Relatório
propõe medidas para reduzir até 96% das emissões em 2030.
Recomendações sugerem
ação climática mais forte para gerar crescimento econômico.
Por Sávio de Tarso, da Envolverde
Um conjunto de dez recomendações visando acelerar
a transição para uma economia de baixo carbono nos próximos 15 anos é o que
propõe o Relatório 2015 Nova Economia do Clima, divulgado pela Comissão Mundial
sobre Economia e Clima. O documento “Aproveitando a Oportunidade Global:
Parcerias para Crescer Melhor e um Clima Melhor” sugere que as propostas
representam oportunidades para promover uma ação climática mais robusta,
produzindo simultaneamente benefícios econômicos significantes, capazes de
permitir uma ambição maior nas metas dos países que estão sendo anunciadas para
a Conferência do Clima de dezembro em Paris. Adotadas em conjunto, diz o
estudo, as recomendações têm a condição de alcançar ao menos 56% — e
potencialmente até 96% — de redução das emissões necessária em 2030 para manter
o aquecimento global abaixo dos 2°C. A Comissão Mundial foi criada em 2013 com
o objetivo de fornecer aos governos, empresas e à sociedade informações capazes
de ajudar a conduzir a economia na direção da prosperidade ao mesmo tempo que
enfrentam a mudança climática.
“Existem muitas maneiras de colocar as estruturas
de incentivos no lugar certo” – comentou o economista Nicholas Stern,
presidente da Academia Britânica e copresidente da Comissão, numa entrevista
coletiva que antecedeu ao lançamento do relatório. Ele defendeu penalizações
econômicas para emissores de gases de efeito-estufa em todos os níveis da
sociedade, pois é preciso mostrar que todas as atividades podem ter
consequências para a mudança climática. Disse ainda que é necessário acabar com
os subsídios aos combustíveis fósseis, transferindo recursos para tecnologias
que não produzem emissões de gases-estufa. “Você começa a ter um mercado de
carbono quando todos esses incentivos estão disponíveis” – acrescentou,
informando que o documento descreve como se pode implementar esses mecanismos em
todos os níveis da sociedade.
O ex-presidente do México Felipe Calderón,
copresidente da Comissão, disse que os países da América Latina devem adotar
mecanismos mencionadas no relatório para reduzir o desmatamento – principal
causa das emissões regionais. Chamou atenção, ainda, para o fato de que “nos
países em desenvolvimento é preciso superar a mentalidade de ficar culpando uns
aos outros”, porque sem esforços de todos não será possível manter o aumento da
temperatura média global abaixo dos 2°C. “E não estamos falando apenas dos
benefícios climáticos, mas também das oportunidades econômicas para os países
da região, que podem contribuir muito para melhorar da qualidade de vida dos
nossos povos.”
Em linhas gerais, as dez recomendações do
Relatório (íntegra aqui)
são:
1. Acelerar a descarbonização das grandes
cidades;
2. Restaurar e proteger paisagens agrícolas e
florestais, e aumentar a produtividade agrícola;
3. Investir ao menos US$ 1 trilhão ao ano em
energia limpa;
4. Elevar os padrões da eficiência energética ao
melhor nível possível;
5. Implementar efetivamente a precificação do
mercado de carbono, e acabar com subsídios aos combustíveis fósseis;
6. Integrar os riscos climáticos no desenvolvimento
de políticas e planos para uma nova infraestrutura;
7. Estimular a pesquisa e o desenvolvimento de
tecnologias de baixo carbono;
8. Aumentar a participação de investidores e
negócios nas atividades de baixo carbono;
9. Ter maior ambição para reduzir a aviação
internacional e as emissões marítimas;
10. Reduzir gradualmente o uso de HFCs
(gases-estufa usados em refrigeração, entre outros fins).
Fonte: ENVOLVERDE
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