PF e Ibama prendem nove pessoas e
lacram 22 madeireiras por fraude em Rondônia.
Foto de arquivo
Policiais federais e agentes do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
prenderam nove pessoas e lacraram 22 madeireiras em Rondônia. A ação faz parte
da chamada Operação Mesclado, deflagrada hoje (10) para combater a extração
ilegal de madeira do interior da Terra Indígena Mequéns, próxima à cidade de
Pimenta Bueno, na região sul do estado.
De acordo com a PF, os envolvidos no esquema são
acusados de fraudar planos de manejo e falsificar documentos para esconder a
origem ilícita da madeira. A PF afirma que, além de madeireiros, consultores
ambientais, transportadores e “laranjas”, o esquema contava com a “conivência”
das lideranças indígenas locais. A estimativa é que o grupo tenha movimentado
cerca de R$ 500 milhões.
As diligências ainda não foram encerradas. No
total, a Justiça Federal expediu 66 mandados judiciais que estão sendo
cumpridos em dez municípios da região. Dos dez mandados de prisão preventiva,
apenas dois não haviam sido cumpridos até as 14h30 (horário de Brasília),
porque os investigados não tinham sido localizados. Pelo mesmo motivo, três dos
17 mandados de condução coercitiva (quando o investigado é conduzido para
prestar depoimento e liberado em seguida) também continuavam pendentes.
No mesmo período, o único mandado judicial de
prisão temporária, além dos 23 de busca e apreensão e das 22 ordens de
interrupção de atividades das empresas madeireiras já tinham ou estavam prestes
a ser cumpridos. A Justiça Federal também decretou o sequestro de bens imóveis
dos investigados até o limite conjunto de R$ 7,5 milhões.
Os alvos do mandado de prisão preventiva e de
dois mandados de condução coercitiva ainda não cumpridos são contra índios da
etnia Sakurabiat. Segundo a PF, durante as investigações foram encontrados
indícios de que as lideranças da comunidade indígena autorizavam os madeireiros
a ingressar na reserva indígena e retirar a madeira, recebendo por isso. A PF
ainda apura se o dinheiro era usado para beneficiar toda a comunidade ou apenas
as lideranças que negociavam com os madeireiros.
Entre os investigados já detidos está o
madeireiro Josil Binow, apontado como um dos principais beneficiários do
esquema e com quem a PF afirma ter encontrado cheques no valor total de R$ 1,2
milhão. Binow está sendo ouvido no posto da PF em Pimenta Bueno e, em seguida,
será conduzido para o presídio da cidade com os outros suspeitos cujas prisões
preventivas ou temporárias foram cumpridas. A Agência Brasil não conseguiu
localizar seu advogado.
Binow já foi condenado em agosto de 2014 por
obstruir ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público; por receber
madeira sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
competente, e por falsidade ideológica (Artigo 299 do Código Penal). Ele e
cinco corréus estavam em liberdade, após recurso contra a sentença do juiz Leonel
Pereira da Rocha. O grupo foi denunciado pelo Ministério Público de Rondônia
(MP-RO) no Processo 0004575-92.2010.822.0008, por apresentar aos órgãos
fiscalizadores, em 2006, relatórios ambientais fraudulentos, nos quais alegavam
terem saldo de madeira superior ao real.
Fonte: Agência Brasil
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