Compromissos
pelo Desmatamento Zero são mais eficientes que mesas redondas.
Os compromissos de mercado vem contribuindo para
evitar o avanço do agronegócio sobre a Amazônia. Foto: © Greenpeace / Ricardo
Beliel.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Estudo revela que a Moratória da Soja e o
Compromisso Público da Pecuária são atualmente os mecanismos de controle mais
eficientes no combate ao desmatamento –
Um estudo recém publicado pela pesquisadora Karen
S. Meijer, do Instituto Alemão de Desenvolvimento, comparou a eficácia de
quatro iniciativas de controle da cadeia produtiva de commodities, aplicadas no
Brasil e na Indonésia. E, apesar da excelente notícia, o resultado não é
exatamente uma novidade para o Greenpeace: A Moratória da Soja e o Compromisso
Público da Pecuária foram considerados os mecanismos mais eficientes para
conter o desmatamento.
O artigo, intitulado “Uma Análise Comparativa da Eficácia
das quatro iniciativas da cadeia de fornecimento para reduzir o desmatamento“,
comparou o grau de eficácia destes dois mecanismos, ambos impulsionados pelo
Greenpeace, com os resultados obtidos pela Mesa Redonda sobre Soja Responsável
(RTRS) e a Mesa Redonda de Óleo de Palma Sustentável na Indonésia (RSPO). Todas
as iniciativas tem como meta acabar com o desmatamento relacionado à produção.
De acordo com o estudo, os compromissos de mercado
tem um índice maior de sucesso do que as certificações e mesas redondas, pois,
no caso dos acordos, os critérios para reduzir o desmatamento são mais
rigorosos e ambiciosos. Enquanto as outras iniciativas dependem de negociações
entre diversos atores e setores e do consenso das partes, o que em geral
resulta em metas menos ambiciosas.
Desde 2005 o Greenpeace investiga o impacto da
produção de commodities em larga escala no desmatamento da Amazônia. Graças aos
relatórios (Comendo a Amazônia e A farra do boi da Amazônia), que expuseram a
relação perversa entre a produção de soja e gado com a destruição da floresta,
gigantes do setor viram-se obrigados a promover a mudança que a sociedade e o
mercado exigiam, assumindo a responsabilidade que lhes cabia para acabar com a
destruição da floresta.
A pesquisadora Karen Meijer reforça que, nesse
sentido, o risco de perder mercado desempenhou um papel significativo, como uma
grande “motivação” para que as empresas aderissem publicamente aos
compromissos.
“Parte do sucesso destes compromissos se deve ao
fato de que as empresas que assumiram os acordos se comprometeram a adquirir
produtos apenas de fazendas monitoradas geograficamente, o que serve de
ferramenta para evitar a compra de fornecedores envolvidos com desmatamento,
invasão de terra indígena, uso de trabalho escravo e conflitos agrários”,
observa Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Segundo Karen, os atores envolvidos na Moratória da
Soja representam 90% do mercado brasileiro de produção da commodity e 40% do
mercado de pecuária. A autora ressalta, entretanto, que para que estes acordos
tenham um impacto ainda maior é preciso ampliar a participação de empresas do
setor e outras commodities, para impedir o vazamento de produtos fabricados a
partir de desmatamento e demais ílicitos sociais.
Essa não é a primeira vez que a Moratória da Soja e
o Acordo da Pecuária tem sua eficácia reconhecida. Há alguns meses a
pesquisadora Holly Gibbs, do Departamento de Estudos Ambientais da Universidade
de Wisconsin (USA), chegou as mesmas conclusões em seu estudo sobre a Moratória.
Outro levantamento, publicado pela mesma autora na revista norte-americana Conservation Letters,
destacou os efeitos positivos do Compromisso da Pecuária na redução do
desmatamento da Amazônia. As iniciativas também tiveram o reconhecimento da Union of Concerned Scientists – UCS.
Estes resultados mostram que é possível liderar o
mercado mesmo assumindo compromissos mais ambiciosos, como o Desmatamento Zero.
O Brasil pode continuar a produzir, mas não a qualquer custo. Se estas empresas
estão conseguindo êxito na luta para acabar com o desmatamento, não há mais
desculpas para que todo o mercado siga este caminho.
O próximo passo nessa jornada é ter o Desmatamento Zero como regra no Brasil, para
todas as cadeias de produção. Pois acabar com o desmatamento não é mais uma
opção, mas uma necessidade imediata para a sobrevivência das atuais e futuras
gerações.
Apoie o movimento pelo Desmatamento Zero. Assine
a petição.
Fonte: Greenpeace Brasil
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