Um em
cada quatro brasileiros usa o ônibus como principal meio de transporte.
Um em cada quatro brasileiros usa ônibus para ir ao
trabalho ou à escola todos os dias. Foto: José Cruz/Agência Brasil.
Um em cada quatro brasileiros se desloca de ônibus
para as atividades do cotidiano, como ir ao trabalho ou à escola. Os dados
constam de um levantamento sobre transporte público encomendado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e indicam que, diariamente, um quarto
dos brasileiros (25%) vai de ônibus para o trabalho ou para a escola.
Os que fazem o percurso a pé somam 22%. Já o
automóvel da família é o meio de locomoção adotado por 19% da população,
seguido pelo uso de motocicletas (10%) e de ônibus ou van fretados (9%). Apenas
7% dos brasileiros se deslocam, no dia a dia, de bicicleta. É o caso, por
exemplo, do copeiro Edmilson Alves, de 31 anos, que trocou o ônibus pela
bicicleta para ir ao trabalho e não se arrepende.
Todos os dias, ele sai da Vila São José, em Osasco,
município a oeste da Grande São Paulo, rumo à avenida Imperatriz Leopoldina, na
Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. “Eu levava em torno de trinta
minutos para chegar aqui e agora são só quinze minutos”, disse.
O Ibope, instituto contratado pela confederação,
ouviu 2.002 pessoas, no ano passado, em 142 cidades, e constatou que o
brasileiro está mais insatisfeito com as opções de transporte. O percentual de
entrevistados que avaliou o transporte como ruim ou péssimo subiu de 26%, em
2011, para 32%, na última sondagem. Já a parcela de brasileiros que avaliou o
setor como bom ou ótimo caiu de 39% há quatro anos, para 24%.
Trânsito
Entre os problemas apontados pelos usuários está o
tempo gasto para se chegar aos destinos: há quatro anos, 26% das pessoas
levavam mais de uma hora para chegar ao destino. O percentual passou para 31%.
A maioria (74%) perde até uma hora no trânsito. Em 2011, esse percentual era
69%.
A corretora de imóveis Thais Couri, de 36 anos,
mudou-se do Guarujá para São Paulo há seis meses e vai de ônibus para o
trabalho. Ela conta que leva uma hora e meia, diariamente, para sair do bairro
de Perdizes, na zona oeste, até o Parque D. Pedro, onde trabalha no centro da
cidade. “A condução chega a demorar até 45 minutos, às vezes”, disse.
No caso dos brasileiros que levam mais de duas
horas no trânsito, 22% estão nos ônibus ante 9% em carros. Já no percurso de
até uma hora, 51% ocupam assentos de ônibus enquanto 76% estão em carros.
Em um recorte da pesquisa por gênero, as mulheres
(28%) usam mais os ônibus do que os homens (19%) para deslocamentos diários.
Elas também andam mais a pé do que eles: 26% dos pedestres são mulheres, ante
17% de homens. Quando o meio de transporte é a bicicleta, a proporção se
inverte: 9% dos homens optam por pedalarem no dia a adia, ante 4% de ciclistas
mulheres. O mesmo ocorre em relação à motocicleta (13% homens e 7% mulheres) e
ao carro (23% homens e 16% mulheres).
A motocicleta é o meio preferido dos jovens enquanto
o carro é apontado como ideal pelos mais velhos. No perfil de 16 a 24 anos, 17%
disseram que usam a motocicleta, percentual que cai para 3% entre os que tem 55
anos ou mais. Já entre os que usam o carro, 10% estão entre os mais jovens e
21% entre os mais velhos.
Descolamento nas cidades
Entre a população com rendimento de até um salário
mínimo, 39% seguem a pé para os seus destinos, 20% vão de ônibus e 3% de carro.
Já entre os brasileiros com faixa de renda acima de cinco salários mínimos,
quase a metade (48%) tem o carro como principal meio de locomoção, 16% usam
ônibus e 12% caminham até seus destinos.
De acordo com o levantamento, quanto menor a
cidade, maior o percentual de moradores que vai a pé para o trabalho ou escola.
Em cidades menores, com até 20 mil habitantes, 44% dos entrevistados cumprem os
trajetos a pé. Em municípios que têm entre 20 mil e 100 mil habitantes, o
percentual cai para 31% e apenas 12% caminham em cidades com mais de 100 mil
habitantes.
O levantamento detectou ainda que a maioria dos que
segue a pé faz essa opção por ser a mais rápida, caso de 37% dos entrevistados.
Quem escolhe a bicicleta (54%) aponta a agilidade do modal, mesmo motivo
indicado pelos que optam por motocicleta (64%) e pelo carro (58%). Já 44% dos
entrevistados que usam o ônibus disseram que este é o único meio de transporte
disponível.
Ao perguntar aos usuários como melhorar o
transporte público no país, a maioria (47%) sugere aumentar o número de linhas
e corredores exclusivos de ônibus. Para 28%, o preço da tarifa deveria ser
reduzido. Vinte e um por cento consideram que, para ser mais atrativo, o
transporte deveria ser mais seguro, e a mesma parcela, defende investimento em
conforto.
Lucas David tem 25 anos e trabalha em uma empresa
de biscoito, em Vila Anastácio, na mesma região onde mora. Apesar disso, sente
que o tempo que gasta do Rio Pequeno, onde mora, até a empresa aumentou. “Antes
eu gastava só 40 minutos, agora chega a uma hora e meia. E demora mais ainda
quando eu trabalho em dias de feriado, quando a frota é reduzida em mais de
30%”, lamentou.
Para ele, a frota de ônibus não acompanhou o
aumento da demanda. Além disso, ele aponta a necessidade de mais fiscalização
para não permitir que veículos comuns transitem nos corredores exclusivos. “Tem
também o fato que muitos motoristas não respeitam os corredores [de ônibus].
Precisa de mais fiscalização”, disse.
* Matéria ampliada às 14h27. Edição: Denise
Griesinger.
Fonte: Agência Brasil
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