É preciso
mudar o modelo sobre mudança climática na América Latina.
Foto: Flickr de CIATT
Conexion COP*
El Árbol e Nivela desenvolveram o webinar COP 21:
Oportunidades para América Latina e Caribe no Contexto de Um Novo Acordo
Climático. Especialistas afirmaram que existe a necessidade de incluir na
região o contexto da mudança climática nas políticas econômicas, ambientais e
sociais.
Conexão COP 21, 29/6/2015 – A América Latina emite
apenas 9% dos gases de efeito estufa (GEE) em nível mundial, mas é uma das
regiões mais afetadas e vulneráveis à mudança climática. Se o aquecimento
global continuar aumentando, a agricultura latino-americana será um dos setores
mais afetados porque o rendimento agrícola cairá 16%.
Sabe-se também que, na região, o setor urbano
representa 80% da população, e é onde são praticadas as maiores atividades que
geram o aumento da emissão de GEE. Diante dessas problemáticas, a Nivela e a
iniciativa El Árbol desenvolveram o webinar COP 21: Oportunidades para
América Latina e Caribe no Contexto de Um Novo Acordo Climático.
No encontro estiveram presentes Jimy Ferrer
Carbonell, oficial de assuntos econômicos da Divisão de Desenvolvimento
Sustentável e Assentamentos Humanos da Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe (Cepal), Isabel Cavelier Adarve, líder da equipe de apoio da
Associação Independente da América Latina e do Caribe (Ailac), Luis Miguel
Galindo, chefe da Unidade de Mudança Climática e Divisão de Desenvolvimento
Sustentável da Cepal, Monica Araya, diretora-executiva da Nivela, e Karla
Maass, editora da El Árbol.
Crescimento sustentável
Jimy Ferrer Carbonell afirmou que na América Latina
a mudança climática aumentou em importância nos últimos anos, e por isso é
preciso considerar o exposto no Quinto Informe de Avaliação do Grupo
Intergovernamental de Especialistas em Mudança Climática (IPCC), no qual se
afirma que, continuando os níveis de emissão atuais, no final do século a
temperatura do planeta poderá ter aumentando quatro graus, o que colocaria em
risco a vida no planeta.
O especialista também afirmou que, se a temperatura
aumentar, o gasto em saúde, que atualmente representa 4% do PIB da região,
sofreria um acréscimo importante. Além disso, os impactos teriam um efeito nas
exportações regionais que hoje representam 23% da economia latino-americana.
“A exploração de recursos não renováveis está em
crescimento, como cobre, carvão, petróleo e gás, que geram aumento nas
emissões. Além disso, o transporte terrestre aumentou de maneira importante
gerando a deterioração do ar. Estamos passando a ser consumidores de atividades
altamente contaminantes”, acrescentou Carbonell.
Na América Latina, a taxa de motorização também
está crescendo. Atualmente existem 250 veículos para cada mil habitantes, o que
faz os moradores da região passarem a ser consumidores de atividades altamente
contaminantes. Antes disso, Carbonell ressaltou que os latino-americanos devem
se preocupar não apenas com o crescimento econômico, mas também com o
crescimento social e ambiental, que dará um desenvolvimento sustentável às
populações da América Latina e do Caribe.
Três grandes oportunidades
Isabel Cavelier Adarve afirmou que atualmente há
três grandes oportunidades que devem ser aproveitadas para enfrentar a mudança
climática.
- O
entorno político, que dá a oportunidade de renovar as sociedades em torno
da mudança climática. Implica oportunidades, contribui para mobilização de
atores estatais e não estatais. Existe maior movimento em temas de acesso
a recursos financeiros, tanto regionais como externos.
- Aumentar
a ambição. Atualmente existe um momento em que cada país deve criar sua
Contribuição Nacional Determinada (INDC), o que significa uma excelente
oportunidade para dialogar sobre o compromisso nacional para enfrentar o
aquecimento global.
- Conseguir
uma mudança de modelo. Os países em desenvolvimento devem mudar o modelo e
acoplar suas ações vinculadas à mudança climática. É um trabalho conjunto
do Estado e da sociedade civil.
A especialista acrescenta que a recente encíclica
do papa Francisco causou reações em diferentes frentes, não apenas em grupos
associados à Igreja Católica, o que demonstra o impacto que tem a questão da
mudança climática no mundo.
Por sua vez, Karla Maass afirmou que na América
Latina se associa a mudança climática a catástrofes ou eventos extremos e
existe uma desconexão entre o aquecimento global e as políticas dos Estados, o
que é preciso mudar, porque existe uma urgência de trabalhar frente às mudanças
ambientais.
* Publicado originalmente no site Conexion COP 21. Tradução
e edição: Envolverde.
Fonte: ENVOLVERDE
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