ONGs
pedem mais ambição no combate ao desmatamento.
Área recém desmatada em Roraima. Foto: ©
Greenpeace/Marizilda Cruppe.
Organizações socioambientais lançam manifesto
coletivo que pede o fim do desmatamento em todos os biomas brasileiros.
Organizações da sociedade civil que atuam no país
lançam hoje (14) o manifesto “Desmatamento Zero e o Futuro do Brasil”, que
mostra a enorme importância de, como nação, assumirmos a meta de zerar o
desmatamento nos próximos anos, algo considerado pelo grupo como “necessário e
factível”. Segundo o documento, caso o País não seja mais ambicioso em suas
metas de combate a destruição de biomas ameaçados, o Brasil poderá amargar
grandes prejuízos em curto prazo.
A destruição das florestas, somada às mudanças
climáticas, pode provocar secas prolongadas em diferentes regiões do Brasil e
reduzir a produção agrícola brasileira, gerando um grande impacto econômico e
social. Já em 2020 a produção agrícola poderá sofrer um prejuízo anual na ordem
de R$ 7,4 bilhões, como consequência da redução de chuvas em diferentes
regiões. Tal escassez afetaria também a geração de energia hidroelétrica e o
abastecimento de água nas cidades. A boa notícia é que o país já dispõe de
tecnologia e áreas abertas em quantidade suficientes para garantir a
continuidade e o desenvolvimento da produção de alimentos sem a necessidade de
novos desmatamentos.
Os signatários do documento são o Instituto Centro
de Vida (ICV), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Imaflora, Greenpeace, WWF, Instituto
Socioambiental (ISA), The Nature Conservancy (TNC), Sociedade de Pesquisa em
Vida Selvagem (SPVS) e o Comitê de Coordenação do Observatório do Clima. Entre
as sugestões defendidas pelo grupo estão o fortalecimento de acordos de mercado
que visam o Desmatamento Zero, incentivo público e financeiro à preservação
ambiental e o estabelecimento de novas unidades de conservação e terras
indígenas.
O documento chega apenas poucos meses da próxima
Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas
sobre Mudanças do Clima (COP21), que acontecerá em dezembro de 2015, e onde
diversos países estarão reunidos para estabelecer um novo acordo que leve à
redução das emissões de gases de efeito estufa a partir de 2020.
Até o início de outubro o Brasil deve apresentar
suas contribuições para este acordo, as chamadas INDC (Intended Nationally
Determined Contributions). Uma excelente oportunidade para assumir a meta de
eliminar o desmatamento em todos os biomas em menos de uma década, como aponta
ser possível o manifesto publicado pelas ONG’s, fazendo com que o Brasil retome
a liderança na redução das emissões, aumentando assim a pressão para que outros
países também assumam compromissos mais ambiciosos.
Cientistas do IPCC (Intergovernmental Panel on
Climate Change) recomendam que haja uma redução global de 40% a 70% na emissão
de gases do efeito estufa (GEE) até 2050 (com base nas emissões de 2010), e
zerar o desmatamento é a forma mais rápida e barata do Brasil contribuir com
essa meta. O País tem plenas condições de fazer isso rapidamente. Para isso,
basta ampliar ações positivas em curso e abrir espaço para ações inovadoras que
contemplem o controle do desmatamento, a conservação das florestas e seu uso
sustentável.
O documento sugere seis ações que podem fazer com
que o Brasil alcance o desmatamento zero: Aumento da produção agrícola sem
desmate; aumento da eficácia da fiscalização; estabelecimento de novas áreas
protegidas; ampliação e consolidação dos compromissos privados e públicos pelo
desmatamento zero; uso da tributação para estímulo à conservação; incentivos
financeiros para conservação.
A expansão da produtividade deve acontecer em áreas
já desmatadas – só de pasto subutilizado são 52 milhões de hectares – e o
crédito rural deve concentrar esforços na adoção da agricultura de baixo
carbono (Plano ABC), acelerando a prática deste tipo de produção. Outro
destaque trazido pelo manifesto é que a cobrança efetiva do ITR – Imposto
Territorial Rural – ajudaria a reduzir o desmatamento especulativo e geraria
recursos na casa dos bilhões, que poderiam ser aplicados em ações que garantam
o fim do desmatamento, como por exemplo, na manutenção de áreas protegidas e em
pesquisas e desenvolvimento de tecnologia agrícola.
O Desmatamento Zero não é apenas uma opção viável,
mas também necessária para garantir o futuro socioambiental e econômico do
Brasil. Além disso, representa o desejo de mais de 1,4 milhão de brasileiros,
que já assinaram pelo fim da destruição das florestas do País. Queremos as
florestas em pé. Faça parte desse movimento, assine
a petição.
Fonte: Greenpeace Brasil
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