A mancha
da poluição.
O
trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve um aumento superior a 50%
referente ao ano passado e chega a 154,7 quilômetros, de acordo com resultados
do relatório “O Retrato da Qualidade da Água e a
evolução parcial dos indicadores de impacto do Projeto Tietê“,
divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta quarta-feira (23/09), na
semana em que se comemora o Dia do Tietê. A mancha anaeróbica, na qual os
índices ainda variam de ruim a péssimo, está localizada atualmente entre os
municípios de Mogi das Cruzes e Cabreúva.
O relatório é resultado do monitoramento de
qualidade da água dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê,
analisados entre setembro de 2014 a agosto de 2015. No total, foram 109 pontos
de coleta distribuídos em 26 municípios e em 78 corpos d’água. Importante
destacar que o monitoramento é realizado por grupos de voluntários da SOS Mata
Atlântica.
A mancha negra que tingiu o rio a partir de Santana
de Parnaíba, do Reservatório de Edgard de Souza, até o município de Botucatu,
no Reservatório de Barra Bonita, derrubou os índices de qualidade da água de
regular/aceitável para péssimo, em dois dias de análise nesse trecho do rio. Já
o enorme excedente de esgoto sem tratamento dos municípios de Mogi das Cruzes,
Suzano, Guarulhos e demais cidades do Alto e Médio Tietê resultaram em impactos
diretos na qualidade da água medida em 16 pontos de coleta no rio Tietê e em
outros 53 pontos distribuídos nas bacias hidrográficas, que registraram médias
de qualidade da água ruim e péssima.
Placa em Mogi das Cruzes indica trecho em que o
Tietê está quase morto.
“Esses indicadores alertam para a urgente
necessidade de uma ação integrada e firme do Estado, envolvendo Cetesb, Sabesp,
DAEE, EMAE e demais secretarias, com os municípios para que tragédias
anunciadas, como essa da abertura de barragens , deixem de matar o rio,
remetendo a sua qualidade no interior ao que registrávamos nos anos 90”, afirma
Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.
No início do projeto de despoluição do rio com
maior extensão do Estado de São Paulo, em 1993, a mancha de poluição estava em
530 quilômetros, de Mogi das Cruzes até o reservatório de Barra Bonita. No fim
de 2010, ao término da segunda etapa do Projeto Tietê, o trecho de rio morto
compreendia uma extensão de 243 quilômetros, de Suzano até Porto Feliz. Já em
2014, a mancha de poluição ocupava somente 71 quilômetros entre os municípios
de entre Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. Com a mancha atual, entre Mogi das
Cruzes (60 km da nascente) até o município de Cabreúva (214,7 km da nascente),
o aumento foi de 54% em relação ao estudo realizado em 2014.
Após 24 anos de luta da sociedade, deflagrada em
1991 com o início da campanha para despoluição do rio, o Projeto Tietê tem como
nova meta a universalização do saneamento em São Paulo entre os anos de 2018 e
2020, com a recuperação dos rios. Para os especialistas da Fundação SOS Mata
Atlântica, porém, o ritmo atual indica que teremos em 2020 ainda muitos
desafios para que os rios urbanos possam ser utilizados, especialmente no
trecho que atravessa a Região Metropolitana. Por isso, a SOS Mata Atlântica
defende a extinção da classe 4 de rios na Resolução Conama 357, que atualmente
permite a figura do rio morto, destinado apenas à paisagem, diluição de
efluentes e geração de energia.
Acesse aqui o relatório completo.
Fonte: SOS Mata Atlântica
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