ONU se
apoia em financiamentos privados.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala no
Fórum Empresarial Internacional da Terceira Conferência Internacional das
Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento. Foto: Eskinder
Debebe/ONU.
Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 7/8/2015 – Quando a Organização das
Nações Unidas (ONU) busca ajuda financeira, seja para cobrir necessidades de
desenvolvimento ou para promover causas sociais, invariavelmente recorre ao
setor privado. Talvez o caso mais claro seja o chamado que seu
secretário-geral, Ban Ki-moon, fez aos investidores privados para que ajudem a
ONU a alcançar seu objetivo de US$ 100 bilhões por ano para combater as
devastadoras consequências da mudança climática.
Entretanto, os críticos pedem urgência à ONU no
sentido de revisar exaustivamente as credenciais de algumas dessas empresas em
matérias como direitos humanos, salários justos, trabalho infantil e
antecedentes ambientais, antes de concretizar a colaboração. De todo modo, e em
uma escala mais modesta, entre 2009 e 2013 o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud) recebeu mais de US$ 135 milhões em fundos do setor
empresarial para alguns de seus projetos sobre água, energia, atenção à saúde,
agricultura, finanças e tecnologia da informação.
A companhia sul-africana Mediaclave forneceu
máquinas esterilizadoras que descontaminam equipamentos médicos usados, bem
como dejetos hospitalares como seringas, batas e luvas de proteção pessoal,
usados no tratamento de doenças contagiosas. Na Libéria, a firma japonesa
Panasonic distribuiu uma primeira carga de 240 lanternas solares para
trabalhadores da saúde na Monróvia, permitindo o trabalho noturno.
O Pnud também se associou com o Svani Group
Limited, uma concessionária de veículos de Gana que forneceu oito carros
blindados usados na Missão da ONU para a Resposta de Emergência ao Ebola em
Gana, Guiné, Libéria e Serra Leoa. Mais recentemente, a iniciativa Impacto
Acadêmico da ONU (Unai), criada sob a órbita do Departamento de Informação
Pública, colaborou com uma campanha da UnHate Foundation (Fundação Deixe de
Odiar), do grupo italiano Benetton, por ocasião de um Concurso de Diversidade.
Essa iniciativa nasceu para mostrar “a participação
dos jovens em todo o mundo, a inovação, a energia e o compromisso que fornecem
soluções idealizadas pessoalmente, que abordam alguns dos problemas mais graves
do mundo”, entre eles a intolerância racial e a xenofobia. O concurso teve mais
de cem candidatos de 31 países, apresentando ideias e soluções inovadoras para
enfrentar uma ampla gama de problemas. Um júri selecionou dez ganhadores, cada
um premiado com 20 mi euros entregues pela Benetton.
A Benetton também uniu esforços com a ONU Mulheres
em sua intensa campanha para eliminar a violência de gênero em todo o planeta.
Nanette Braun, dessa agência das Nações Unidas, disse à IPS que a UnHate
Foundation vem apoiando a ONU Mulheres há dois anos, mediante publicidade e
campanhas nas redes sociais. “Esperamos expandir a associação e a colaboração
no futuro”, pontuou.
Consultada sobre o papel da Benetton na promoção
das causas da ONU, Mariarosa Cutillo, gerente de responsabilidade social
corporativa no Grupo Benetton, com sede em Milão, na Itália, apontou à IPS que
o principal motivo é que, antes de tudo, trata-se de uma parte fundamental do
DNA da empresa. “Esta sempre esteve na primeira linha – frequentemente de
maneiras provocadoras e muito progressistas – em questões sociais, incluída a
luta contra toda forma de intolerância e discriminação”, acrescentou.
Cutillo destacou que esse enfoque se consolidou por
meio de projetos sociais e campanhas de comunicação, e que também se traduziu
na criação da Fundação. Desde 2011, esta representa um dos ramos da empresa que
desenvolve programas sociais para combater o ódio em todas as suas formas, ao
mesmo tempo em que apoia a liderança juvenil.
“Acreditamos que os jovens podem fazer a diferença,
especialmente no êxito da agenda pós-2015, mas não basta lhes dar voz. É
importante fornecer às novas gerações as ferramentas para concretizarem uma
mudança, ressaltou Cutillo. Com a iniciativa da UnHate, em associação com a
Unai, “ativamos os jovens e lhes demos a possibilidade de desenvolver de
maneira concreta projetos sobre direitos humanos e desenvolvimento”, acrescentou.
A gerente da Benetton também citou que “outro
exemplo destacado de apoio de sucesso e ativação da juventude promovido pela
UnHate Foundation é a iniciativa O Desempregado do Ano, que financiou, em 2012,
cem projetos e startups (novos empreendimentos) criados e implantados
por jovens de todo o mundo”. Essa iniciativa celebrou a ingenuidade,
criatividade e capacidade dos jovens para encontrar maneiras novas e
inteligentes de abordar o desemprego.
As colaborações com agências da ONU constituem “um
processo de crescimento mútuo em nossos respectivos papéis, com o qual podemos
contribuir ativamente para o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) implantando ações que possam gerar um enfoque inovador e um
impacto real e concreto”, enfatizou Cutillo.
Fonte: ENVOLVERDE
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