Agricultura é o setor mais
afetado por desastres, diz relatório da FAO.
por
Redação da ONU Brasil
Durante conferência globa sobre o tema, realizada
no Japão, agência da ONU lançou mecanismo para canalizar conhecimentos técnicos
e recursos financeiros com objetivo de promover a resiliência.
Foto: Agência Brasil
Quase um quarto dos danos causados por desastres
naturais no mundo em desenvolvimento recaem sobre o setor agrícola – um valor
superior ao inicialmente estimado – de acordo com os resultados iniciais de um
novo estudo da FAO apresentado nesta terça-feira (17), durante a Conferência
Mundial da ONU para a Redução do Risco de Desastres.
A agência da ONU anunciou também o lançamento de um
mecanismo especial que visa a ajudar os países a melhorar os seus setores de
produção alimentar para reduzir a exposição ao risco, limitar os impactos e
melhorar a preparação para lidar com as catástrofes.
Vinte e dois por cento de todos os danos causados
por desastres naturais, como as secas, as cheias por tempestades ou tsunamis,
recaem sobre o setor agrícola, de acordo com a análise da FAO. O estudo usou
como base 78 avaliações das necessidades pós-catástrofe em 48 países em
desenvolvimento durante o período de 2003-2013.
Normalmente, são as comunidades rurais e
semirrurais pobres as que sofrem estes impactos e perdas, carecendo ainda de
seguros e recursos financeiros necessários para recuperar os meios de vida
perdidos. Apesar disso, no período 2003-2013, apenas 4,5% da assistência
humanitária foi destinada à agricultura após os desastres.
O valor de 22% representa apenas os danos relatados
através de avaliações de risco pós-desastre, por isso, apesar de nos dar uma
indicação da escala, o impacto real é provavelmente ainda maior.
Para obter uma estimativa mais precisa dos
verdadeiros custos financeiros das catástrofes para a agricultura no mundo em
desenvolvimento, a FAO comparou as quedas de produção durante e após os
desastres com a evolução da mesma em 67 países afetados por pelo menos um
evento de média ou larga escala entre 2003 e 2013.
O resultado final: 70 bilhões de dólares em danos
nas colheitas e produção animal durante esse período de 10 anos. A Ásia foi a
região mais afetada, com perdas estimadas em 28 bilhões de dólares, com a
África vindo em seguida: 26 bilhões de dólares.
“A agricultura, e tudo o que está englobado, não só
é essencial para o nosso abastecimento alimentar, como também continua a ser a
principal fonte de sustento em todo o planeta. Embora sendo um setor em risco,
a agricultura também pode ser a base sobre a qual construímos sociedades mais
resilientes e capazes de lidar com desastres”, disse o diretor-geral da FAO, o
brasileiro José Graziano da Silva.
“É por isto que promover a resiliência dos meios de
subsistência face a ameaças e crises é uma das principais prioridades da FAO”,
acrescenta.
Novo mecanismo para a redução do risco de desastres
na agricultura
Para ajudar os países a se preparar e a responder
melhor aos desastres naturais que afetam a agricultura, a FAO lançou também na
terça (17) um novo mecanismo com o objetivo de canalizar o apoio técnico para
onde este é mais necessário. O mecanismo irá funcionar para integrar a questão
da redução do risco de desastres na agricultura a todos os níveis e através de
diversas atividades.
“Com este novo esforço, pretendemos limitar a
exposição da pessoas aos riscos, evitar e reduzir os impactos quando possível e
aumentar a capacidade de resposta quando as catástrofes ocorrem”, disse
Graziano.
Estudos têm demonstrado que, para cada dólar gasto
na redução do risco de catástrofes, são poupados dois a quatro dólares em
termos dos impactos evitados mitigados, realçou o chefe da FAO. O trabalho
deste novo instrumento estará enquadrado no Programa Quadro da FAO para a
Redução do Risco de Desastres para a Segurança Alimentar e Nutricional.
Agricultura continua a ser setor-chave
Em nível mundial, os meios de sustento de 2,5
bilhões de pessoas dependem da agricultura. Estes pequenos agricultores,
pecuaristas, pescadores e comunidades que dependem das florestas geram mais de
metade da produção agrícola mundial e são particularmente vulneráveis às
catástrofes que destroem ou danificam colheitas, equipamentos, mantimentos,
gado, sementes, plantações e alimentos armazenados.
Para além das consequências evidentes para a
segurança alimentar das populações, as economias e o desenvolvimento das
regiões e países podem ser afetados quando os desastres atingem a agricultura.
O setor é responsável por até 30% do PIB nacional em países como Burkina Faso,
Burundi, República Centro-Africana, Chade, Etiópia, Quênia, Mali, Moçambique e
Níger, entre outros.
Ocorrem também perdas indiretas nos subsetores que
dependem da agricultura e consequências significativas nos fluxos comerciais.
Entre 2003 e 2013, os países analisados observaram um aumento nas importações
agrícolas na ordem de 18,9 bilhões de dólares e uma queda nas exportações
agrícolas de 14,9 bilhões de dólares após desastres naturais.
Fonte: ONU Brasil
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