Maioria
dos paulistanos deixaria de usar o carro.
Foto: Shutterstock
Cada vez mais paulistanos se dizem dispostos a
deixar o carro na garagem, se houvesse uma boa alternativa de transporte. Esta
é uma das conclusões da Pesquisa sobre Mobilidade Urbana lançada pela Rede
Nossa São Paulo e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado
de São Paulo (FecomercioSP).
Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo
De acordo com os dados do levantamento realizado
pelo Ibope Inteligência e divulgado nesta terça-feira (22) – data na qual se
comemora o Dia Mundial Sem Carro –, 83% dos entrevistados responderam “com
certeza deixaria” ou “provavelmente deixaria” de usar o carro, caso tivesse uma
boa alternativa de transporte.
O índice é o maior já registrado pela pesquisa, que
é promovida anualmente desde 2007. No ano passado, por exemplo, 65% dos
paulistanos deram as mesmas respostas à pergunta.
Os resultados desta nona edição da Pesquisa sobre
Mobilidade Urbana revelam também que 64% dos moradores de São Paulo são
favoráveis à abertura da Avenida Paulista exclusivamente para ciclistas e
pedestres aos domingos. Por outro lado, 33% se posicionaram contra.
Esse apoio à medida que está sendo estudada pela
Prefeitura cai para 54% entre as pessoas que utilizam carros todos os dias ou
quase todos os dias.
Outra iniciativa da administração municipal
abordada pela pesquisa foi a redução da velocidade nas principais vias da
cidade. Resultado: 53% dos entrevistados se disseram contra a medida e 43%
favoráveis. O índice de contrários à redução da velocidade é maior entre os que
ganham mais de cinco salários mínimos (64%) e usam carros todos os dias ou
quase todos os dias (66%).
No sentido inverso, o apoio à diminuição da
velocidade máxima é maior entre os que ganham até dois salários mínimos (52%) e
raramente usam carro (54%).
Apresentação e debate sobre os resultados da
pesquisa
Os dados sobre o levantamentos foram divulgados em
evento público no SESC Consolação. Maurício Broinizi, coordenador executivo da
Rede Nossa São Paulo, Jorge Duarte, presidente do Conselho de Desenvolvimento
Local da FecomercioSP, e Maria Alice Nassif, gerente de Programas
Socieducativos do SESC, fizeram a abertura da atividade.
Os principais dados da pesquisa foram apresentados
por Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, que explicou a metodologia
utilizada. Segundo ela, foram entrevistados 700 moradores da cidade de São
Paulo com 16 anos ou mais, entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro.
Em relação à poluição, Marcia destacou que aumentou
a preocupação dos moradores da cidade com a qualidade da água consumida. No ano
passado, apenas 18% dos pesquisados citaram a poluição da água como a mais
grave. Nesta nova edição, o índice pulou para 30%.
Uma pergunta inédita, informou ela, apontou que 62%
dos entrevistados (ou alguém que mora no mesmo domicílio) já tiveram problemas
de saúde decorrentes da poluição do ar em São Paulo.
Ao revelar que 53% dos paulistanos se disseram
contrários à redução da velocidade máxima nas principais vias da cidade – e 43%
de posicionaram a favor –, a CEO do Ibope Inteligência lembrou as pesquisas
realizadas no início da vigência da lei que tornou o uso do cinto de segurança
obrigatório.
“Na época, a maioria também se mostrava contrário”, ponderou,
antes de avaliar: “O apoio à redução de velocidade já parte de um patamar bem
alto”.
Confira aqui a apresentação
completa da Pesquisa sobre Mobilidade Urbana 2015
Após a apresentação dos resultados do levantamento,
alguns convidados participaram de um debate, onde puderam comentar os dados
mostrados.
Mediado por Carlos Aranha, do Grupo de Trabalho
(GT) Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo, o debate contou com a
participação de: Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes;
Evangelina
Vormittag, diretora-presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade; Jakow
Grajew, especialista em trânsito; Marcelo Pereira Bales, gerente do Setor de
Avaliação de Emissões Veiculares da CETESB – Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo; Rui Paulo, representante da Secretaria Municipal de Saúde; e
Maurício Broinizi, coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo.
Na opinião do secretário de Transportes, a pesquisa
é fundamental para saber se a Prefeitura está na direção correta. “Acreditamos
que estamos no caminho certo, priorizando os pedestres, o transporte de
propulsão humana [bicicleta] e o transporte público”, afirmou.
Em relação à avaliação dos paulistanos sobre o
transporte público – que teve notas abaixo do ponto médio da escala, que é de
5,5 –, Jilmar Tatto argumentou que a cidade de São Paulo não resolverá o
problema do transporte público, se não houver uma rede adequada de metrô e
trem. “Por mais que a gente faça na questão do ônibus, o transporte de massa é
o metrô, é o trem, e a população percebe isso.”
Logo no início do evento, Alexandre Padilha,
secretário municipal de Saúde, destacou a importância do tema “mobilidade
urbana” para a saúde. “Será que não está na hora de construirmos um acordo, que
coloque a vida como o fator mais importante”, questionou.
Ele antecipou que sua pasta, em parceria com a
Secretaria de Transportes, deverá instalar um observatório para monitorar os
dados que relacionam a mobilidade à saúde na cidade. Em cumprimento ao Dia
Mundial Sem Carro, Padilha foi ao evento de bicicleta.
Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede
Nossa São Paulo, relatou a ideia da primeira Pesquisa sobre Mobilidade Urbana,
em 2007, e iniciativas da sociedade civil em relação ao tema. Em sua avaliação,
houve alguns avanços, como a ampliação das faixas de ônibus, ciclovias e
ciclofaixas.
“Não há outro caminho para uma cidade como São Paulo. Temos que
mudar a cultura do automóvel”, defendeu.
Fonte: Rede Nossa São Paulo
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