quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Projeto de lei do Desmatamento Zero é entregue ao Congresso.
A funkeira Valesca Popozuda esteve no Congresso para demonstrar seu apoio ao Desmatamento Zero. Foto: © Adriano Machado / Greenpeace.

É a primeira vez que a sociedade leva à casa uma proposta de lei pelo fim do desmatamento nas florestas do País. O projeto conta com o apoio de ONGs, entidades religiosas, artistas e mais de 1,4 milhão de brasileiros.

Crianças, homens e mulheres, árvores, bichos e plantas tomaram o Salão Verde do Congresso Nacional para dar um recado claro: chega de derrubar nossas florestas. Chega de comprometer nosso futuro! Assim, representando o que o Brasil tem de melhor, o Greenpeace, voluntários e parceiros entregaram à Casa Legislativa o Projeto de Lei pelo Desmatamento Zero.

O momento histórico é resultado da mobilização de mais de 1,4 milhões de brasileiros que, desde 2012, vem coletando assinaturas, para levar o projeto ao Congresso Nacional. O ato de entrega da proposta, que proíbe o corte de florestas nativas no Brasil, ocorreu na tarde desta quarta-feira e contou com a presença de representantes de entidades religiosas e movimentos sociais, além de personalidades como os atores Caio Blat, Jorge Pontual, Paulo Vilhena, Maria Paula, a pintora e cantora Luísa Matsushida (Lovefoxxx) e da funkeira Valesca Popozuda.

“Verdadeiramente acredito que podemos criar um futuro melhor para nossos filhos e para as gerações futuras protegendo os maiores bens do planeta Terra. Se cada um fizer a sua parte, construiremos esse futuro juntos”, defende Letícia Spiller, atriz e embaixadora do Greenpeace pelo Desmatamento Zero.

Para marcar o momento, ativistas do Greenpeace realizaram uma intervenção artística no Salão Verde do Congresso, com a montagem de um mural de 2,16 de altura por 6,71 de comprimento, formada por mais de 6 mil fotos enviadas pelas pessoas que colaboraram com a campanha, com a mensagem “Desmatamento Zero já!”.
A imagem é formada por 6 mil fotos de pessoas que assinaram pelo Desmatamento Zero. Foto: © Adriano Machado / Greenpeace.

“São milhares de brasileiros dizendo que não toleram mais o desmatamento. Entregamos este projeto ao Congresso e está na hora deles refletirem o desejo da população. Temos espaço para nos desenvolver sem derrubar nossas florestas”, diz Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace. “A democracia se faz com a garantia de acesso aos recursos naturais à todos, destas e das futuras gerações. Por isso, acabar com a destruição de nossas florestas é essencial”, afirma.

“Assinei a petição em 2012 e confesso que tinha certa ansiedade de vê-la concluída. Certamente este será um passo importante para o objetivo de zerar o desmatamento no Brasil e aí começar um novo projeto de desenvolvimento para o país, que não seja fundamentado na destruição ambiental. É um grande momento para nós da Amazônia, para a sociedade brasileira e eu diria que para o mundo todo”, disse o senador João Capiberibe (PSB/AP).

Recentemente, algumas das maiores ONGs do Brasil publicaram em conjunto um manifesto em favor do Desmatamento Zero, considerado pelo grupo como “necessário e factível”. A destruição das florestas, somada às mudanças climáticas, pode provocar secas prolongadas em diferentes regiões do Brasil e reduzir a produção agrícola brasileira, gerando um grande impacto econômico e social. Já em 2020 a produção agrícola poderá sofrer um prejuízo anual na ordem de R$ 7,4 bilhões, como consequência da redução de chuvas em diferentes regiões. A escassez afeta também a geração de energia hidroelétrica e compromete o abastecimento de água e a qualidade de vida para milhões de pessoas que vivem nas grandes cidades.

“Este projeto reabre uma discussão importante aqui dentro, para que possamos confrontar aqueles que não tem noção dos direitos difusos da sociedade e até dos seus próprios benefícios, como os ruralistas, que também saem perdendo com o desmatamento, já que a destruição florestal prejudica o regime de chuvas”, aponta o deputado José Sarney Filho, (PV/MA), líder da Frente Parlamentar Ambientalista. “Espero que o projeto possa mobilizar e sensibilizar o Congresso Nacional. É um momento importante para que possamos continuar pressionando, não apenas por pequenas mudanças e costuras de apêndices, mas pensar em uma mudança profunda”, afirma Dom Guilherme Antônio Werlang, da CNBB.

A entrega do projeto marca um importante momento na luta para salvar as florestas, mas apenas com apoio de todos os setores da sociedade conseguiremos levá-lo adiante. O Brasil precisa parar de enxergar suas florestas como um empecilho ao desenvolvimento e passar a encará-las como essenciais para o futuro do país e da estabilidade do clima mundial. Todos juntos para que o Desmatamento Zero vire realidade no Brasil.

Se você ainda não assinou a petição pelo Desmatamento Zero, pode assiná-la aqui.


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