Estudo
levanta últimos 13 anos de desmatamento na Amazônia.
Foto: © Daniel Beltrá / Greenpeace.
Embora relatório da RAISG mostre desaceleração do
desmatamento entre 2000 e 2013, taxas continuam elevadas; área de floresta
equivalente ao estado de SP foi perdida.
A Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada
(RAISG) lançou nesta segunda-feira (5) uma nova publicação que revela o
desmatamento acumulado e suas tendências para todos os países que compõem a
Amazônia. O estudo estima que entre 2000 e 2013 foram desmatados 222.249 km2 ,
o que equivale quase o tamanho do Estado de São Paulo.
A Amazônia é uma floresta que se espalha pelo
Brasil, Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa,
Suriname e Peru. Segundo a RAISG, o desmatamento acumulado até 2013 corresponde
a 13,3% da cobertura florestal original da Amazônia, estimando que a maior
perda de floresta (9,7%) ocorreu principalmente entre 1970 e 2000, enquanto que
entre 2000 e 2013 a perda ficou em 3,6%.
Essa desaceleração na perda da cobertura original
da floresta foi conjunta entre todos os países, com exceção da Venezuela, que
viu a destruição florestal aumentar em relação a última medição (2005-2010). No
entanto, o país perdeu apenas 3,3% de sua cobertura.
Mapa do desmatamento na Amazônia, com legendas em
espanhol. Fonte: RAISG.
A Amazônia brasileira apresentou queda nos índices
de desmatamento a partir de 2006, mas a região ainda conta com uma perda
florestal de 174 mil km2 entre 2000 e 2013 – 5% da superfície original da
floresta, área maior que o estado do Ceará.
O estudo alerta também para a forte pressão existente
sobre as nascentes das grandes bacias hidrográficas que estão localizados nos
países andinos, como a Bacia do Amazonas. Diferentes atividades econômicas como
o agronegócio, a construção de hidrelétricas e mineração representam uma grande
ameaça para a manutenção das florestas, para a água e também para o solo, além
das populações tradicionais que ali habitam e da floresta dependem.
Leis brasileiras não ajudam
O estudo da RAISG ainda lembra ainda que o
Congresso brasileiro aprovou em 2012 o novo Código Florestal (Leis nº 12.651 e
12.727), que reduz as Áreas de Proteção Permanente (APP), é confuso em relação
aos critérios de restauração florestal e diminui a Reserva Legal, que é uma
área de propriedade privada onde a vegetação original não pode ser destruída.
“Uma conquista para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA)”, diz o texto.
No primeiro ano de sua vigência, o desmatamento da
Amazônia brasileira foi de quase 6 mil km2, um aumento de 28% em relação ao
PRODES anterior, que é o sistema de monitoramento oficial medido pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais.
“O desmatamento não é mais necessário na Amazônia”,
defende Rômulo Batista, da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. “Existem
milhares de quilômetros quadrados desmatados na Amazônia que estão abandonados
ou que produzem muito abaixo do seu potencial. Essa área é suficiente para
suprir todo o crescimento da agropecuária do Brasil, sem que seja necessário
derrubar uma árvore, sequer.”
Para a RAISG, a crescente demanda por carne e biocombustíveis
e o aumento do número de blocos de concessão de petróleo e gás, além da redução
da proteção florestal às custas do novo Código Florestal e o incentivo a
grandes obras de infraestrutura, são as maiores preocupações para o futuro da
Amazônia brasileira.
“Todos nós sabemos da importância da Amazônia, seja
na regulação climática, no fornecimento de chuvas para todo Brasil e outros
países, assim como na conservação da biodiversidade e todos os povos da
floresta que são seus grandes guardiões. Para garantir que esse bem maior de
todos brasileiros não vire fumaça, o Greenpeace encaminhará em breve para o
Congresso Nacional uma lei de iniciativa popular que já conta com apoio de mais
de 1,4 milhão de brasileiros pelo desmatamento zero de todas as florestas do
Brasil”, finaliza Batista.
Os dados da publicação foram obtidos pelos sócios
da RAISG mediante a análise de imagens de satélite combinada com análises
geográficas em sistemas georreferenciados.
Fonte: Greenpeace Brasil
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