Protocolo de Kyoto completa 10
anos em vigor.
por
Fundação Grupo Boticário
O principal objetivo do acordo era reduzir as
emissões de Gases de Efeitos Estufa (GEEs) no planeta.
Maior acordo ambiental internacional sobre clima já
estabelecido no mundo deve ser substituído por novo compromisso que será
firmado neste ano.
Há exatamente uma década, no início de 2005,
entrava em vigor o Protocolo de Kyoto. Na ocasião, o documento que havia sido
aprovado oito anos antes, durante uma conferência internacional da ONU,
adquiria valor jurídico para os 141 países que o ratificaram.
André Ferretti, gerente de Estratégias de
Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição
ambientalista que apoia projetos relacionados às mudanças climáticas, explica
que o principal objetivo do acordo era reduzir as emissões de Gases de Efeitos
Estufa (GEEs) no planeta. “O Protocolo de Kyoto foi um grande avanço para o
combate às mudanças climáticas. O documento estabelecia metas específicas e
obrigatórias de redução de GEEs para os países industrializados, considerados
os principais responsáveis pelas mudanças no clima global.” De modo geral, a
maior parte das nações industrializadas deveriam reduzir as emissões, até 2012,
a níveis 5% menores daqueles registrados em 1990.
A
degradação do Cerrado,
um dos biomas mais ameaçados do Brasil, gera grande parte das emissões dos
gases do efeito estufa, devido às mudanças no uso do solo resultantes das
queimadas e desmatamentos.
Crédito:
José Paiva.
A isenção de metas para os países não
industrializados, comentada por Ferretti, acabou tornando-se um dos pontos
polêmicos que envolveram o Protocolo. O principal emissor mundial de emissões
na época, os Estados Unidos (hoje na 2ª posição, atrás da China), não
ratificaram Kyoto. “A falta de exigência de redução de emissões para as nações
em desenvolvimento e possíveis prejuízos para a economia do país foram os
principais motivos que levaram os norte-americanos a se retirarem das
negociações do Protocolo”, relembra.
Na COP 18, no Qatar, o Protocolo de Kyoto teve seu
prazo prorrogado até 2020, porém sem contar com a assinatura de países como
Japão, Rússia, Canadá, Nova Zelândia e novamente os EUA.
E o Brasil como fica?
Com a maior potência comercial do mundo de fora, o
tratado perdeu força. Embora tenha havido reduções significativas em algumas
nações industrializadas signatárias, muitas nações industrializadas e economias
emergentes aumentaram significativamente suas emissões de GEEs em relação ao
que emitiam em 1990. Entre elas, China, Índia e o próprio Brasil.
De acordo com dados divulgados em novembro de 2014
pelo Observatório do Clima, rede de ONGs que atuam na agenda climática nacional, as
emissões brasileiras atingiram 1,57 bilhão de t CO2e [tonelada de gás carbônico
equivalente] em 2013. O valor é o maior desde 2008 e 7,8% maior do que o registrado
em 2012, representando a reversão de uma tendência observada desde 2005 no
país, quando as emissões vinham caindo ano a ano, devido a sucessivas quedas no
desmatamento.
“O perfil brasileiro de emissões tem mudado ao
longo dos últimos anos e o país tem se aproximado do modelo de nações
industrializadas, nas quais setores como energia e indústria representam a
maior parte das emissões. No Brasil, a emissão dessas áreas tem aumentado ano
após ano, embora a maior parcela ainda seja proveniente de mudanças no uso do
solo, especialmente em virtude de desmatamentos na Amazônia e no Cerrado”,
detalha Ferretti.
Próximos passos para Kyoto
A 20ª edição da Conferência das Partes da
Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, a COP 20, foi realizada em
dezembro de 2014, em Lima, no Peru. Durante o evento, foi elaborado o
“Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima”, um documento com os elementos
básicos para o novo acordo global que substituirá Kyoto, previsto para ser
aprovado durante a COP 21, que será realizada no final deste ano, em Paris.
Nesta semana, adiantando-se ao prazo informal
estipulado pela ONU, a União Europeia (UE) divulgou sua proposta de redução de
GEEs para o novo tratado global. Os 27 países do bloco indicaram que a
Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida (INDC) da UE é reduzir as
emissões “em pelo menos 40%”, até 2030, em relação aos níveis de 1990. O novo
acordo passará a valer a partir de 2021.
Para conferir o documento na íntegra, clique aqui. Confira também a avaliação de especialistas
brasileiros sobre a proposta da União Europeia, neste link.
Fonte: Fundação
Grupo Boticário
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