Consumo:
Brasileiro está mais consciente.
86% da população acredita que é sua
responsabilidade fazer a diferença e que as empresas devem ter um papel mais
ativo nesse processo. Foto: Shutterstock.
Quase 70% dizem que fazer compras é uma das
melhores formas de se passar o tempo com a família.
Estudo divulgado nesta quarta-feira, 15 de julho,
no Rio de Janeiro, revela que o brasileiro está mais consciente na hora de
consumir. 85% da população entendem que o progresso não está em consumir mais,
mas em consumir melhor (a média mundial é de 78%), enquanto 75% acreditam que
um consumo exagerado pode impor riscos ao planeta e à sociedade, também
superando a média mundial, que é de 70%.
De acordo com a publicação Estilo de Vida
Sustentável no Contexto Brasileiro, a percepção é que o Brasil está mais
avançado em relação ao mundo, de acordo com a gerente de Projetos e Conteúdo do
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), Ana
Carolina Szklo, entidade que realizou a pesquisa em conjunto com a agência global
Havas.
Esses avanços não significam, porém, que o
brasileiro dê mais valor à questão da sustentabilidade na hora de consumir.
“Não, de forma alguma”, comenta Ana Carolina à Agência Brasil. Há algumas
inconsistências nisso, diz ela. Por exemplo, 45% da população dizem que é usual
comprar itens e produtos de que não precisam e depois se arrependerem.
O estudo aponta também alguns critérios colocados
na tomada de decisão do consumidor. O primeiro ponto, que desperta mais
preocupação no brasileiro, é a segurança, com 71%. Consumo excessivo surge no
final da relação, com 43%. A questão da sustentabilidade, ligada à energia,
concentra 44% da preocupação das pessoas. Já a questão da mudança climática e
destruição ambiental obtém percentual maior, de 57%.
Poder de compra
Ana Carolina afirma que o consumo é atrelado ao
maior poder econômico de compra. “Ainda se observa que o pessoal acredita que
quanto maior o consumo, maior a taxa de sucesso: quase 70% acreditam que a
compra de produtos chega a ser quase um ato patriótico e 57% analisam que se a
população consumir menos, uma parcela importante dos empregos será perdida”.
Ela acrescenta que, no campo individual, as pessoas
tendem a respeitar mais aqueles que têm dinheiro suficiente para comprar o que
quiserem. Ana Carolina diz que consumir faz parte da vida dos brasileiros:
quase 70% dizem que fazer compras é uma das melhores formas de se passar o
tempo com a família.
Compras excessivas
Os brasileiros demonstram boas intenções, mas ainda
compram de forma excessiva. Oitenta e seis por cento das pessoas acreditam que
é sua responsabilidade fazer a diferença e que as empresas devem ter um papel
mais ativo nesse processo. A publicação da pesquisa foi feita com base em dados
deste ano.
A gerente do Cebds acrescenta que, também 86% dos
entrevistados acreditam que os negócios mais bem sucedidos no futuro serão os
que incorporam as questões da sustentabilidade. “É interessante porque, de um
lado, o consumidor enxerga a sua responsabilidade, mas, de outro lado, aposta
muito fortemente nas empresas, e até mais que o governo, para mudar isso”.
A gerente do Cebds avalia que o brasileiro ainda
não atingiu o patamar dos europeus em relação ao consumo de produtos
relacionados à conservação do meio ambiente: “Aqui ainda existe uma percepção
de que produtos mais sustentáveis, mais ambientalmente corretos, são mais
caros. Ao mesmo tempo, uma parcela significativa da população (80%) diz que
estaria disposta a pagar um pouco mais por produtos mais sustentáveis”.
Engajamento socioambiental
O brasileiro está apostando na melhoria qualitativa
dos produtos e no engajamento em causas sociais e ambientais. Mas existem
questões culturais que estão sendo trabalhadas não só no Brasil, mas no mundo
todo, advertiu Ana Carolina. Os consumidores resistem a adquirir produtos
concentrados, que apresentam embalagens menores, causam menos emissões de gases
de efeito estufa (GEE) e menos consumo de água, por exemplo, em detrimento de
produtos de embalagem maior.
Ana Carolina diz que isso abre espaço para se
trabalhar com a sociedade, no sentido de levar mais conhecimento e colocar as
questões de sustentabilidade na pauta do dia. “O consumidor brasileiro ainda
não prioriza a questão sustentabilidade no ato da compra. Olha muito para a
questão da qualidade”. No que respeita ao consumo de alimentos, que representam
mais de 40% da cesta de compras de uma família, 34% optam pela praticidade e
conveniência na hora de adquirir o alimento, 23% pela qualidade, 23% pelo
prazer e apenas 21% pela saúde.
Ainda assim, a contribuição para o engajamento com
causas ambientais e sociais por meio da compra de bens e alimentos “já é uma
realidade e está sendo levado em conta cada vez mais”. De acordo com o estudo,
86% dos consumidores estão prestando maior atenção ao impacto no meio ambiente
ou na área social dos produtos que compram do que ocorria no passado e 80%
estão dispostos a pagar um pouco mais para adquirir produtos ambiental ou
socialmente responsáveis. A publicação foi feita com base em dados deste ano.
Fonte: EcoD
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