terça-feira, 25 de agosto de 2015

ONU se apoia em financiamentos privados.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala no Fórum Empresarial Internacional da Terceira Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento. Foto: Eskinder Debebe/ONU.

Por Thalif Deen, da IPS – 

Nações Unidas, 7/8/2015 – Quando a Organização das Nações Unidas (ONU) busca ajuda financeira, seja para cobrir necessidades de desenvolvimento ou para promover causas sociais, invariavelmente recorre ao setor privado. Talvez o caso mais claro seja o chamado que seu secretário-geral, Ban Ki-moon, fez aos investidores privados para que ajudem a ONU a alcançar seu objetivo de US$ 100 bilhões por ano para combater as devastadoras consequências da mudança climática.

Entretanto, os críticos pedem urgência à ONU no sentido de revisar exaustivamente as credenciais de algumas dessas empresas em matérias como direitos humanos, salários justos, trabalho infantil e antecedentes ambientais, antes de concretizar a colaboração. De todo modo, e em uma escala mais modesta, entre 2009 e 2013 o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) recebeu mais de US$ 135 milhões em fundos do setor empresarial para alguns de seus projetos sobre água, energia, atenção à saúde, agricultura, finanças e tecnologia da informação.

A companhia sul-africana Mediaclave forneceu máquinas esterilizadoras que descontaminam equipamentos médicos usados, bem como dejetos hospitalares como seringas, batas e luvas de proteção pessoal, usados no tratamento de doenças contagiosas. Na Libéria, a firma japonesa Panasonic distribuiu uma primeira carga de 240 lanternas solares para trabalhadores da saúde na Monróvia, permitindo o trabalho noturno.

O Pnud também se associou com o Svani Group Limited, uma concessionária de veículos de Gana que forneceu oito carros blindados usados na Missão da ONU para a Resposta de Emergência ao Ebola em Gana, Guiné, Libéria e Serra Leoa. Mais recentemente, a iniciativa Impacto Acadêmico da ONU (Unai), criada sob a órbita do Departamento de Informação Pública, colaborou com uma campanha da UnHate Foundation (Fundação Deixe de Odiar), do grupo italiano Benetton, por ocasião de um Concurso de Diversidade.

Essa iniciativa nasceu para mostrar “a participação dos jovens em todo o mundo, a inovação, a energia e o compromisso que fornecem soluções idealizadas pessoalmente, que abordam alguns dos problemas mais graves do mundo”, entre eles a intolerância racial e a xenofobia. O concurso teve mais de cem candidatos de 31 países, apresentando ideias e soluções inovadoras para enfrentar uma ampla gama de problemas. Um júri selecionou dez ganhadores, cada um premiado com 20 mi euros entregues pela Benetton.

A Benetton também uniu esforços com a ONU Mulheres em sua intensa campanha para eliminar a violência de gênero em todo o planeta. Nanette Braun, dessa agência das Nações Unidas, disse à IPS que a UnHate Foundation vem apoiando a ONU Mulheres há dois anos, mediante publicidade e campanhas nas redes sociais. “Esperamos expandir a associação e a colaboração no futuro”, pontuou.

Consultada sobre o papel da Benetton na promoção das causas da ONU, Mariarosa Cutillo, gerente de responsabilidade social corporativa no Grupo Benetton, com sede em Milão, na Itália, apontou à IPS que o principal motivo é que, antes de tudo, trata-se de uma parte fundamental do DNA da empresa. “Esta sempre esteve na primeira linha – frequentemente de maneiras provocadoras e muito progressistas – em questões sociais, incluída a luta contra toda forma de intolerância e discriminação”, acrescentou.

Cutillo destacou que esse enfoque se consolidou por meio de projetos sociais e campanhas de comunicação, e que também se traduziu na criação da Fundação. Desde 2011, esta representa um dos ramos da empresa que desenvolve programas sociais para combater o ódio em todas as suas formas, ao mesmo tempo em que apoia a liderança juvenil.

“Acreditamos que os jovens podem fazer a diferença, especialmente no êxito da agenda pós-2015, mas não basta lhes dar voz. É importante fornecer às novas gerações as ferramentas para concretizarem uma mudança, ressaltou Cutillo. Com a iniciativa da UnHate, em associação com a Unai, “ativamos os jovens e lhes demos a possibilidade de desenvolver de maneira concreta projetos sobre direitos humanos e desenvolvimento”, acrescentou.

A gerente da Benetton também citou que “outro exemplo destacado de apoio de sucesso e ativação da juventude promovido pela UnHate Foundation é a iniciativa O Desempregado do Ano, que financiou, em 2012, cem projetos e startups (novos empreendimentos) criados e implantados por jovens de todo o mundo”. Essa iniciativa celebrou a ingenuidade, criatividade e capacidade dos jovens para encontrar maneiras novas e inteligentes de abordar o desemprego.

As colaborações com agências da ONU constituem “um processo de crescimento mútuo em nossos respectivos papéis, com o qual podemos contribuir ativamente para o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) implantando ações que possam gerar um enfoque inovador e um impacto real e concreto”, enfatizou Cutillo.


Fonte: ENVOLVERDE

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