Líderes
sustentáveis tomam decisões éticas.
Ricardo Voltolini destacou os principais pontos que
caracterizam as lideranças sustentáveis. Foto: Rodrigo Lorenzon.
“É impossível falar de sustentabilidade sem pensar
que essa é uma questão que passa por decisões éticas”, afirmou Ricardo
Voltolini, jornalista, professor da Fundação Dom Cabral e diretor da
consultoria Ideia Sustentável, que palestrou na última sexta-feira (02), no
Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios – Ciclos,
realizado pelo Sebrae-MT, em Cuiabá.
Voltolini relembrou os conceitos centrais do termo
sustentabilidade, criado pela ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland, uma das autoras do documento Nosso futuro comum, publicado pelas
Nações Unidas (1987) e pioneiro nas discussões sobre a necessidade de mudança
de paradigma sobre o desenvolvimento.
“Essa é uma palavra que já foi muito desvirtuada,
porém ela tem uma base que ainda vale para todas as discussões.
Sustentabilidade é produzir hoje sem gastar os recursos que as próximas
gerações precisarão para também produzirem e consumirem no futuro”, afirmou
Voltolini. “Os líderes sustentáveis são justamente os que tomam decisões éticas
em prol de um futuro comum e mais altruísta”.
Uma cultura mais colaborativa e sustentável pode
ajudar as empresas nos negócios. Para o consultor, os investimentos em
inovações sustentáveis seriam uma grande janela de oportunidade para as
pequenas e médias empresas. “Elas podem gerar as soluções que faltam para
trilharmos os caminhos da nova economia, a chamada economia verde. Investir em
áreas como soluções energéticas e a redução da geração de resíduos faz parte
desse caminho”, afirmou Voltolini, ressaltando as qualidades que os novos
líderes devem ter.
Depois de entrevistar mais de 50 grandes
empresários que investiram na sustentabilidade, o consultor listou as cinco
principais características comuns entre eles. Ser apaixonado pelo tema, ter uma
visão de oportunidade onde muitos encaram apenas riscos, inserir os valores da
sustentabilidade em toda cadeia do negócio e a colaborar para a educação de
todas as partes interessadas no negócio seriam as principais.
Alcançar essas características é fundamental para
que as empresas ajudem a superarmos as grandes crises globais, como a questão
climática e a escassez hídrica. “A bolha do extrair, produzir e descartar está
estourando. Já existem cidades hoje que não tem mais onde empilhar lixo. O
trabalho escravo e infantil não é mais permitido. As pessoas questionam cada
vez mais como as empresas produzem”, pontua.
“Para superar esses problemas vamos precisar de
líderes com uma conduta guiada pela ética de fazer em prol do bem comum.
Líderes que tenham coragem para tomar decisões que vão contra a maré e que
sejam coerentes. Pessoas resilientes, que não se abatam frente aos obstáculos”,
conclui.
* Juliana Arini é jornalista especial para o
Ciclos.
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