Especialistas alertam para
condição de hidrelétricas em duas regiões do país.
por
Redação do EcoD
A maneira de operar os reservatórios tem que ser
alterada, na opinião dos especialistas. Foto: Divulgação/Programa de Aceleração
do Crescimento.
O diretor do Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação
e Pesquisa em Engenharia (Coppe), Luiz Pinguelli Rosa, avaliou que se não
chover em quantidade satisfatória algumas hidrelétricas que geram energia para
as regiões Sudeste e Centro-Oeste só terão condições de operar por mais um mês.
O alerta foi feito em carta que o diretor encaminhou ao ministro de Minas e
Energia, Eduardo Braga, e que inclui dados do estudo do diretor do Instituto de
Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’Araujo.
“Se não chover, estamos perdidos. Se chover 50% da
média [tradicional], vamos ter racionamento no meio do ano, porque o período de
seca começa em abril. É mais do que urgente começar alguma coisa. Todas as
medidas que estão sendo tomadas estão corretas, mas com um grande atraso”,
revelou à Agência Brasil. No trabalho da Ilumina, D’Araujo indica que a
situação hídrica do país é bastante severa, mas não é inédita. Aponta ainda que
o caso mais grave é o do Rio São Francisco, que registra índices declinantes há
mais de dez anos.
A análise foi apresentada na segunda-feira, 2 de
fevereiro, no seminário A Crise Hídrica e a Geração de Energia Elétrica,
coordenado pela Coppe com especialistas do setor, no campus da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no Fundão, zona norte do Rio de Janeiro. Os dois
especialistas defenderam a adoção, pelo governo, de uma campanha de
esclarecimento da população sobre o uso racional de energia e água.
“É igual campanha de vacinação de saúde pública
contra a dengue. Tem que ter uma campanha para economizar energia e água. O
governo tem que educar e estabelecer regras. No momento é a solução. São Pedro
não tem nada a ver com isso”, disse D’Araujo.
Reformulação
Na avaliação do diretor do Ilumina, o setor
elétrico precisa passar também por uma reformulação.
“O critério de operação tem
que mudar. Precisamos rever os certificados de garantia dados a cada usina. No
passado tínhamos reservatórios que eram capazes de guardar água equivalente ao
consumo de dois anos. Nós não temos mais, e a carga foi subindo. A maneira de
operar os reservatórios tem que ser alterada, e os certificados definidos no
passado têm que ser mudados, porque o critério mudou. O problema é que a gente
botou valores fixos para cada usina, dependente de um critério de operação, e
ele mudou.”
Segundo D’Araujo, o governo deveria também
incentivar o uso de lâmpadas de LED (que além de gastar menos energia,
esquentam menos o ambiente), reduzir os impostos para a instalação e aquisição
de placas de energia, incluindo os tributos sobre a utilização de energia
solar.
“Esse incentivo transforma o consumidor em uma
espécie de investidor do setor elétrico. Telhados com placas solares, o preço
no Brasil é proibitivo, porque as placas pagam imposto, e ao se produzir a
energia e não usar, fica com o saldo na Light, mas se consumir de volta, paga
ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. É um negócio
inacreditável. É como se você produzisse tomate no seu jardim e na hora de
consumir tivesse que pagar ICMS”, completou, informando que ações como essas
favoreceriam um sistema mais eficaz. “Está tudo atrasado”, salientou.
Fonte: EcoD
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