ActionAid
lança minidocumentário sobre impactos da produção de biocombustíveis sobre a de
alimentos no Mato Grosso.
Juliana Câmara / ActionAid
Como ação
para marcar o Dia Mundial da Alimentação em 2015, celebrado em 16 de outubro, a
organização de combate à pobreza ActionAid lança no Brasil o vídeo
“Biocombustíveis: energia não alimenta”, um pequeno documentário sobre os
impactos da expansão de áreas de monocultura para produção de biocombustíveis
sobre as plantações de pequenos agricultores familiares do assentamento Roseli
Nunes, em Mirassol d’Oeste. São centenas de famílias prejudicadas pelo uso
extensivo do solo e da água, além de grandes quantidades de agrotóxicos. A
agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos hoje no
país.
Num dos
depoimentos, a agricultora Miraci Pereira da Silva diz: “Enquanto nós temos a
preocupação de produzir alimentos saudáveis, por outro lado, as grandes
fazendas em volta só usam monocultura de cana e agrotóxico. E isso a gente sabe
que não prejudica só lá no local, mas todo o entorno, que sofre contaminação da
água e do solo”.
Sob o
argumento de ser menos poluente, o setor de biocombustíveis recebe bastante
incentivo oficial – com o governo determinando uma porcentagem cada vez maior
de mistura de etanol para os veículos no país. No entanto, a ActionAid defende
que é preciso relativizar esta ideia de sustentabilidade, pois o produto final
pode ser menos poluente, mas o processo produtivo provoca danos ambientais e
sociais.
Um
relatório encomendado pela organização, em parceria com a Federação de Órgãos
para Assistência Social e Educacional (Fase), ao economista e consultor da Fase
Sergio Schlesinger embasa o material audiovisual. O documento mostra o impacto
das monoculturas sobre a produção de alimentos no Mato Grosso, estado que é
maior é produtor brasileiro de grãos: a expansão da soja, do milho, do algodão
e da cana-de-açúcar se deu em prejuízo de importantes culturas alimentares,
como o arroz, cuja área plantada em 1998/99 era de 730 mil hectares, dos quais
restaram apenas 166 mil na safra 2012/13. A área total plantada com mandioca em
Mato Grosso reduziu-se de aproximadamente 40 mil para menos de 24 mil hectares
entre 2005 e 2012.
A
produção diversificada de outros alimentos, como frutas, legumes e verduras, é
também reduzida em relação às necessidades de consumo da população do estado.
Segundo informações colhidas pelo autor do estudo junto à prefeitura do
município de Lucas do Rio Verde, por exemplo, 90% de todos os alimentos
consumidos por seus habitantes vêm de centros de abastecimento distantes, como
São Paulo, na região Sudeste, e Curitiba, na região Sul.
De acordo
com o relatório, além da disputa pela área plantada com o agronegócio, os
pequenos agricultores enfrentam a falta do apoio necessário dos governos
municipais e estadual, e os problemas decorrentes da utilização de agrotóxicos
em grande escala, que prejudicam as plantações e as saúdes das famílias. A
redução do volume das águas consequente do desmatamento causado pela expansão destas
grandes monoculturas também atinge as populações locais. O problema se soma à
contaminação destas mesmas águas pelos pesticidas.
Por fim,
o documento faz recomendações pela adoção de medidas para regulamentar a
produção de soja e cana-de-açúcar na região, inibindo práticas prejudiciais,
além da opção pelo estímulo aos agricultores familiares.
Sobre a
ActionAid
A
ActionAid é uma organização de combate à pobreza, presente no Brasil há 15
anos. Está presente em 13 estados, trabalhando em parceria com 25 organizações
locais em benefício de mais de 300 mil pessoas. Suas áreas de atuação são
segurança alimentar, educação, direitos das mulheres e participação
democrática.
Para
assistir ao vídeo, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=fuL-D7KoWdw
Para
acessar o relatório, clique aqui:
Matéria
do Gias com a Fase e a Misereor: http://bit.ly/GiasMisereor
Para mais
informações: Juliana Câmara: (21) 2189-4643
Andrés
Pasquis: (65) 9970-1354
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