Energia e os possíveis caminhos
para 2050.
por
Redação do Greenpeace Brasil
Em encontro promovido para discutir o futuro
energético do Brasil, Greenpeace apresenta cenário baseado em energia solar e
com nível mínimo de emissão
Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e
Energia do Greenpeace, apresentou as projeções da organização para a matriz
energética brasileira até 2050. Foto: © Alan Azevedo / Greenpeace.
Num contexto de mudança de produção de energia, a
Plataforma Cenários Energéticos (PCE) surge para pensar novos rumos para a
matriz energética brasileira nos próximos 35 anos, contemplando os estudos de
instituições da sociedade civil. O primeiro encontro público foi realizado dia
26, em Brasília, com a participação de diversas organizações juntamente com o
governo – este último representado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O Greenpeace foi uma das quatro instituições a
apresentar um cenário para a matriz energética brasileira em 2050, baseado em
seu estudo de 2013, o [R]evolução Energética. As
outras três a exporem seus estudos e projeções foram a COPPE/UFRJ (Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, a SATC (Associação Beneficente da Indústria
Carbonífera de Santa Catarina) e o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
Frente ao planejamento ainda em andamento do
governo para 2050, as instituições se mostraram muito preparadas e capacitadas
em suas exposições, embora vários pontos divergentes entre os quatro cenários
tenham embasado a maior parte da discussão.
Dentre os quatro cenaristas, o Greenpeace é o que
mais prioriza a energia solar. De modo geral, observa-se que os demais
consideram como base da matriz energética do Brasil a fonte hídrica.
Mesmo
assim, todos os cenários indicam a importância de fontes renováveis como
hidroeletricidade, solar e eólica e uma política de energia bastante calcada em
eficiência energética.
“Apesar das diferenças entre as projeções, fica
claro que o futuro do país depende do desenvolvimento e expansão da energia
solar”, explica Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do
Greenpeace Brasil. Porta-voz da ONG no encontro, Baitelo alertou que esse
investimento em solar é para ajudar a atender a demanda energética com baixas
emissões de gases de efeito estufa, gerando de centenas de milhares de empregos
verdes.
Todos os cenários incluem, mesmo que em distintas
proporções, fontes de energia constantes (térmicas, gás, carvão e nuclear),
como forma de complementar a intermitência das fontes renováveis predominantes.
O cenário do Greenpeace é um exceção: ele não adiciona ao Plano de Obras
térmicas a carvão nem usinas nucleares.
As projeções do Greenpeace apresentam uma expansão
de fontes térmicas mais moderada em relação aos demais cenaristas, valendo-se
apenas de usinas à gás natural enquanto as demais fontes fósseis são na maioria
desconsideradas. Essa estratégia de expansão corresponde com o objetivo do
Greenpeace de reduzir a emissão de gases de efeito estufa e erradicar os riscos
nucleares.
Sobre a geração hídrica, o Greenpeace não inclui em
seu cenário hidrelétricas de grande porte ou qualquer que tenha reservatório. A
PCE supõe que nos Planos de Obras com grandes hidrelétricas, a área impactada
será a Região Amazônica. Diante disso, seria possível interpretar que as
matrizes da SATC, COPPE e ITA resultariam em impactos de distintas proporções
na região.
“A iniciativa da Plataforma de Cenários Energéticos
é extremamente positiva para propor soluções alternativas aos planos
governamentais”, atesta Baitelo. Para ele, é essencial aumentar o debate sobre
as escolhas necessárias para chegar a 2050 com uma matriz de baixos impactos
socioambientais e baixas emissões de gases de efeito estufa.
Fora todo o debate e proposições, no final do
evento os participantes pontuaram a necessidade de incentivos e políticas
efetivas para o desenvolvimento maciço da energia solar no Brasil, como a
desoneração do ICMS e a melhora das condições propostas pela resolução 482/2012
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Fonte: Greenpeace Brasil
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