O desafio
de refazer a biodiversidade da Mata Atlântica.
RPPN Fazenda Bulcão. Foto: Weverson Rocio.
Instituto Terra recebe apoio da Crédit Agricole
Suisse Foundation para ampliar diversidade de espécies florestais em unidade de
conservação em Minas Gerais.
Por Redação do Instituto Terra –
Julho de 2015 – Após recobrir com o verde da Mata
Atlântica uma antiga fazenda de gado, localizada no interior do estado
brasileiro de Minas Gerais, que estava completamente degradada após anos de
exploração predatória, o Instituto Terra agora inicia uma nova etapa de sua
estratégia de restauração florestal da Reserva Particular do Patrimônio Natural
– RPPN Fazenda Bulcão, que visa aumentar a biodiversidade da floresta que foi
replantada no local.
Dentro desta nova etapa de enriquecimento florestal
da RPPN, o Instituto Terra acaba de receber o apoio da Crédit Agricole Suisse
Foundation, com a destinação de 70 mil Euros. A parceria vai permitir somar o
plantio de mais 16,8 mil mudas de 30 novas espécies nativas à área que está
sendo reflorestada desde 2009. Os recursos vão garantir ainda a manutenção
dessas novas árvores até dezembro de 2016. Com esse total de mudas espera-se
cobrir uma área de 17,5 hectares da RPPN que hoje conta com um total de 601,56
hectares, que equivale a uma área do tamanho de 842 campos de futebol.
Bioma de importância mundial, a Mata Atlântica
reúne cerca de 20 mil espécies vegetais e para refazer as complexas interações
existentes neste ambiente florestal é preciso reunir grande conhecimento
técnico para tentar refazer também parte dessa biodiversidade. “A reconstrução
de uma floresta vai além do plantio de mudas nativas de forma sistemática.
Florestas não são apenas árvores.
As interações árvores x fauna x outros
diversos tipos de vegetação são fundamentais e se apresentam em uma grande rede
de relações. São essas interações, que ao serem destruídas pelo homem, mesmo
apresentando alguns fragmentos, necessitam da intervenção para se
restabelecer”, explica o analista Ambiental do Instituto Terra, Jaeder Lopes
Vieira.
Segundo Vieira, utilizar uma única técnica
acreditando no seu pleno restabelecimento pode se tornar frustrante. Para o
Instituto Terra, essas relações apenas serão atingidas com paciência e
respeitando o ritmo da natureza, o que implica em entender que o
restabelecimento de uma floresta se dá em etapas, pois o ambiente que sofreu
degradação intensa e constante não vai suportar as relações existentes antes da
degradação.
“É preciso ter paciência, perseverança e
insistência. Plantar, plantar e cuidar. A natureza agradece e responde
positivamente. Uma jovem floresta é ‘como um bebê’, precisa de atenção, cuidado
e companhia. Esse é o início. Mas também já é uma floresta”, exemplifica
Jaeder, que é engenheiro agrônomo e biólogo.
As ações iniciais de reflorestamento da Reserva do
Instituto Terra realizadas nos últimos 16 anos garantiram o plantio de cerca de
2 milhões de mudas nativas de Mata Atlântica, utilizando um número elevado de
espécies – mais de cem por área, com destaque para aquelas que apresentavam um
crescimento rápido, cobriam bem o solo e incorporavam matéria orgânica e
nutrientes, protegendo o solo do impacto direto das chuvas e melhorando as suas
caraterísticas físicas e químicas.
Viveiro de nativas do Instituto Terra. Foto:
Weverson Rocio.
“Nessa primeira etapa o objetivo maior era a
proteção do solo, a melhoria das condições edáficas e a disponibilidade de
alimento à fauna, que também contribui para a regeneração da floresta,
aumentando a polinização e dispersando sementes”, destaca o analista Ambiental
do Instituto Terra.
A parceria com a Crédit Agricole Suisse Foundation
vai fortalecer a etapa de enriquecimento da área plantada, vai ajudar a
restaurar os aspectos e características originais da floresta. Para isso, vão
ser introduzidas as espécies denominadas de clímax. Ou seja, as novas etapas de
plantio vão priorizar as árvores que dominam as copas da floresta, que vivem
mais tempo e geralmente são as maiores, tais como braúna, óleo de copaíba, pau
brasil, pitomba amarela, peloteira e palmito doce, entre outras espécies.
Dessa forma espera-se um incremento da
biodiversidade da floresta replantada, que agora tem capacidade de absorver com
maior sucesso as espécies mais sensíveis deste complexo bioma que é a Mata
Atlântica. As atividades de produção das mudas já foram iniciadas pela equipe
do viveiro do Instituto Terra e as etapas seguintes envolvem o preparo do solo,
plantio das mudas e manutenção das mesmas.
Sobre o Instituto Terra
Fundado em 1998 por Lélia Deluiz Wanick e Sebastião
Salgado, o Instituto Terra é uma associação civil, sem fins lucrativos, que
promove a recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce há 16 anos. Atua
por meio da restauração ecossistêmica, produção de mudas nativas, extensão
ambiental, pesquisa científica aplicada e educação ambiental, em municípios de
Minas Gerais e Espírito Santo.
Sua sede se localiza na Fazenda Bulcão, em
Aimorés (MG), área reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN). O título conserva seu ineditismo por se tratar da primeira RPPN criada
em uma área degradada, com o compromisso de vir a ser recuperada. Ao todo,
desde sua fundação, o Instituto Terra já contabiliza 7,5 mil hectares de Mata
Atlântica em processo de recuperação no Vale do Rio Doce e a produção de mais
de 4 milhões de mudas nativas, além da proteção de mais de 1,2 mil nascentes.
Fonte: Instituto Terra
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