China
quer pico de emissões antes de 2030.
Poluição industrial na China. Foto: Li Fan/National
Geographic Creative/Corbis.
Por Redação do Observatório do Clima –
Maior poluidor do planeta apresentou hoje sua
proposta para o acordo de Paris; carro-chefe é transição para energias
renováveis, que visa atingir 25 vezes Belo Monte em energia solar.
O maior emissor absoluto de gases de efeito estufa
do mundo apresentou nesta terça-feira (30) a sua INDC (Contribuição
Nacionalmente Determinada Pretendida) para o acordo do clima de Paris. A China
pretende reduzir em até 65% suas emissões de gases de efeito estufa por unidade
do PIB até 2030 em relação a 2005. Entre as ações previstas estão o
investimento de US$ 6 bilhões para aumentar a capacidade de energia renovável e
o aumento da cobertura florestal.
O plano para redução de emissões no setor de
energia é o mais detalhado na proposta. A China planeja aumentar sua capacidade
instalada de energia eólica para 200GW e de energia solar para cerca de 100
gigawatts (GW), hoje em 95.81GW e 28GW, respectivamente. A parcela de
combustíveis não fósseis deve ser ampliada para cerca de 20% em 2030. A China
também irá aumentar o seu uso de gás natural, que deverá perfazer 10% do seu
consumo de energia primária até 2020.
Alguns dos compromissos anunciados hoje pela China
já estavam no acordo bilateral firmado com os Estados Unidos no fim de 2014. Um
deles é fixar 2030 como o ano de pico das emissões chinesas, com a intenção de
“trabalhar duro” para que ocorra ainda antes. Segundo o Climate Action Tracker,
consórcio que avalia as contribuições nacionais, o pico nas emissões chinesas
de CO2 deve acontecer antes disso, por volta de 2025. No entanto, outros
gases-estufa seguirão aumentando.
O plano foi recebido como um esforço significativo
pelo acordo do clima de Paris. “A China tem atuado sempre apenas na defensiva
quando se trata de mudança climática, mas o anúncio de hoje é o primeiro passo
para um papel mais ativo”, avalia Li Shuo, analista de clima do Greenpeace
China. No entanto, Shuo acredita que este é apenas o primeiro passo. “Dada a
dramática queda no consumo de carvão, o crescimento de energia renovável, bem
como a necessidade urgente de combater a poluição do ar, acreditamos que o país
pode ir muito além do que ele propôs hoje.”
Samantha Smith, porta-voz de clima e energia do WWF,
avalia que a China, enquanto país em desenvolvimento, tem dado uma contribuição
significativa para a redução das emissões de carbono. A ação diz respeito não
somente ao compromisso internacional, mas é importante internamente, uma vez
que a poluição do ar é uma grave questão de saúde pública na China. “A China
assumiu compromissos para além de sua responsabilidade como um país em
desenvolvimento. Mas esperamos que continue a encontrar maneiras de reduzir
suas emissões, que por sua vez conduzem mercados globais de energia renovável e
eficiência energética.”
Mark Lutes, analista sênior de clima do WWF, também
reconhece o esforço da China em reduzir a poluição e fazer de fontes renováveis
uma alternativa viável à dependência de combustíveis fósseis. “O esforço chinês
vai baratear ainda mais estas fontes e a China pode dar exemplo para o mundo”,
diz. “Esperamos que as metas que a presidente Dilma anunciou hoje em Washington
sejam o primeiro passo de uma tentativa de retomar esta liderança.”
O Climate Action Tracker, no entanto, considera a
meta chinesa como “média”. Afinal, um pico em 2030 significa que a China
aumentará suas emissões de cerca de 11 bilhões para cerca de 14 bilhões de
toneladas de CO2. Só esse aumento equivale a duas vezes tudo o que o Brasil
emitiu em 2013. “Isso significa que [a meta] ainda não é consistente com a
limitação do aquecimento a menos de 2oC, a menos que outros países façam
reduções muito mais profundas e esforços comparativamente maiores que os da
China”, afirma o Tracker.
Coreia do Sul
Menos de uma hora depois do registro da meta
chinesa, foi a vez de outra potência asiática entregar às Nações Unidas seu
plano de ação climática. A INDC da Coreia do Sul estipula uma meta de corte de
37% das emissões em 2030 em relação ao que o país emitiria se nada fosse feito.
Trata-se de um “desvio de trajetória”, um compromisso relativo de corte de
emissões franqueado aos países em desenvolvimento – apesar de a Coreia do Sul
ser tecnicamente um país desenvolvido, membro da OCDE, ela ainda é um país em
desenvolvimento do ponto de vista da Convenção do Clima.
Pela meta apresentada, a Coreia chegaria a 2030
emitindo 535 milhões de toneladas de CO2 equivalente ao ano, contra 850 milhões
projetados na ausência de mitigação.
Fonte: Observatório do Clima
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