Europeus dizem não à madeira
ilegal.
por
Redação do Greenpeace Brasil
Protesto em Paris contra a entrada de madeira
ilegal na Europa. Foto: © Greenpeace/Pierre Baelen.
Ativistas protestam contra a entrada de madeira
ilegal na Europa extraída a partir da destruição das florestas tropicais em
países como o Brasil e o Congo.
Na manhã desta última quarta-feira, ativistas do
Greenpeace colocaram uma tora gigante de quatro toneladas e 8,5 metros de
comprimento em frente ao Ministério da Ecologia de Paris, na França. Eles
carregavam faixas com os dizeres (em francês): “Madeira Ilegal: dois anos de
inação” e “O governo não dá a mínima para a madeira ilegal”.
A ação ocorreu lembrando o aniversário da EUTR
(European Union Timber Regulation), legislação que proíbe a importação de
madeira ilegal para o mercado europeu, principalmente de países considerados de
alto risco, como o Brasil e o Congo. Em apoio ao protesto, em apenas duas
semanas mais de 100 mil europeus enviaram e-mails ao ministro da Ecologia
francês pedindo a aplicação consistente da lei.
Entre outras coisas, a EUTR visa a capacitar os
importadores sobre a madeira que compram, pois cabe a eles provar que têm feito
todos os esforços para minimizar o risco de produtos ilegalidade que importam.
A lei entrou em vigor no início de março de 2013, porém, tanto na França como
em outros países, pouco tem sido feito para colocá-la em prática de forma
eficiente, o que acaba facilitando a entrada de madeira ilegal na Europa, um
dos principais destinos da madeira ilegal.
Durante esses dois anos desde a aprovação da lei, o
Greenpeace expôs incansavelmente uma serie de casos de entrada madeira na
Europa com origem de empresas envolvidas com atividades criminosas e ilegais na
Amazônia e na Bacia do Congo. No entanto, pouco foi feito para mudar essa
situação e, quanto mais tempo passa sem que a lei seja efetivamente aplicada,
mais estímulos os madeireiros ilegais dos países tropicais têm para continuar
operando e causando desmatamento e violência.
Para se ter uma ideia, segundo a Interpol, de 15 a
30% da madeira vendida no mundo tem origem ilegal. No Pará, o estado maior
produtor de madeira no Brasil, cerca de 80% da extração de madeira ocorre de
forma ilegal.
A EUTR, legislação que proíbe a entrada de madeira
ilegal na Europa, completa dois anos sem mostrar eficácia. Foto: ©
Greenpeace/Pierre Baelen.
“A pergunta que fica é: se há uma lei para impedir
que a madeira tropical ilegal seja vendida na Europa, por que nada vem sendo
feito a respeito?”, indaga Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do
Greenpeace.
“As empresas devem ter pleno controle da origem da madeira que
compram, caso contrário, não deveriam comprar. Nós já mostramos que atualmente
o papel não vale nada, o que pode ser confirmado pelas próprias operações de
fiscalização da Sema (Secretaria do Meio Ambiente do Pará). As autoridades
competentes europeias têm que assumir as suas responsabilidades e investigar a
entrada de madeira ilegal nesses países”, afirma ela.
Não foi o que aconteceu, por exemplo, no caso da
madeira denunciada pelo Greenpeace, em novembro do ano passado, quando as
autoridades belgas apreenderam seis contêineres de madeira amazônica de Rainbow
Trading, serraria exposta em investigação do Greenpeace como receptora de
madeira ilegal. No início desse ano, as autoridades europeias liberaram a
comercialização dessa madeira baseadas em uma carta do governo brasileiro que,
no entanto, não garantia a legalidade da madeira. Porém, essa foi a decisão das
autoridades, mesmo sem realizar a investigação sobre a origem desse produto que
teve sua fonte contaminada e, portanto, continuou sendo suspeito.
Por diversas vezes o Greenpeace alertou as
autoridades europeias sobre o alto risco da madeira amazônica, mostrando que os
papeis apresentados para legitimar sua origem, apesar de oficiais, não garantem
sua legalidade e, portanto, não têm validade, pois são obtidos por meio de
fraudes no sistema de controle de madeira. Mesmo assim, as autoridades
continuam confiando nos documentos oficiais e não realizam as devidas
investigações.
“Comprar madeira de serrarias como a Rainbow
Trading é o mesmo que descumprir a lei, já que sua origem foi contaminada por
madeira ilegal. Essa madeira deveria ter sido investigada e, caso não
conseguissem chegar a uma conclusão, não deveria ter sido vendida normalmente
no mercado em hipótese alguma”, protesta Lacôrte. “Agora, os consumidores
estarão expostos a comprar madeira ilegal e estarão de certa forma contribuindo
involuntariamente com a destruição da maior floresta tropical do mundo”.
Fonte: Greenpeace Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário