Santander decide parar de
financiar o desmatamento na Indonésia.
por
Redação do Greenpeace Brasil
Pressão popular, em especial dos correntistas do
banco, foi fundamental para que a instituição interrompesse empréstimos à
fabricante de celulose responsável pela destruição de florestas.
Em investigacão, o Greenpeace coletou evidências
sobre a atuação destrutiva da Asia Pacific Resources International Holdings
Limited (APRIL) nas florestas da Província de Riau, na Indonésia. Foto: © Ulet
Ifansasti / Greenpeace.
O banco Santander, um dos maiores do mundo, se comprometeu
a parar de financiar a fabricante de papel e celulose Asia Pacific Resources
International devido a destruição promovida pela companhia na floresta tropical
da Indonésia.
A April é considerada a maior desmatadora da
Indonésia. Ali, tem suplantado grandes áreas de florestas milenares para a
plantação de acácias, usadas na fabricação de papel e celulose. As ações da
empresa já foram condenadas por todas as agências ambientais do país, que a
acusam de violar leis ambientais, não cumprir com suas próprias regras básicas
de proteção das florestas – que são insuficientes – e de causar conflitos nas
comunidades locais.
O Santander possui aproximadamente 14% do mercado
de hipotecas do Reino Unido e mais de 100 milhões de clientes em todo o mundo.
Em uma investigação, o Greenpeace descobriu que o banco havia emprestado
dezenas de milhares de libras diretamente para a April, e viabilizado outros
empréstimos via sindicatos, incluindo um de 400 milhões de libras, que deu a
instituição bancária o prêmio de “Negócio do Ano”, cedido pela revista Trade
Finance.
Ativistas do Greenpeace do Reino Unido realizaram
uma ação, em fevereiro deste ano, em frente do escritório central do Santander
em Londres. A investigação do Greenpeace apontou que o banco vinha financiado
as operações da April na floresta tropical da Indonésia. Foto: © Greenpeace.
Mas, na semana passada, o banco multinacional
emitiu um comunicado, em resposta aos milhares de pedidos de explicação e
reclamações recebidos, no qual declarou: “baseado em uma profunda análise
interna, o Banco Santander decidiu não renovar o atual financiamento da April e
não ampliar o crédito nesta fase. Todos os empréstimos futuros a April estarão
condicionados a implementação de novas medidas para uma atuação sustentável em
relação ao desmatamento.”
“Estamos muito satisfeitos que o Santander se
juntou à lista crescente de empresas que decidiram acabar com sua participação
no desmatamento e tomar uma posição contra a destruição da floresta promovida
pela April. Muitos grandes compradores de papel já cancelaram seus contratos
com a April exatamente por esta razão. O anúncio do Santander envia uma
mensagem clara para empresa, de que o desmatamento é inaceitável. Além disso, o
anúncio coloca uma enorme pressão sobre outros bancos internacionais que
possuem ligações financeiras com a April, incluindo o Credit Suisse e o ABN
Amro Bank, para que firmem compromissos semelhantes”, disse Zulfahmi Fahmi, da
campanha de florestas do Greenpeace na Indonésia.
Os ativistas do Greenpeace iniciaram uma campanha
pela internet, com massivo apoio popular, para convencer o Santander a parar de
financiar a destruição da floresta.
“Tudo que o Greenpeace fez foi dar informações para
nossos apoiadores e eles fizeram o resto. A resposta dos clientes do Santander
tem sido sensacional. O Santander, por sua vez, ouviu e atendeu a demanda. Mas
isso nunca teria acontecido se o banco tivesse uma política responsável de
crédito. A política de crédito para o setor florestal continua um mistério –
Santander deve revisa-la e publica-la para fechar qualquer brecha que permita
que outras empresas continuem obtendo financiamentos para destruir as
florestas. A instituição também deve rever sua carta de clientes, para evitar
que outras companhias polêmicas rondem os seus balanços”, afirma o coordenador
da campanha de florestas do Reino Unido, Richard George.
(Greenpeace/Envolverde)
Fonte: Greenpeace Brasil
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