Cerrado
terá R$ 60 milhões para pesquisa.
Cerrado: savana mais rica do planeta. Foto: © Bento
Viana/WWF-Brasil.
Recursos permitirão a coleta informações sobre a
importância do bioma para a população e para o combate às mudanças climáticas.
O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, recebeu,
no dia 10 de setembro, a doação de R$ 60 milhões (US$ 16,45 milhões), para o
levantamento e a divulgação de informações sobre seus recursos florestais. A
contribuição integra o Programa de Investimento Florestal (FIP, do inglês
Forest Investment Program), vinculado ao Fundo de Investimentos Climáticos
(CIF, do inglês Climate Investment Funds) e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) será a instituição responsável pelo gerenciamento e
execução dos desembolsos.
O projeto, denominado “Informações Florestais para
uma Gestão Orientada à Conservação e Valorização dos Recursos Florestais do
Cerrado pelos Setores Público e Privado”, será executado pelo Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e prevê
a realização do Inventário Florestal Nacional (IFN) nos 11 Estados que compõem
o bioma e a consolidação do Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF),
uma plataforma, voltada à gestão e disseminação de informações sobre os
recursos florestais do país.
Estimativa
Ao final do projeto, que tem duração de 48 meses, a
sociedade terá em mãos estimativas detalhadas quanto à área de cobertura florestal
e aos diferentes usos da terra; fragmentação, saúde e vitalidade das florestas;
diversidade e abundância de espécies florestais; árvores fora da floresta;
estimativas dos estoques florestais (volume e biomassa) e estoques de carbono
acima e abaixo do solo; características do solo sob as florestas; manejo de
florestas; e ainda dados socioambientais, tais como usos de produtos e serviços
da floresta pela população local, além da percepção das comunidades quanto à
importância das florestas do bioma Cerrado.
O IFN é uma iniciativa do Serviço Florestal
Brasileiro, prevista no Artigo 71 do novo Código Florestal (Lei nº
12.651/2012), para levantar informações sobre os recursos florestais do país de
forma sistematizada e periódica. Tem como objetivo produzir dados sobre a
qualidade e o estado das florestas e dos recursos florestais do país, para
fundamentar a formulação, implantação e execução de políticas públicas de
desenvolvimento, uso, recuperação e conservação desses recursos. Os dados são
baseados na coleta de dados em campo, em cerca de 15.000 pontos espalhados de
maneira sistemática em todo o território nacional.
No início, os inventários visavam principalmente o
monitoramento de estoques de madeira. Mas, a partir da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92) e do desenvolvimento
de novas tecnologias, os inventários florestais nacionais têm ampliado o seu
escopo, valorizando a produção de informação sobre outros temas. Dentre os
assuntos de maior interesse atualmente estão os estoques de biomassa e carbono,
a biodiversidade, a saúde e a vitalidade das florestas, o manejo florestal e a
importância social que as florestas desempenham nos dias de hoje.
Disponibilidade
A realização do Inventário Florestal Nacional tem
sido feita por bioma ou Estado, conforme a disponibilidade de recursos
financeiros e envolvimento dos Estados. Uma área correspondente a 102 milhões
de hectares já foi inventariada. Em cinco Estados e mais o Distrito Federal já
foram concluídos os levantamentos de dados em campo (DF, CE, RN, SE, ES, SC).
Além do projeto FIP-Cerrado, encontram-se em
andamento mais dois projetos com o mesmo intuito: “Fortalecimento do Marco
Nacional de Conhecimento e Informação para Subsidiar Políticas de Manejo
Sustentável dos Recursos Florestais” (com o Global Environment Fund – GEF –
Food and Agriculture Organization – FAO) e o “Inventário Florestal Nacional no
Bioma Amazônia” (com o Fundo Amazônia – Banco Nacional de Desenvolvimento
Social -BNDES).
O FIP-Cerrado
Cerca de 5 mil pontos serão visitados para a coleta
de dados no bioma Cerrado. Segundo a gerente de Informações Florestais do SFB,
Claudia Rosa, o FIP-Cerrado promoverá melhorias na gestão do bioma e
contribuirá para a redução das emissões de gases do efeito estufa, a partir da
proteção dos estoques de florestas e da promoção do manejo sustentável. “O
Brasil não dispõe de informações adequadas sobre seus recursos florestais e
essas informações são fundamentais para se estabelecer políticas públicas, de
conservação e uso dos recursos”, enfatizou.
Claudia destacou que, a partir do projeto, os
tomadores de decisão e a sociedade como um todo terão informações detalhadas
sobre os recursos do Cerrado e sobre como eles estão sendo usados pela
população. “As informações geradas irão contribuir, entre outras coisas, para a
promoção de programas sustentáveis voltados à mitigação de emissões de gases de
efeito estufa” explicou.
Sobre o bioma
Segundo dados do MMA, do ponto de vista da
diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais
rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. O
bioma é lar de 5% de todas as espécies do mundo e comprime 30% da
biodiversidade brasileira. Além dos aspectos ambientais, tem grande importância
social.
Muitas populações sobrevivem de seus recursos
naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos,
babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do
patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional
de sua biodiversidade.
No entanto, a expansão da fronteira agrícola e a
exploração predatória do material lenhoso para produção de carvão, nas três
últimas décadas, causam uma progressiva e excepcional perda de habitat natural.
Essa contínua degradação torna o bioma ainda mais vulnerável aos efeitos do
aquecimento global. Em razão de sua extensão e da elevada quantidade de carbono
fixado tanto em sua biomassa quanto no solo, o Cerrado apresenta papel
fundamental na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas decorrentes.
* Por Marta Moraes. Edição:
Marco Moreira.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
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