Projeto
estimula o protagonismo de jovens extrativistas na Amazônia.
Objetivo é estimular o empreendedorismo e a
liderança em jovens extrativistas do Amazonas. Foto: © Fernanda Ferraz - Por Redação do WWF Brasil –
Cerca de 60 jovens de comunidades de Carauari (AM)
têm tido uma oportunidade única. Até novembro, eles aprenderão novos
conhecimentos, ao vivenciarem experiências in loco em outras regiões do País
sobre conservação da biodiversidade, gestão e novos negócios, e educação
ambiental.
A proposta é nobre: buscar soluções criativas para
temas relevantes da realidade local como geração de renda, educação, inclusão,
fortalecimento social e acesso a mercados para as cadeias da
sociobiodiversidade em outros estados do Brasil. Ao mesmo tempo buscar
identificar novas lideranças e despertar o empreendedorismo e protagonismo
desses jovens.
A iniciativa faz parte do projeto Intercambiando,
parceria do WWF-Brasil e da Coca-Cola, que tem o objetivo de capacitar os
jovens e proporcionar experiências diferenciadas que multipliquem e ampliem o
conhecimento adquirido para suas comunidades. Para participar dos intercâmbios,
os jovens foram divididos em três grupos e cada um elegeu então seis
representantes para fazerem as viagens de intercâmbio. A última etapa de
viagens acontece até 13 de julho, onde os jovens visitarão iniciativas
socioambieantais bem sucedidas no estado do Acre. Um dos objetivos do projeto é
que o conhecimento adquirido durante os intercâmbios, quando transferido à
realidade local, inspire o envolvimento de outros jovens das comunidades e
estimule o sentimento de pertencimento à floresta.
Viagens
O primeiro intercâmbio aconteceu no início de
junho. Os jovens atravessaram o Brasil até chegar à região vinícola de Bento
Gonçalves (RS) para aprofundar o tema “Gestão e Novos Negócios”. No sul do
país, eles observaram de perto as experiências de cooperativismo e
associativismo que são consideradas casos de sucesso no país e que movimentam
grandes negócios de indústrias alimentícias.
O segundo grupo viajou, na última semana, para a
terra do ambientalista Chico Mendes, em Xapuri, no estado do Acre, para estudar
inovação para a conservação da biodiversidade na emblemática Reserva
Extrativista (Resex) Chico Mendes. Eles conheceram novos arranjos de negócios e
técnicas sustentáveis de extrativismo, assim como experiências de manejo
florestal comunitário, beneficiamento de castanha e ecoturismo de base
comunitária da região.
O último grupo embarca para Feijó (AC), no período
de 7 a 13 de julho, com foco em conceitos sobre educação ambiental. No
município de Feijó, também no Acre, eles terão contato com Unidades Produtivas
Familiares em sistema de Agrofloresta, colônias de pescadores de Pirarucu e
produtores de artesanato feito com seringa. As diversas experiências deverão subsidiar
a formatação de um conjunto de materiais pedagógicos com identidade regional
para formação continuada.
Sustentabilidade das cadeias
A parceria global entre o WWF e a Coca-Cola permite
que empresas se comprometam a liderar um movimento mundial para conservação dos
recursos naturais, até 2020. No Brasil, essa parceria busca a sustentabilidade
das cadeias de valor dos insumos, do uso sustentável dos recursos hídricos e a
proteção e valorização de florestas.
“Com o Intercambiando, queremos proporcionar aos
jovens uma experiência única, que demonstre claramente o valor da floresta em
pé. Esses jovens são fundamentais para a conservação e desenvolvimento
socioambiental de comunidades no interior da Amazônia e sabemos que disseminar
as possibilidades de empreender na floresta poderá ampliar ainda mais as suas
perspectivas futuras”, afirmou do Diretor de Valor Compartilhado da Coca-Cola
Brasil, Pedro Massa.
“Esse grupo de jovens já demonstrou que tem
potencial para assumir o protagonismo nas organizações locais. Esperamos que
esse projeto contribua para que alguns deles sejam as lideranças locais que
poderão garantir a integridade de quase 1 milhão de hectares de florestas das
duas reservas ambientais onde moram, a Resex Médio Juruá e RDS Uacari”, disse
Marcelo Oliveira, especialista de conservação do WWF-Brasil.
Um dos produtos do projeto, a ser elaborado pelos
próprios alunos, será um material técnico-pedagógico com identidade local,
conforme o histórico de aprendizagens e sua relação com as cadeias produtivas
da floresta e com o meio ambiente. Cada jovem será um multiplicador dessa
experiência em sua comunidade, podendo levar mais conhecimento a um maior
número de pessoas.
A castanheira é um das árvores amazônicas cujo
fruto pode ser explorado de forma responsável. Foto: © WWF-Brasil /Zig Koch
Gestão e novos negócios
A jovem Raimunda Sandra Melo de Sousa, 19 anos,
conhecida por “Sandra”, foi uma das eleitas para embarcar para Bento Gonçalves
(RS). Moradora da comunidade de Vila Ramalho, no município de Carauari, ela
vive numa região em que grande parte da renda dos moradores vem do extrativismo
do açaí e da andiroba. Desde 2013, Sandra vem atuando de forma mais ativa nas
atividades da comunidade. Ela é participante do projeto Jovens Protagonistas,
desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes na região da Resex Médio Juruá.
No sul do País, ela e seus colegas visitaram
empresas de suco, cooperativas de vinho e de leite, e conheceram como cada uma
delas se organiza. Segundo ela, foi uma boa oportunidade de ter contato com
novos instrumentos para uma melhor gestão de associações, cooperativas, e o
impacto disso na comercialização e no preparo do plano de negócios. “Foi uma
experiência fantástica. Vou levar os novos conhecimentos para a minha cidade e
encontrar soluções para melhorar o nosso dia a dia. Vi que temos que nos
organizar muito mais se quisermos alcançar objetivos maiores”, revelou.
Transformar o aprendizado
Outro jovem que participou do intercâmbio foi
Raimundo Nonato Cunha de Lima, de 24 anos. Morador da comunidade de São
Raimundo, também em Carauari, ele é líder comunitário e coordena o projeto
Jovens Protagonistas na sua região. “Com tudo o que aprendi vou ajudar a produzir
um material que explique para nossa comunidade a importância do associativismo
e do cooperativismo de forma que sistematize esse conhecimento. É uma forma de
transformar o aprendizado em algo real para a nossa realidade”, disse.
Segundo ele, o projeto é muito importante para
incentivar os jovens a resgatar a tradição e os costumes do município. “Hoje
vemos que não existe sucessão familiar e que com o envelhecimento das pessoas,
nossa cultura está se perdendo. Isso traz riscos para as cooperativas e para a produção
em geral. Nós jovens podemos recuperar essa cultura ameaçada e ter um papel
decisivo nesse processo de mudança para trazer ainda mais benefícios para a
comunidade”, finaliza.
Fonte: WWF Brasil
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