segunda-feira, 16 de março de 2015

Santander decide parar de financiar o desmatamento na Indonésia.
por Redação do Greenpeace Brasil
Pressão popular, em especial dos correntistas do banco, foi fundamental para que a instituição interrompesse empréstimos à fabricante de celulose responsável pela destruição de florestas.
Em investigacão, o Greenpeace coletou evidências sobre a atuação destrutiva da Asia Pacific Resources International Holdings Limited (APRIL) nas florestas da Província de Riau, na Indonésia. Foto: © Ulet Ifansasti / Greenpeace.

O banco Santander, um dos maiores do mundo, se comprometeu a parar de financiar a fabricante de papel e celulose Asia Pacific Resources International devido a destruição promovida pela companhia na floresta tropical da Indonésia.

A April é considerada a maior desmatadora da Indonésia. Ali, tem suplantado grandes áreas de florestas milenares para a plantação de acácias, usadas na fabricação de papel e celulose. As ações da empresa já foram condenadas por todas as agências ambientais do país, que a acusam de violar leis ambientais, não cumprir com suas próprias regras básicas de proteção das florestas – que são insuficientes – e de causar conflitos nas comunidades locais.

O Santander possui aproximadamente 14% do mercado de hipotecas do Reino Unido e mais de 100 milhões de clientes em todo o mundo. Em uma investigação, o Greenpeace descobriu que o banco havia emprestado dezenas de milhares de libras diretamente para a April, e viabilizado outros empréstimos via sindicatos, incluindo um de 400 milhões de libras, que deu a instituição bancária o prêmio de “Negócio do Ano”, cedido pela revista Trade Finance.
Ativistas do Greenpeace do Reino Unido realizaram uma ação, em fevereiro deste ano, em frente do escritório central do Santander em Londres. A investigação do Greenpeace apontou que o banco vinha financiado as operações da April na floresta tropical da Indonésia. Foto: © Greenpeace.

Mas, na semana passada, o banco multinacional emitiu um comunicado, em resposta aos milhares de pedidos de explicação e reclamações recebidos, no qual declarou: “baseado em uma profunda análise interna, o Banco Santander decidiu não renovar o atual financiamento da April e não ampliar o crédito nesta fase. Todos os empréstimos futuros a April estarão condicionados a implementação de novas medidas para uma atuação sustentável em relação ao desmatamento.”

“Estamos muito satisfeitos que o Santander se juntou à lista crescente de empresas que decidiram acabar com sua participação no desmatamento e tomar uma posição contra a destruição da floresta promovida pela April. Muitos grandes compradores de papel já cancelaram seus contratos com a April exatamente por esta razão. O anúncio do Santander envia uma mensagem clara para empresa, de que o desmatamento é inaceitável. Além disso, o anúncio coloca uma enorme pressão sobre outros bancos internacionais que possuem ligações financeiras com a April, incluindo o Credit Suisse e o ABN Amro Bank, para que firmem compromissos semelhantes”, disse Zulfahmi Fahmi, da campanha de florestas do Greenpeace na Indonésia.

Os ativistas do Greenpeace iniciaram uma campanha pela internet, com massivo apoio popular, para convencer o Santander a parar de financiar a destruição da floresta.

“Tudo que o Greenpeace fez foi dar informações para nossos apoiadores e eles fizeram o resto. A resposta dos clientes do Santander tem sido sensacional. O Santander, por sua vez, ouviu e atendeu a demanda. Mas isso nunca teria acontecido se o banco tivesse uma política responsável de crédito. A política de crédito para o setor florestal continua um mistério – Santander deve revisa-la e publica-la para fechar qualquer brecha que permita que outras empresas continuem obtendo financiamentos para destruir as florestas. A instituição também deve rever sua carta de clientes, para evitar que outras companhias polêmicas rondem os seus balanços”, afirma o coordenador da campanha de florestas do Reino Unido, Richard George. (Greenpeace/Envolverde)


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