quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A mancha da poluição.
O trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve um aumento superior a 50% referente ao ano passado e chega a 154,7 quilômetros, de acordo com resultados do relatório “O Retrato da Qualidade da Água e a evolução parcial dos indicadores de impacto do Projeto Tietê“, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta quarta-feira (23/09), na semana em que se comemora o Dia do Tietê. A mancha anaeróbica, na qual os índices ainda variam de ruim a péssimo, está localizada atualmente entre os municípios de Mogi das Cruzes e Cabreúva.

O relatório é resultado do monitoramento de qualidade da água dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê, analisados entre setembro de 2014 a agosto de 2015. No total, foram 109 pontos de coleta distribuídos em 26 municípios e em 78 corpos d’água. Importante destacar que o monitoramento é realizado por grupos de voluntários da SOS Mata Atlântica.

A mancha negra que tingiu o rio a partir de Santana de Parnaíba, do Reservatório de Edgard de Souza, até o município de Botucatu, no Reservatório de Barra Bonita, derrubou os índices de qualidade da água de regular/aceitável para péssimo, em dois dias de análise nesse trecho do rio. Já o enorme excedente de esgoto sem tratamento dos municípios de Mogi das Cruzes, Suzano, Guarulhos e demais cidades do Alto e Médio Tietê resultaram em impactos diretos na qualidade da água medida em 16 pontos de coleta no rio Tietê e em outros 53 pontos distribuídos nas bacias hidrográficas, que registraram médias de qualidade da água ruim e péssima.
Placa em Mogi das Cruzes indica trecho em que o Tietê está quase morto.

“Esses indicadores alertam para a urgente necessidade de uma ação integrada e firme do Estado, envolvendo Cetesb, Sabesp, DAEE, EMAE e demais secretarias, com os municípios para que tragédias anunciadas, como essa da abertura de barragens , deixem de matar o rio, remetendo a sua qualidade no interior ao que registrávamos nos anos 90”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.

No início do projeto de despoluição do rio com maior extensão do Estado de São Paulo, em 1993, a mancha de poluição estava em 530 quilômetros, de Mogi das Cruzes até o reservatório de Barra Bonita. No fim de 2010, ao término da segunda etapa do Projeto Tietê, o trecho de rio morto compreendia uma extensão de 243 quilômetros, de Suzano até Porto Feliz. Já em 2014, a mancha de poluição ocupava somente 71 quilômetros entre os municípios de entre Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. Com a mancha atual, entre Mogi das Cruzes (60 km da nascente) até o município de Cabreúva (214,7 km da nascente), o aumento foi de 54% em relação ao estudo realizado em 2014.

Após 24 anos de luta da sociedade, deflagrada em 1991 com o início da campanha para despoluição do rio, o Projeto Tietê tem como nova meta a universalização do saneamento em São Paulo entre os anos de 2018 e 2020, com a recuperação dos rios. Para os especialistas da Fundação SOS Mata Atlântica, porém, o ritmo atual indica que teremos em 2020 ainda muitos desafios para que os rios urbanos possam ser utilizados, especialmente no trecho que atravessa a Região Metropolitana. Por isso, a SOS Mata Atlântica defende a extinção da classe 4 de rios na Resolução Conama 357, que atualmente permite a figura do rio morto, destinado apenas à paisagem, diluição de efluentes e geração de energia.



Acesse aqui o relatório completo.


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