Empresas apresentam ao governo
projetos alternativos de captação e reúso de água.
por Nielmar de Oliveira, da
Agência Brasil
Pelo menos quatro das grandes indústrias que são
atualmente abastecidas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), a
partir do Sistema do Guandu, apresentam na sexta-feira (30) ao governo do
estado projetos alternativos de captação e reúso de água para evitar o
racionamento nos próximos meses em razão da crise hídrica, causada pela falta
de chuvas.
No dia 29 de janeiro, o governador do Rio de
Janeiro, Luiz Fernando Pezão, informou que pretende encaminhar à Assembleia
Legislativa do Estado (Alerj) projeto de lei estabelecendo a obrigatoriedade da
adoção da política de reúso de água pelas grandes industrias.
Os representantes das indústrias estiveram
reunidos com o governo para discutir o problema. Eles terão que apresentar um
documento oficializando a necessidade mínima para o funcionamento das empresas.
Segundo informações do governo, elas terão que
fornecer informações que apontem quantidade e qualidade da água utilizada para
manter suas operações. Com esses dados, o secretário estadual do Ambiente,
André Corrêa, e o presidente da Cedae, Jorge Briard, esperam formatar um novo
mecanismo de reúso da água dessas indústrias.
Na ocasião, André Corrêa anunciou a adoção de uma
política de governo permanente, incentivando a reutilização da água, até então,
descartada na linha de produção das indústrias. A proposta foi comunicada, em
particular, aos representantes das quatro principais empresas do Distrito
Industrial de Santa Cruz, convocados pelo secretário e pelo presidente da Cedae
para avaliar a situação dos reservatórios que abastecem o estado do Rio de
Janeiro.
Segundo Corrêa, a situação dessas empresas é
particularmente mais grave porque ekas usam a água do Rio Paraíba do Sul,
abaixo do sistema de captação do Guandu, responsável pelo abastecimento de 9
milhões de habitantes da região metropolitana do Rio de Janeiro. O problema se
agravou com a crise hídrica que afeta a Região Sudeste, a maior dos últimos 84
anos. O secretário antecipou que outros segmentos da indústria que operam na
região também serão convidados para debater mecanismos que estimulem o consumo
eficiente em suas linhas de produção.
A Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) deve ser a
próxima convocada para uma rodada de negociação a fim de se adequar ao novo
sistema. Hoje, a empresa detém uma outorga de captação de 2 metros cúbicos (m3)
por segundo, volume superior ao necessário. No caso específico da Reduc, o
volume poderá ser revisto e adotada uma solução semelhante à do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que já reaproveita a água que resulta
do esgoto tratado na Estação de Alegria, no Caju.
Como a prioridade é o consumo humano e as
indústrias terão que se adequar à política de reúso, André Corrêa foi enfático
ao afirmar que vai usar a prerrogativa da gestão de recursos hídricos, da
legislação ambiental: “acredito que isso não vai acontecer, mas podemos, sim,
cassar outorgas de empresas.”
O sistema, administrado pela Cedae foi projetado
para operar com a vazão média de 250m3 por segundo e vazão mínima de 190m3.
Atualmente, por causa da escassez de chuvas, a concessionária está operando com
145m3 por segundo, conforme recomendação da Agência Nacional de Águas (ANA)
para compensar o período prolongado de seca na região.
O problema das indústrias foi abordado também em
uma reunião, quarta-feira (28), em Brasília, na qual a ANA acenou com a possibilidade
de propor a redução para 110m3 por segundo. Para o secretário, essa redução
torna a situação do estado do Rio insustentável. “Ela é extremamente limitante.
Entendemos a gravidade do problema de São Paulo, todos nós somos brasileiros,
mas esse número dificulta muito, torna praticamente inviável a gestão de
recursos hídricos do Rio de Janeiro”, afirmou Corrêa.
* Edição:
Valéria Aguiar.
Fonte: Agência
Brasil
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