É
possível um futuro com zero emissão?
Recente informe do Banco Mundial afirma que ter
metas de longo prazo, corrigir os preços nas políticas de investimento e
facilitar a ajuda aos mais vulneráveis são os três pilares para que seja
possível estabilizar as consequências da mudança climática e conseguir um
desenvolvimento sustentável com zero emissão. Foto: Flickr de Otger!
Por Conexion COP*
Conexão COP 21, 14/7/2015 – Conseguir que até 2100
não existam emissões de carbono é a meta de milhões no planeta. Para isso é
necessário que os países se foquem em um desenvolvimento sustentável e
reorganizem a economia mundial. É o que afirma o informe do Banco Mundial Desenvolvimento
Sem Emissões de Carbono: Três Passos Para um Futuro Com Zero Emissão, no
qual se indica a necessidade de planejamento de longo prazo, correção dos
preços como parte de um conjunto amplo de políticas mundiais e, por fim, apoiar
os afetados pelo aquecimento global. E nisso as empresas têm um papel muito
importante.
Para conseguir os três pontos é necessário
estabelecer mudanças fundamentais na vida do ser humano. Mudanças, que, segundo
Daniel Buira Clark, do Instituto Nacional de Ecologia e Mudança Climática no
México, são possíveis, ainda que difíceis.
“O que propõe o Banco Mundial são mudanças
necessárias e a proposta é fazê-las mais manejáveis, com um enfoque para
encontrar oportunidades além dos custos. Fazer com que a mudança seja menos
difícil exige que desde agora tomemos iniciativas quanto a políticas públicas
em matéria de energia, investimento em infraestrutura, preços, impostos,
tarifas sobre o carbono e uma série de medidas adicionais. A mensagem principal
é a de que, quanto antes começarmos com as mudanças, menos cara será a
transição”, pontuou Clark.
As bases para a mudança
O informe do Banco Mundial detalha que é preciso
planejar em longo prazo e para isso as políticas e os investimentos não devem
se centrar apenas nos benefícios imediatos. Também devem focar em desenvolver
tecnologias e infraestrutura de baixas emissões de carbono necessárias para
conseguir zero emissão. O informe é muito claro e indica que, se nada for feito
até 2030, os custos subirão em cerca de 50%, fazendo com que o atraso aumente a
gravidade da redução de emissões necessária.
Beatriz Zavariz, do Conselho Civil Mexicano para a
Silvicultura Sustentável, apontou que o planejamento deve estar acompanhado de
mudanças institucionais que gerem novas ferramentas, estruturas institucionais
e novos recursos, e que se dê o respectivo acompanhamento.
“Para cumprir metas de prazos tão longos (2050 ou
mais), é preciso estabelecer mecanismos que facilitem a transição entre
administrações governamentais, de forma que a priorização da carbonização da
economia seja contínua até o final do prazo. Uma opção pode ser a criação de
órgãos descentralizados com funcionalidade independente das administrações
governamentais que possam dar continuidade às estratégias e aos planos em
grandes escalas de tempo”, afirmou Zavariz.
Como segundo ponto, o estudo propõe corrigir os
preços do carbono, já que cerca de 40 países fixaram seus valores, ou planejam
fazê-lo, mas os impostos não são fáceis de implantar e são difíceis de evitar,
quando comparados com outros. Por isso, é necessário desenvolver políticas
complementares entre eles, optar pela eficiência energética, impor aos
fornecedores de eletricidade a obrigação de obter de fontes renováveis
determinada porcentagem da energia que distribuem, e que recebam incentivos
para as opções com baixas emissões de carbono. Sabe-se, por exemplo, que até o
momento 114 países no mundo já definiram objetivos de energia renovável.
Alejandra López Carbajal, diretora de Assuntos
Ambientais do Instituto Nacional de Ecologia e Mudança Climática no México,
explicou que mais de um país trabalhou e trabalha atualmente na implantação de
instrumentos econômicos relacionados ao preço do carbono. “Esse tema em
particular requer maior trabalho e um acordo de toda a comunidade
internacional, se possível a partir das Nações Unidas, que transmita sinais
claros de como devem ser redirecionados os investimentos e fomente a transição
de emissões requerida”, ressaltou.
Finalmente, o informe aponta a necessidade de
facilitar a transição e proteger as famílias pobres contra os efeitos dos
aumentos de preços. As empresas podem ajudar para que se tenha um mundo mais
limpo, atuando de maneira eficiente. Assim, 60% da população que tem menores
rendas seria beneficiada com uma reforma em direção a economias mais sustentáveis.
Mudanças no setor pecuário
Jacobo Arango, biólogo molecular e pesquisador da
LivestockPlus, que pertence ao Programa de Pesquisa Mudança Climática,
Agricultura e Segurança Alimentar, afirmou que, para se conseguir zero emissão
em setores como a pecuária, os pesquisadores e todos os interessados devem
combinar esforços para reduzir as emissões em 30% com relação às registradas
atualmente. “Uma vez obtida essa redução, serão necessários mecanismos de
compensação para fazer o balanço de zero emissão”, explicou.
Para o setor pecuário, várias estratégias são
propostas para reduzir emissões, entre elas se destacam a mudança do uso do
solo (sem desmatamento), utilização de pastagens melhoradas, gestão do esterco,
uso responsável dos fertilizantes e lavoura de conservação. Segundo Arango, se,
depois dessas intervenções, as emissões continuarem sendo superiores às
reduções, há outros mecanismos disponíveis, como créditos de carbono, a fim de
chegar à desejada emissão zero.
“No projeto LivestockPlus, procuramos quantificar
as emissões da pecuária na Colômbia e na Costa Rica para a construção de uma
linha de base. Depois disso serão identificadas, implantadas e quantificadas
ações de mitigação para a construção do NAMA (Nationally Appropriate Mitigation
Actions) do setor pecuário, com forte ênfase em pastagens melhoradas”, destacou
Arango.
Baixe aqui o informe do Banco Mundial em inglês.
* Publicado originalmente no site Conexion COP.
Tradução e edição: Envolverde.
Fonte: ENVOLVERDE
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