Gases de
efeito estufa batem recordes.
Dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – os
principais gases de efeito estufa liberados na atmosfera da Terra – mais uma
vez atingiram concentrações médias recordes para o ano de 2014. Foto:
Shutterstock.
Em 2014 os oceanos do mundo incharam, os principais
gases de efeito estufa que alimentam o aquecimento global bateram recordes e a
temperatura da superfície do planeta atingiu seu ponto mais quente em 135 anos
– informaram pesquisadores internacionais na quinta-feira, 16 de julho.
Os resultados estão contidos no Relatório sobre
o Estado da Temperatura de 2014, um estudo que examina temperatura,
precipitação e eventos climáticos ao redor do mundo.
Um total de 413 cientistas de 58 países de todo o
mundo contribuíram para o relatório, o 25º de uma série que se baseia em dados
coletados pelas estações de monitoramento ambiental e instrumentos em terra,
água, gelo e no espaço.
O calor atingiu profundamente os oceanos e a
atmosfera, e os cientistas alertam que o clima continua a mudar rapidamente em
comparação à era pré-industrial – mudança que ainda não tem um fim à vista.
“Se fôssemos congelar os gases de efeito estufa em
seus níveis atuais, os mares continuariam esquentando durante séculos, até
milênios”, explicou à AFP o oceanógrafo Greg Johnson, do Laboratório Ambiental
Marinho do Pacífico, ligado à Administração Oceânica e Atmosférica Nacional
(NOAA).
“E isso significa que quando eles aquecem, também
se expandem e o nível do mar continuaria a subir”, afirmou Johnson em uma teleconferência
para discutir o relatório.
‘Imagem consistente’
Muitas das mesmas tendências verificadas nas
últimas duas décadas continuaram em 2014.
“O dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – os
principais gases de efeito estufa liberados na atmosfera da Terra – mais uma
vez atingiram concentrações médias recordes para o ano de 2014″, afirmou.
Em meio a registros recordes de calor em todo o
mundo, o leste da América do Norte foi a única região principal do mundo que
experimentou temperaturas abaixo da média anual.
“A Europa teve seu ano mais quente já registrado
por uma ampla margem, com cerca de duas dezenas de países batendo seus recordes
de temperatura nacionais anteriores”, informou o documento.
“Muitos países na Ásia tiveram temperaturas anuais
entre as 10 mais quentes já registradas, a África teve temperaturas acima da
média em quase todo o continente ao longo de 2014; a Austrália vivenciou seu
terceiro ano mais quente já registrado, após o calor recorde de 2013″.
Na América Latina, o México teve seu ano mais
quente já registrado, enquanto Argentina e Uruguai tiveram, cada um, seu
segundo ano mais quente já registrado.
“É um quadro bastante consistente”, disse Thomas
Karl, diretor dos centros nacionais da NOAA para Informação Ambiental.
Foto: Shutterstock
Aquecimento dos oceanos
Os oceanos do mundo tiveram um recorde de calor no
ano passado, e o nível do mar também esteve em seu nível mais alto nos tempos
modernos.
“Devido tanto ao aquecimento do oceano e quanto ao
derretimento do gelo, o nível do mar global também bateu seu recorde em 201, 67
milímetros, maior do que a média anual de 1993″, quando as medições de satélite
do nível dos oceanos começaram, disse o relatório.
Johnson explicou que os oceanos são uma boa medida
do aquecimento global porque absorvem grande parte do calor e dióxido de
carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis.
Tendência irreversível
Infelizmente, mesmo que a humanidade tome medidas
fortes para reduzir o uso dos combustíveis fósseis, a tendência não se
reverteria tão cedo, apontou o pesquisador.
“Eu penso nisso mais como um volante ou um trem de
carga. É preciso um grande esforço para fazer funcionar”, comparou Johnson.
O relatório completo foi publicado no Boletim da
Sociedade Meteorológica Americana. Os dados do estudo reforçam a necessidade de
que um acordo em nível global para a redução dos gases de efeito estufa – capaz
de substituir o Protocolo de Kyoto – seja fechado em dezembro, quando
representantes de 196 países estarão reunidos em Paris para a 21ª Conferência
da ONU sobre Mudanças do Clima (COP21).
Fonte: EcoD
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