Jovens na
luta contra a intolerância.
Gabriela Rivadeneira, presidente da Assembleia
Nacional do Equador, fala no Fórum Juvenil do Conselho Econômico e Social 2015.
Foto: Evan Schneider/ONU.
Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 28/7/2015 – Quando, aos seus 21
anos, o príncipe herdeiro da Jordânia, Hussein bin Abdalá, presidiu em abril
uma sessão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), se
converteu na pessoa mais jovem à frente de um dos órgãos políticos mais
poderosos do mundo. O cargo foi temporariamente seu porque a Jordânia ocupou
nesse mês a presidência mensal do Conselho de Segurança, cujos 15 Estados
membros têm a faculdade para fazer a guerra e declarar a paz.
“Eu disse ao príncipe: estamos vivendo no século 21
e você está liderando o mundo no século 21”, contou o secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, após a sessão, que se centrou no papel dos jovens na luta contra o
extremismo violento e pela promoção da paz. Para Ban, esta é uma época de
grande poder para os jovens, e os educadores têm o papel de lhes ensinar aquilo
que é importante para serem cidadãos do mundo e futuros líderes.
A ONU recorre às gerações mais jovens para dirigir
a luta contra a intolerância, que inclui homofobia, racismo, discriminação por
motivo de gênero e xenofobia. A iniciativa Impacto Acadêmico (Unai), que as Nações
Unidas lançaram em 2010, pretende ter a colaboração de instituições de educação
superior para realizar os princípios universalmente aceitos de direitos
humanos, a alfabetização, a sustentabilidade e a solução de conflitos.
Atualmente, cerca de 30 redes internacionais de
universidades e outros institutos de ensino superior apoiam a Unai,
representando quase mil instituições que aderiram à campanha de base.
“Trabalhamos com instituições educacionais e outros membros da sociedade civil
por mais de 11 anos em uma série de seminários intitulada Desaprendendo a
Intolerância, explicou Ramu Damodaran, chefe da Divisão de Extensão do
Departamento de Informação Pública da Unai.
Em junho, a Unai colaborou com a Fundação UnHate
(deixar de odiar), do italiano Grupo Benetton, em um concurso de diversidade
para mostrar a contribuição de “jovens de todo o mundo para as soluções
elaboradas pessoalmente, que abordam alguns dos problemas mais urgentes do
mundo”, informou Damodaran. “Quando a Unai foi criada em 2009, era evidente que
este deveria ser um de seus princípios básicos”, acrescentou.
Segundo Damodaran, “quando a Fundação UnHate nos
apresentou essa iniciativa, aproveitamos a oportunidade, já que o projeto vai
além de falar ou debater sobre os problemas vitais da diversidade e do
respeito, e financia projetos específicos, até dez no total”. Cada aspecto é
gerido pelos estudantes e professores que concebem o projeto, calculam seu
alcance e os custos e em seguida, caso seja escolhido, se encarregam de sua
execução, acrescentou.
O concurso teve mais de cem inscritos de 31 países
com ideias e soluções inovadoras para lidar com a intolerância, o racismo e o
extremismo, entre outros problemas. Um painel de juízes escolheu dez ganhadores
que receberam 20 mil euros cada um, doados pela United Colors of Benetton, com
sede na Itália.
A ONU afirma que o concurso foi notável por várias
razões. Primeiro, em lugar de pedir que os interessados se limitassem a
escrever sobre os problemas do mundo, teve um enfoque proativo e solicitou
soluções, dando-lhes recursos financeiros importantes para realizá-las. “Este é
um empoderamento real da sociedade civil, e da juventude, para mudar o mundo,
como muitos dos ganhadores reconheceram com razão em suas reações ao ganhar o
prêmio”, diz um comunicado da ONU.
A variedade de tipos de intolerância abordada foi
notável, e incluiu a capacitação e a educação das mulheres, os direitos da
população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais), os direitos
indígenas e propostas para enfrentar a intolerância das principais religiões e
os conflitos entre grupos étnicos. Os dez ganhadores são de Alemanha, Burundi,
Canadá, China, Estados Unidos, Índia, México, Paquistão e África do Sul.
Os projetos escolhidos propõem, por exemplo,
facilitar a educação secundária e superior das mulheres indígenas no sul da
Índia, promover a harmonia e o conhecimento religioso entre cristãos, hindus e
muçulmanos no Paquistão, enfrentar o preconceito e a discriminação que sofre o
coletivo LGBTI na Índia e no México, maiores oportunidades de emprego para as
mulheres muçulmanas na Alemanha, documentar as vozes dos imigrantes mexicanos
nos Estados Unidos, retratar a vida cotidiana e as aspirações de palestinos de
diversas origens.
Ban Ki-moon identificou várias outras iniciativas
da Unai que ajudam a ONU, como a de pesquisadores da Universidade de Edimburgo,
na Escócia, integraram uma equipe que estudou a origem do vírus ebola, causador
de um foco mortal da doença em 2014 em vários países africanos e a da Faculdade
de Arquitetura para Mulheres Bhanuben Nanavati da Índia, que colabora com
entidades associadas na Tanzânia em matéria de moradia sustentável.
O secretário-geral citou ainda a Universidade
Nacional Al Farabi, do Cazaquistão, que investiga novos modelos para a energia
renovável, enquanto a Universidade JF Oberlin, do Japão, lançou um ramo juvenil
da Unai, chamada Aspire (ação estudantil para promover a inovação e a reforma
por meio da educação).
No Catar, a fundação Educação Acima de Tudo,
presidida pela xequesa Mozah bint Nasser al Missned, defende o direito das
crianças de continuar aprendendo em zonas de perigo. Na Coreia do Sul, a
Universidade Global Handong continua seus programas de formação empresarial
para ajudar os jovens a criarem postos de trabalho e não apenas buscá-los.
Fonte: ENVOLVERDE
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