Cresce
número de empresas que divulgam emissões de gases do efeito estufa.
Foram analisados os inventários de emissões de GEE
de 133 membros do Programa Brasileiro GHG Protocol, que representam 17 setores
da economia. Foto: Shutterstock.
Por Redação do GVces –
O Programa Brasileiro GHG Protocol, maior
iniciativa da América do Sul para publicação de inventários corporativos de
gases de efeito estufa (GEE), realizou no dia 11 de agosto, no Teatro Vivo, em
São Paulo (SP), a sétima edição de seu evento anual. Na ocasião, foram
publicados 313 inventários – sendo 133 de organizações membros da iniciativa.
Coordenada pelo Centro de Estudos em
Sustentabilidade (GVces) da EAESP-FGV, a iniciativa tem como objetivo a difusão
da cultura de realização de inventários de GEE entre organizações brasileiras
e, desde sua criação em 2008, possui em seu Registro Público de Emissões mais
de 1.100 inventários de GEE disponíveis para consulta.
Os dados apresentados no Evento Anual apontam que a
mensuração das emissões de GEE está na pauta de organizações em diferentes elos
da cadeia de valor, não sendo a prática restrita apenas às grandes empresas –
mais de 50% das organizações que publicaram seus inventários tiveram emissões
diretas menores que 9 mil toneladas de CO2e.
Dos membros do Programa em 2015, 37 organizações
possuem emissões diretas (Escopo 1) entre 9 e 100 mil tCO2e (28%) e 24
organizações com emissões diretas acima de 100 mil tCO2e (18%). Este último
grupo, apesar de menos representativo, possui grande relevância frente ao total
de emissões dos membros do Programa e, consequentemente, grande potencial para
contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono.
Inventários de emissões
Para o levantamento deste ano, foram analisados os
inventários de emissões de GEE de 133 membros do Programa Brasileiro GHG
Protocol, que representam 17 setores da economia. Dessas organizações, 88% são
empresas privadas, 7% empresas públicas/mistas ou instituições governamentais e
4% organizações do terceiro setor.
Buscando aumentar sua transparência, 20%
apresentaram o relato desagregado das emissões de GEE, mesmo percentual do ano
passado que permite um olhar mais completo e detalhado do perfil de emissões de
cada unidade de uma empresa. Esse percentual representa um aumento
significativo na transparência dos membros do Programa: em 2012, o grupo que
desagregou o seu inventário foi de 17%, e em 2011, de 4%.
Setores representativos
Desde 2008, quando o Programa foi criado, houve um
aumento de 393% na participação de organizações – de 27 para 133 membros. Hoje,
os setores com maior representatividade são indústrias de transformação (35%),
atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (10%), eletricidade
e gás (9%), atividades profissionais científicas e técnicas (6%), transporte,
armazenagem e correio (5%), construção (5%) e outros setores somaram 36%.
Durante o evento, especialistas e convidados
refletiram sobre como as empresas estão se engajando em estratégias de redução
e gestão de suas emissões. “Muitos líderes empresariais entendem que, se você
quer ter sucesso nos negócios hoje, você precisa ter as mudanças climáticas
dentro da sua estratégia global, da gestão da sua cadeia de valor e de risco”,
argumenta Preeti Srivatav, diretora de estratégia da coalizão empresarial We
Mean Business.
Para Carlo Pereira, gerente de sustentabilidade
corporativa da CPFL Energia,independente do cenário econômico nacional, as
empresas brasileiras precisam continuar se esforçando em torno de soluções para
gestão e redução de suas emissões. “As empresas são parte da solução no
enfrentamento das mudanças climáticas e precisam estar atentas às oportunidades
que surgem nesse cenário”.
Janela de oportunidades
Assim, mais do que enxergar a questão climática
como um risco, as empresas estão aprendendo a percebê-la também como uma janela
de oportunidade para o Brasil crescer a partir de uma economia de baixo
carbono. “Olhar para a questão climática como uma ameaça faz sentido apenas
para quem não se move – para quem se move, ela abre um mundo novo”, explica
Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem. “As empresas que
estão se movimentando para esse mundo novo farão parte da solução e serão
capazes de gerar valor.”
O coordenador do Programa Brasileiro GHG Protocol,
George Magalhães, avalia que as empresas brasileiras têm avançado na gestão dos
seus impactos climáticos, o que é perceptível a partir do constante aumento no
número de empresas tornando pública a informação sobre suas emissões de GEE. “O
setor privado possui um grande potencial de redução de emissão desses
poluentes, e, para realizar esse potencial, é imprescindível conhecer o perfil
destas através do inventário de GEE. Há um movimento global de transição para
uma economia de baixo carbono e a atuação do setor privado, aliado às políticas
públicas sobre clima, contribuirá decisivamente para o sucesso dessa
transição”.
Diretrizes para empresas
Os resultados completos apresentados no evento –
que teve participação de mais de 320 representantes das empresas membros,
governos e sociedade civil (presentes e via internet) – estão disponíveis no
site www.ghgprotocolbrasil.com.br.
O Programa Brasileiro GHG Protocol, além de adaptar
para o contexto brasileiro o método mais utilizado no mundo para realização de
inventários de emissões de GEE (GHG Protocol), tem desenvolvido ferramentas de
cálculo e incentivado o setor público na criação de políticas nacionais e
subnacionais para o relato de inventários corporativos de GEE.
Atualmente, quatro estados brasileiros possuem
diretrizes para que as empresas enviem seus inventários de GEE aos órgãos
ambientais estaduais: Rio de Janeiro e São Paulo – de forma mandatória para
setores específicos – e Paraná e Minas Gerais – de forma voluntária, oferecendo
benefícios às empresas que aderirem à regulação. Em todos esses estados, o
método GHG Protocol é aceito como padrão para contabilização dos inventários.
Fonte:
ENVOLVERDE
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