Instituto desenvolve tecnologia
inovadora para detecção de vazamento de água potável.
por
Juliana Guarexick, da Envolverde
O Brasil desperdiça 37% da água
tratada. Isso ocorre principalmente devido às falhas nas tubulações.
Foto: Reprodução/ Shutterstock.
Solução desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia e
Inovação, Venturus, permite maior assertividade na detecção de vazamentos em
redes de abastecimento.
Como se a falta d’ água não fosse suficiente, ainda
há desperdício. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS) do Ministério das Cidades, 37% da água tratada no Brasil é desperdiçada
antes de chegar às torneiras da população. Isso ocorre principalmente devido às
falhas nas tubulações, vazamentos e ligações clandestinas. A região Norte
lidera as perdas no país, com 45% de perdas. No Sudeste o desperdício chega a
33,4%.
Principalmente em tempos de escassez hídrica, a
gestão eficaz de perdas de água é fundamental para, ao menos, minimizar os
danos causados ao consumidor, às indústrias e a todos os outros setores que tem
a água como elemento principal em seu processo de funcionamento. Em entrevista
especial à Envolverde, o gerente executivo do Instituto de Tecnologia e
Inovação, Venturus, Lauzier Araújo, apresenta um sistema integrado com foco em
detecção de vazamentos por meio de uma infraestrutura computacional que integra
as metodologias de análise hidráulica (pressão e vazão) e análise acústica
(ruídos), para identificar, de modo rápido e confiável, o ponto exato de
vazamento nas tubulações.
“É a informação provendo mais dados, para que a
intervenção seja mais efetiva”, resume ele. Na entrevista, o executivo fala
como a integração entre mundo físico e virtual pode trazer soluções para evitar
o desperdício de recursos naturais. O conceito de smart cities, ou cidades
inteligentes, explica bem esta lógica: tecnologias avançadas são desenvolvidas
para atender às demandas da população e proporcionar maior agilidade na
detecção de problemas ou até mesmo se antecipar a futuros desgastes. Confira.
Além de atuar na área de pesquisa e desenvolvimento
quais outras soluções são oferecidas pelo Instituto Venturus?
O Venturus foi fundado há 20 anos. Ele foi criado
principalmente para atuar nas áreas de telecomunicações e mobilidade. Hoje,
oferece soluções e produtos para clientes globais em diversos setores, como
tecnologia da informação, manufatura, água e energia, automação comercial,
meios de pagamentos, entre outros.
O Venturus vem há anos investindo em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologias para solucionar problemas comuns a grandes
cidades. O setor de água e energia está hoje no topo das discussões,
principalmente devido à crise hídrica que assola a região sudeste do Estado de
São Paulo. Quais soluções o Instituto tem desenvolvido nessa área?
O Venturus, há aproximadamente 5 anos, começou a
desenvolver uma solução automatizada e integrada que identifica os locais da
rede de abastecimento onde existe desperdício de água sem a necessidade de
inúmeras intervenções. O sistema foi desenvolvido especialmente para um de nossos
clientes, que inclusive fornece serviços para a Sabesp. O projeto – que ainda
está em fase experimental – conta com o aporte financeiro do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apresenta um alto nível de
inovação.
Como funciona esta tecnologia?
Eu diria que é um sistema hierárquico. No alto
nível nós temos equipamentos que são instalados em macro regiões e monitoram,
por exemplo, a medida de pressão da água. A partir daí são feitas uma série de
avaliações matemáticas sendo possível definir uma área menor onde existe um
provável vazamento. Em seguida, são instalados equipamentos em algumas ruas de
um bairro. Nessa fase é feita, por exemplo, uma avaliação do ruído de canos.
Novamente são gerados uma série de algoritmos que são comparados com padrões
prévios onde é possível detectar, em um nível menor ainda, se existe em
determinada rua ou quarteirão uma grande probabilidade de vazamento. Depois
disso se chega a um último nível aonde um operador vai a campo com um
equipamento, também desenvolvido pela Venturus, e literalmente escuta os ruídos
do solo. Com a experiência do operador e com a ajuda de softwares inseridos em
smartphones, sua avaliação será mais assertiva. Quando o vazamento é
identificado o próprio smartphone gera uma ordem de serviço e abre uma chamada
para uma equipe que poderá cavar o local definido.
4 – Um relatório do governo federal, divulgado no
último dia 21, apontou que o Brasil desperdiça 37% da água tratada para
consumo. Isso ocorre principalmente devido às falhas das tubulações. De que
forma esse sistema desenvolvido pelo Venturus pode melhorar a assertividade na
detecção de vazamentos, diminuindo assim as perdas?
Quando o sistema define regiões geográficas maiores
e através de equipamentos reduz a área de pesquisa de prováveis vazamentos a
áreas cada vez menores, ele permite uma melhor precisão na hora de cavar a rua,
por exemplo, evitando um mal estar desnecessário. Quando se há uma intervenção
desse tipo causam-se transtornos para os pedestres e atrapalha o trânsito de
veículos. A ideia do sistema é agregar tecnologia, melhorar a precisão e a
assertividade desse processo.
Diversos projetos de smart cities, ou cidades
inteligentes, estão sendo criados no mundo todo. A integração entre o mundo
físico e o virtual é a melhor solução para reduzir o desperdício dos recursos
naturais?
O Venturus vê a possibilidade, do que eu chamo de
internet das coisas. Cada vez mais você agrega conectividade a elementos, e
permite que eles passem a trazer uma gama muito grande de informações, que
quando agregadas e processadas, vão gerar uma série de outras informações que
vão permitir que os governos, as áreas, as entidades, possam ser mais
assertivas nas intervenções que fazem. O Venturus acredita nesse potencial de
conectividade e mobilidade para ajudar os governos a usar melhor o nosso
dinheiro. É a informação provendo mais dados, para que a intervenção seja mais
efetiva.
E este conceito pode ser aplicado em diferentes
áreas.
Exatamente. Na área de água existe um potencial
pouco explorado. Por exemplo, um dos equipamentos do Venturus e é conectado no
cavalete de uma casa comum e fornece determinadas informações. Imagine isso
sendo ampliado para um monitoramento mais contínuo. Podemos pensar que daqui a
algum tempo vamos ter soluções que são mais preventivas, do que reativas.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário