiro dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM), de redução pela metade da proporção de
pessoas desnutridas até 2015, mas somente se “forem intensificados os esforços
apropriados e imediatos”.
É o que afirmam as três agências da ONU que
redigiram o informe de forma conjunta: Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola (Fida) e Programa Mundial de Alimentos (PMA). Entre esses esforços
estão “compromisso político bem informado por uma sólida compreensão dos
desafios nacionais, opções políticas pertinentes, ampla participação e lições
de outras experiências, pontuaram os autores do documento .
Ao apresentar o informe deste ano, o
diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, afirmou que os
números indicam que “um mundo sem fome é possível em nossa vida”. As três
agências com sede em Roma destacaram que, em geral, houve avanços
consideráveis, mas que algumas regiões estão atrasadas, como a África
subsaariana, onde mais de 25% dos habitantes estão cronicamente desnutridos, e
Ásia, onde vivem 520 milhões de pessoas que passam fome, a maior quantidade no
mundo.
Na Oceania houve uma ligeira melhora em termos
percentuais, já que baixou 1,7% dos 14% registrados em 2012, mas ao mesmo tempo
teve um aumento na quantidade de pessoas que sofrem fome. América Latina e
Caribe foi a região que mais avançou em reforçar a segurança alimentar.
Entretanto, a diretora-executiva do PMA, Ertharin Cousin, alertou que “ainda
não podemos comemorar, porque temos que alcançar 805 milhões de pessoas no
mundo que não têm alimentos suficientes para levar uma vida saudável e
produtiva”.
As agências defenderam um “entorno propício” e
destacaram que “a insegurança alimentar e a má nutrição são problemas complexos
que não podem ser resolvidos em apenas um setor ou grupo de interesse, mas que
devem ser abordados de maneira coordenada. Nesse sentido, pediram aos governos
que trabalhem em estreita colaboração com o setor privado e a sociedade civil.
Segundo o informe, esse “entorno propício” deve
se basear em um enfoque integrado que inclua os investimentos públicos e
privados para aumentar a produtividade agrícola, o acesso a terra, serviços,
tecnologias e mercados, e medidas para promover o desenvolvimento rural e a
proteção social dos mais vulneráveis, como o fortalecimento de sua capacidade
de resistência diante de conflitos armados e desastres naturais.
Em sua intervenção na apresentação do informe,
Cousin se referiu em particular ao atual foco de ebola na Guiné, Libéria e
Serra Leoa, na África ocidental, que qualificou de “uma emergência sanitária
sem precedentes que está se convertendo rapidamente em uma importante crise
alimentar”.
“Não se pode isolar as pessoas sem abordar os desafios alimentar e
nutricional das pessoas que necessitam de assistência”, acrescentou, explicando
que as populações desses países não estão colhendo nem plantando alimentos
devido à crise do ebola.
Segundo Cousin, “isso está se convertendo
rapidamente em uma crise alimentar que afeta potencialmente 1,3 milhões de
pessoas hoje em dia, e uma quantidade desconhecida que será afetada no futuro.
Não podemos deixar que essa crise humanitária de um nível sem precedentes afete
nossos esforços para avançar ainda mais, para alcançar as pessoas mais
vulneráveis de nosso planeta e para acabar com a fome em nossas vidas”.
O informe fará parte dos debates da Segunda
Conferência Internacional sobre Nutrição, que acontecerá em Roma entre 19 e 21
de novembro, organizada conjuntamente pela FAO e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Essa reunião de alto nível buscará reforçar o compromisso político
no âmbito mundial para combater a desnutrição com o objetivo geral de melhorar
as dietas e elevar os níveis de nutrição.
Fonte: ENVOLVERDE
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