Crescem
vozes por acordo climático audacioso.
A praia de Negril, na Jamaica, com sinais de erosão
costeira. Foto: Mary Vieira/IPS.
Por Kitty Stapp, da IPS –
Nova York, Estados Unidos, 23/7/2015 – Uma aliança
de 24 destacadas instituições científicas britânicas exortou os governos a
tomarem medidas enérgicas e imediatas na crucial cúpula sobre mudança climática
que a Organização das Nações Unidas (ONU) realizará em dezembro, em Paris.
Uma declaração, publicada pela aliança no dia 21,
alerta que, para que a humanidade tenha uma possibilidade razoável de limitar o
aquecimento do planeta a dois graus centígrados, o mundo deverá emitir 0% de
dióxido de carbono até princípios da segunda metade do século, segundo a
esmagadora evidência na qual se basearam as instituições.
O economista climático Nicholas Stern, presidente
da Academia Britânica e um dos signatários do comunicado, afirmou que este
“demonstra a fortaleza da concordância entre as instituições dedicadas à
pesquisa na Grã-Bretanha sobre os riscos que geram os níveis em crescimento dos
gases-estufa na atmosfera”. “Nossa comunidade de pesquisa esteve durante muitas
décadas na vanguarda dos esforços para expandir nossa compreensão e nosso
conhecimento das causas e potenciais consequências da mudança climática”,
acrescentou.
Segundo Stern, “enquanto alguns de nossos políticos
e órgãos de imprensa continuam apoiando a negociação irracional e irresponsável
dos riscos da mudança climática, as principais instituições de pesquisa da
Grã-Bretanha estão unidas em reconhecer a esmagadora evidência de que as
atividades humanas estão impulsionando a mudança climática”.
Entre os signatários do comunicado estão a
Sociedade Britânica Ecológica, o Instituto de Física, a Real Sociedade de
Astronomia e a Real Sociedade de Meteorologia.
Segundo o documento, os perigos não são teóricos,
e, de fato, muitos dos sistemas ecológicos e humanos já estão em risco. O
aumento de dois graus na temperatura provocaria fenômenos meteorológicos cada
vez mais extremos, com o consequente perigo para ecossistemas e culturas
inteiras. Se este aumento chegar aos quatro graus ou mais, o mundo correrá o
risco da extinção de um número considerável de espécies animais, insegurança
alimentar mundial e regional, e mudanças fundamentais em atividades humanas que
hoje são dadas como assentadas.
Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco
Mundial e presidente da Academia Britânica, quer que a conferência sobre
mudança climática que a ONU realizará, em dezembro, em Paris, tome medidas
audaciosas para combater o problema. Foto: IPS.
Porém, as entidades destacam que a solução do
problema tem um enorme potencial para a inovação, por exemplo, nas tecnologias
com baixas emissões de dióxido de carbono. As medidas de mitigação e adaptação
diante da mudança climática, como segurança alimentar, energia e água,
qualidade do ar, melhorias na saúde e proteção dos serviços proporcionados
pelos ecossistemas, gerariam benefícios econômicos consideráveis.
Também no dia 21, o Vaticano recebeu prefeitos das
principais cidades do mundo, que assinaram uma declaração exortando os
governantes do planeta a tomarem medidas audaciosas na 21ª Conferência das
Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática,
que acontecerá na capital francesa, entre 30 de novembro e 11 de dezembro.
A cúpula de Paris “poderá ser a última oportunidade
real de se negociar acordos que mantenham o aquecimento induzido pela
humanidade abaixo dos dois graus”, destaca uma declaração assinada por
prefeitos da África, América Latina, Ásia, Estados Unidos e Europa.
Os governantes devem chegar a um “acordo audacioso
que restrinja o aquecimento mundial a um limite seguro para a humanidade, e que
proteja os pobres e os vulneráveis”, acrescenta a declaração, que também foi
assinada pelo papa Francisco, que assumiu uma forte posição pública sobre a
mudança climática.
Entre os presentes no Vaticano, estava Jerry Brown
governador da Califórnia, nos Estados Unidos, que qualificou de “trogloditas”
os que negam a mudança climática, em uma entrevista ao jornal Sacramento Bee.
Os que negam, como os multimilionários e norte-americanos “irmãos (Charles e
David) Koch não ficam quietos”, afirmou.
“Arrecadam dinheiro, apoiando candidatos, colocando
dinheiro em centros de pesquisa, e a negação, a dúvida e o ceticismo se
propagam por diversos meios de comunicação, e, portanto, a sinceridade e a
autoridade do papa é um bem-vindo antídoto para essa cepa virulenta de negação
da mudança climática”, ressaltou Brown.
Segundo uma pesquisa do Greenpeace, os irmãos Koch,
que também financiam o partido direitista Tea Party nos Estados Unidos, doaram,
desde 1997, mais de US$ 79 milhões a organizações que negam as conclusões
científicas sobre a mudança climática.
“Temos que tomar medidas contra um futuro incerto
que pode ser algo que ninguém quer. Estamos falando da extinção… de regimes
climáticos que não se viu em dezenas de milhões de anos. Ainda não chegamos aí,
mas estamos a caminho”, enfatizou o governador.
Fonte: ENVOLVERDE
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