Centro de pesquisas mineiro
produz tinta capaz de gerar “energia solar”.
Uma tira de plástico na qual é impressa uma espécie
de tinta orgânica, capaz de produzir energia solar. Essa tecnologia,
considerada o futuro do setor, vai chegar ao Brasil pelas mãos de um instituto
de pesquisa mineiro, o CSEM.
O produto é maleável e pode ter várias cores e
formatos. Por isso, tem aplicações que vão até onde a imaginação – ou o sol – é
capaz de alcançar: fachadas de prédios, vidros de carros, coberturas de
estádios, mochilas. É difícil estabelecer um limite para tais possibilidades. A
tira orgânica deve ser lançada no mercado do país em 2015. “Tenho a sensação de
que algo único está acontecendo”, diz Tiago Maranhão, presidente do CSEM. “Essa
é uma das poucas vezes em que o Brasil não precisa ficar a reboque dos outros.”
A fabricação das fitas é resultado de um arranjo raro no país. Uniu dinheiro
público e privado, pesquisa científica de base e o interesse em criar algo com
apelo comercial. Entenda, em cinco pontos, o porquê do sucesso da iniciativa.
“1050 quilômetros quadrados. Espalhados em uma área
como essa, o equivalente a 2,76 baías da Guanabara, as fitas impressas com
tintas orgânicas supririam toda a demanda doméstica nacional (um terço da
total) por energia”
Vai dar briga com o silício?
A nova e a velha tecnologias solares ainda não
competem.
Hoje, a tecnologia de tintas orgânicas (OPV, na
sigla em inglês) não concorre diretamente com os painéis solares, feitos com
silício. Eles servem a fins distintos. Os painéis tradicionais cobrem grandes
áreas em usinas. Os OPVs são empregados na geração pulverizada de energia, em
fachadas de prédios ou vidros de carros. Se alguém construísse hoje uma usina
com OPV, ela seria mais cara do que com os painéis tradicionais. Mas isso pode
mudar nos próximos anos. A curva de barateamento do OPV tende a ser radical. O
seu processo de produção é simples e barato (trata-se de uma impressão), algo
que favorece a queda do valor à medida que a escala aumenta.
O nome CSEM veio do Centre Suisse d’Electronique et
Microtechnique, mas as duas instituições são independentes. O centro suíço não
produz a tinta orgânica”
Técnico do CSEM manipula material plástico, onde
foi impressa a tinta orgânica que produz energia (Foto: Agência Nitro)
1. A ORIGEM
O CSEM FOI CRIADO EM 2006 COM O DINHEIRO DE TRÊS PARCEIROS: A FIR
CAPITAL, UM FUNDO MINEIRO, O BNDES E O GOVERNO DE MINAS GERAIS. AO TODO, ELES
INVESTIRAM R$ 70 MILHÕES NO CENTRO DE PESQUISAS.
2. POR QUE FUNCIONA?
NO CSEM, AS PESQUISAS TÊM DE GERAR PRODUTOS COMPETITIVOS. CASO
CONTRÁRIO, SÃO ABANDONADAS. “SABEMOS O TAMANHO DO NOSSO CHEQUE”, DIZ TIAGO
MARANHÃO, PRESIDENTE DO CENTRO.
3. COMO A TINTA FOI DESENVOLVIDA?
A PESQUISA COMEÇOU EM 2006, COM A CRIAÇÃO DO CSEM. ELE OPTOU POR NÃO
TRABALHAR COM TECNOLOGIAS QUE PRECISASSEM CRIAR DO ZERO. A TINTA JÁ É USADA EM
PAÍSES COMO JAPÃO E ALEMANHA. O MÉRITO DO INSTITUTO MINEIRO FOI DOMINAR O
PROCESSO DE PRODUÇÃO, ENVOLVENDO CIENTISTAS DE TODO O MUNDO.
4. QUAL É A TECNOLOGIA EMPREGADA?
É A OPV, ABREVIAÇÃO DE ORGANIC PHOTOVOLTAIC, UM PAINEL SOLAR ORGÂNICO.
SUA PRINCIPAL VANTAGEM COMPETITIVA É A PRODUÇÃO BARATÍSSIMA. ELA CONSOME 20
VEZES MENOS ENERGIA DO QUE A FABRICAÇÃO DE UM PAINEL TRADICIONAL, DE SILÍCIO.
5. COMO IRÁ PARA O MERCADO?
O CSEM NÃO TEM FINS LUCRATIVOS. É UM CENTRO DE PESQUISAS, QUE ACABA DE
CRIAR A SUA PRIMEIRA EMPRESA: A SUNEW. ELA VAI EXPLORAR O OPV. A PARTIR DE
MEADOS DE JULHO, UTILIZARÁ UMA IMPRESSORA COM CAPACIDADE PARA FABRICAR 400 MIL
METROS QUADRADOS DO PRODUTO POR ANO. SERÁ A MAIOR FABRICANTE DE OPV DO MUNDO.
Foto: Agência Nitro
Fonte: Época Negócios
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