Monja
Coen: “Acredito no DNA humano”.
Monja Coen em sua palestra no Congresso
Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios. Foto: Rodrigo
Lorenzon.
Por Juliana Arini*
Precisamos de seres humanos livres e conscientes,
com uma capacidade de percepção maior.
Com uma mensagem de otimismo sobre o futuro a Monja
Coen encerrou o Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos
Negócios – Ciclos, realizado pelo Sebrae-MT, em Cuiabá. Líder da Comunidade Zen
Budista e autora dos livros Viva Zen e Sempre Zen, ela afirmou acreditar na
capacidade humana de realizar as mudanças necessárias para termos um futuro
sustentável e relembrou a necessidade de termos uma mudança de consciência para
sobrevivermos como espécie.
O ponto de partida seria abandonarmos a ilusão de
que tudo está separado. “Essa delusão da separação precisa ser superada.
Nós somos a natureza. O que fazemos ao próximo e aos outros seres também
resulta em algo contra nós. Não existe um meio ambiente fora, tudo está
conectado. O meu eu bebe nuvens e se alimenta do Sol. Nós não estamos separados
de nada.”
A monja encorajou as pessoas a buscarem o
autoconhecimento e a sabedoria. Segundo ela, as reações negativas contra o
planeta e os outros seres teriam o medo como raiz. O medo da natureza e a
vontade de controlar o meio ambiente. “Os povos indígenas, por exemplo, não
perderam o contato com a natureza e não possuem esse medo. Eles sabem que a
Terra é a nossa casa comum. Muitas pessoas desejam proteger apenas as suas
famílias, colocá-las em uma redoma imaginária contra o mal do mundo, porém, nós
somos o mundo. O que devemos mudar é essa percepção”.
Outro elemento importante a ser desenvolvido, tanto
no contexto das empresas, negócios ou família, seria a intenção. “Precisamos
ter a intenção de beneficiar todos os seres, pois está no DNA humano o desejo
de sobreviver, mas somente vamos alcançar isso quando pensarmos que somos parte
desse todo”.
A monja propõe, inclusive, a criação de uma nova
palavra: o interser – o termo foi criado por um monge vietnamita. A
ideia proposta é ir além do conceito do “eu e você” e criar uma forma de pensar
que englobe todos criaturas em um todo, relembrando sempre da interdependência
de todos os fenômenos e da causa e efeito das ações. “Nós precisamos deixar o
eu e ser o interser com o mundo”, explica.
No campo dos negócios, a monja relembra que as
pessoas devem ter consciência de que o sucesso depende do cuidado. “Cuidar dos
colaboradores, cuidar dos recursos naturais, cuidar dos funcionários. Quem se
mantém nos negócios com sucesso são os que estão indo por esse caminho. Tudo
precisa ser uma resposta de gratidão pelo o que estamos recebendo”, explica.
Apesar de acreditar que a economia vai tornar-se
mais espiritualizada, a monja não descarta o valor de atributos como a
competividade para os negócios. “Que seja um processo positivo, que impulsione
as pessoas a criarem mais. Steve Jobs, por exemplo, desenvolveu produtos
incríveis impulsionado pelo desejo de ser melhor. Só precisamos prestar atenção
se não estamos abusando”, explica.
“O que devemos fazer como espécie humana é direcionar
essa transformação para o benefício coletivo. Ou nos unimos, ou vamos afundar.
Precisamos honrar a nossa ancestralidade, os grandes economistas e agricultores
do passado. Pensar em como damos um passo a frente e levamos o conhecimento da
humanidade adiante. O futuro precisa ser melhor que o passado, e ele é feito no
presente”.
As mudanças dependem de nossas escolhas. “Toda
nossa vida já foi predeterminada por questões genéticas e pelo meio onde
crescemos. Na verdade temos apenas 5% de livre arbítrio, parece muito pouco,
mas isso é fundamental. É com esses 5% que atuam professores e educadores. É
nessa pequena esfera de escolhas que podemos mudar tudo. Sair do nosso eu
medroso e fechado para outro, o que pensa no próximo. Assim poderemos garantir
um mundo novo para o bem-estar de todos”, conclui.
* Juliana Arini é jornalista especial da
Envolverde para o Ciclos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário