Observatório divulga prioridades para implementação do Código Florestal.
por Redação do SOS Mata
Atlântica*
O Observatório do Código Florestal (OCF) – que
reúne instituições da sociedade civil para monitorar a implantação da Lei em
todo o território brasileiro – divulgou uma carta com
prioridades para garantir que o Código saia do papel. Quase 3 anos após a
sanção da Lei, é preocupante a lentidão na implementação do Código Florestal,
em especial na implantação de instrumentos como o Cadastro Ambiental Rural
(CAR).
A implementação do novo Código Florestal é
importante porque, apesar de retrocessos em sua reformulação, ele é a Lei que
define parâmetros para regeneração e a recuperação de áreas degradadas ou
desmatadas ilegalmente, processos fundamentais para garantir oferta de água,
biodiversidade e regulação do clima.
A lista de prioridades divulgada servirá como ponto
de partida para a interlocução das 20 instituições e grupos de organizações que
formam o Observatório do Código Florestal com o Executivo, o Legislativo e
setor privado. E inclui:
1 – Transparência: Acesso da sociedade civil às
bases de dados do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (CAR)- onde todas as
propriedades do país precisam informar com coordenadas suas áreas de
preservação e de produção. Além de acesso às informações dos Programas de
Regularização Ambiental (PRAs) dos estados, aos quais proprietários de imóveis
rurais que desmataram mais do que dita a lei, terão que aderir e se comprometer
a recuperar ou compensar estas áreas em prazos de até 20 anos.
2 – Implementação: Definição de políticas claras
com apoio técnico e financeiro aos estados para que eles possam implementar o
CAR e os PRAs com foco em criação de áreas contínuas de vegetação nativa, que
permita a criação de corredores ecológicos. Além de definição de calendário,
fontes de recursos e responsáveis pela execução do Plano de Recuperação de
Vegetação Nativa (Planaveg).
3 – Incentivos: Criação dos incentivos econômicos previstos no
artigo 41 do Código Florestal.
Segundo os membros do OCF, o item transparência é
essencial para permitir o monitoramento da implementação do Código por parte da
sociedade civil. O acesso à validação dos cadastros também permitirá a fiscalização
do cumprimento da lei. E a criação de incentivos irá garantir os estímulos para
que quem não cumpre busque se adequar, assim como poderá premiar os que
preservaram além do que é exigido.
Até agora, prevalecem as medidas de punição, sem
pouca ou quase nenhuma oferta de benefícios econômicos que premiem quem já
preserva mais do que a lei exige, o que atrairia os que gostariam de aderir a
práticas de conservação.
Os incentivos, em forma de isenções ou reduções
tributárias, linhas de crédito com juros menores e boas práticas na
agropecuária que aumentam a produtividade e reduzem os danos ao meio ambiente,
formam um capítulo bastante amplo do Código, mas ainda são aplicados
timidamente. No caso da linha de crédito diferenciada para agricultura de baixo
carbono e da isenção de Imposto Territorial Rural (ITR) para áreas de Reserva
Legal (percentual de vegetação nativa obrigatório em cada propriedade) e de
Preservação Permanente (APPs).
O governo estima que haja 5,4 milhões de
propriedades rurais no país e pelo novo Código Florestal todas devem estar com
seu Cadastro Ambiental Rural (CAR) realizado em maio de 2015, com a
possibilidade de prorrogar o prazo somente até maio de 2016. As propriedades
com mais de quatro módulos fiscais que tiverem déficit de vegetação nativa em
APPs ou menos Reserva Legal do que o exigido em lei vão precisar assinar um
termo de compromisso com a autoridade ambiental estadual e iniciar o
reflorestamento, regeneração ou compensação da vegetação nativa. Um estudo do
professor Britaldo Silveira Soares Filho, da UFMG estima este passivo de
florestas no Brasil em 23 milhões de hectares (230 mil km quadrados).
Acesse neste link a íntegra do
ofício com a lista de prioridades do Observatório do Código Florestal.
Sobre o Observatório
Criado em maio de 2013 por sete instituições da
sociedade civil – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM),
WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Instituto Centro de Vida (ICV), The Nature
Conservancy (TNC), Conservação Internacional (CI) e Instituto Sociambiental
(ISA) – o Observatório tem como objetivos monitorar a implementação da nova Lei
Florestal (Lei Federal 12.651/12) em
todo o país. E sobretudo acompanhar o desempenho dos Programas de Regularização
Ambiental (PRAs) e de seu principal instrumento, o Cadastro Ambiental Rural
(CAR), com a intenção de mitigar os aspectos negativos do novo Código e evitar
novos retrocessos.
* Com informações do site do Observatório do Código
Florestal.
Fonte: SOS Mata Atlântica
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