Cidades
mais compactas, integradas e sustentáveis.
Especialistas debateram o tema em Cuiabá. Foto:
Rodrigo Lorenzon.
Por Rodrigo Vargas*
Para especialistas, excesso de muros, reais e
conceituais, afeta o bem-estar nas cidades.
Presos no trânsito, segregados em condomínios,
privados da convivência nas ruas, os moradores das cidades vivem hoje o ápice
de uma concepção fragmentada do espaço urbano. Por isso mesmo, a busca por
sustentabilidade e, por consequência, pela melhoria da qualidade de vida, deve
começar pela retomada de conceitos como a cooperação e o senso de comunidade.
Este panorama foi debatido nasexta-feira (03)
durante a programação do segundo e último dia do CICLOS – Congresso
Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios, promovido pelo Sebrae
em Cuiabá. Secretário de Cultura em Santos (SP), cidade que possui o 6º melhor
IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do país, o biólogo Fábio
Alexandre Nunes defendeu o fim da “lógica umbilical”. “Hoje as pessoas estão
blindadas. O pensamento está cerceado. O Shopping é o símbolo disso. Precisamos
de novas gerações que tenham uma visão sistêmica e holística”, afirmou.
O arquiteto Edson Yabiku, do escritório de
arquitetura londrino Foster & Partners, apontou o excesso de barreiras e a
segregação dos espaços de convivência como um dos fatores que interferem na
sensação de bem-estar. “Não espalhar, mas concentrar, misturar, diversificar. A
cada muro que você constrói em uma cidade, a rua, que é o nosso espaço, o
verdadeiro espaço público, morre um pouco”, afirmou.
Com mais de 350 projetos executados em todo o
mundo, o Foster & Partners tem adotado estes conceitos em projetos como o
de Masdar, uma cidade “zero carbono” em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. “Uma
cidade de pedestres, sem carros, compacta, com ruas estreitas e com toda a
estrutura de transportes no subsolo. O foco tem de ser nas pessoas”, enfatizou.
O diálogo também contou com a participação da
pesquisadora Deborah Pullen, da Building Research Establishment (BRE), fundação
inglesa que é referência mundial em arquitetura e urbanização. Ela descreveu os
conceitos que nortearam a bem-sucedida experiência com a revitalização de áreas
degradadas de Londres durante a preparação para os Jogos Olímpicos de 2012.
“Quando há uma decisão pela construção de novas moradias, é preciso considerar
não apenas o retorno do investimento, mas também o impacto para o espaço
urbano.”
* Rodrigo Vargas é jornalista especial para
o Ciclos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário