A
importância do manejo sustentável.
Gestão do setor pesqueiro no país tem sido feita
por medidas pontuais. Foto: Shutterstock.
Por Maiana Diniz, da Agência Brasil –
Tão importante quanto identificar o volume total de
peixe retirado do mar é saber a quantidade de cada espécie pescada, como
explica a bióloga Mônica Peres. Segundo a pesquisadora, o litoral do Brasil,
com 8,5 mil quilômetros de extensão, tem grande diversidade de espécies
marinhas, mas número limitado de cada uma.
“Ecossistemas com essa característica dependem do equilíbrio
entre as espécies para funcionar. Nesse contexto, o planejamento e a gestão por
manejo são fundamentais para que a atividade seja sustentável a longo prazo,
tanto do ponto de vista da biodiversidade quanto do negócio”, destaca a
especialista.
O pesquisador Paulo Pezzuto, da Universidade do
Vale do Itajaí (Univali), avalia que a gestão do setor pesqueiro no país tem
sido feita por medidas pontuais. “Quando acontece uma crise, como a ameaça de
extinção de alguma espécie, uma ação pontual é tomada. Desconsidera-se a
complexidade do setor.”
Ele também defende que a gestão seja feita por
planos de manejo, que incluem a descrição das pescarias com as informações
científicas para que todos entendam o que precisa ser feito.
Mônica Peres conta que a gestão na Austrália é uma
boa referência. Lá, para cada espécie marinha estão definidas as metas de pesca
e os planos de ação caso um ponto crítico seja atingido. “Reduzem-se os barcos
pela metade, proíbe-se a pescaria pelo período necessário. Essa decisão não é tomada
por um gestor que acabou de chegar. Isso já está decido com base na ciência.”
De acordo com ela, dessa forma o setor pode se
preparar. “Todos acompanham e podem, inclusive, prever o quanto vão investir
naquela pescaria. No Brasil, o pescador compra barco, compra rede, investe e
depois descobre que aquela pesca foi proibida.”
Para Mônica, o ideal no Brasil é ter uma produção
menor, mas de peixes mais nobres, portanto mais lucrativa. “Os vermelhos e as
garoupas, por exemplo, têm grande potencial de exportação a preços altos. O
setor pode pescar menos e ganhar mais.”
Além disso, a pesquisadora destaca a importância da
diversidade de peixes para a segurança alimentar do país. “Quando se tem a
diminuição dos estoques das populações de peixe, você está gerando impactos que
não podem ser contabilizados.”
Mônica lembra que em algumas áreas do país, com na
Amazônia e na região costeira do Rio Grande do Sul, por exemplo, a população
come peixe em todas as refeições. Uma pesquisa recente da Oceana revelou que o
consumo médio das famílias ribeirinhas é cerca de 200 quilos de pescado por
ano.
O secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca
do Ministério da Pesca e Aquicultura, Fábio Hazin, também está certo de que a
administração dos estoques de forma mais eficiente pode aumentar a
produtividade e lucratividade do setor.
* Edição: Talita Cavalcante.
Fonte: Agência Brasil
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