COP20: Texto de base para um
futuro tratado sobre clima agrada governos e irrita ONGs.
A 20ª Conferência das partes da Convenção-quadro
das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP20), reunida em Lima, aprovou
na madrugada deste domingo (14) um texto de base para um futuro tratado mundial
sobre o clima que será concluído em Paris no final de 2015. A União Europeia
considerou o resultado “um passo adiante” para um futuro acordo global. ONGs
ecologistas criticaram o documento.
A longa maratona de negociações terminou na
madrugada deste domingo, após uma prorrogação de mais de 30 horas em relação ao
prazo final previsto para o evento, na sexta-feira.
O documento final de quatro páginas estabelece
que os países participantes devem apresentar até o início do ano que vem seus
próprios programas nacionais de luta contra o aquecimento climático, com o
objetivo de constituir a base para o futuro tratado sobre o clima a ser
definido em Paris, em dezembro de 2015.
Segundo o acordo, os compromissos de diferentes
países em relação ao combate às mudanças climáticas serão compilados em um
relatório até, o mais tardar, 1° de novembro de 2015. A proposta visa avaliar
seus efeitos para frear a alta da temperatura do planeta.
Objetivo de emissões “zerro”
O texto expõe um vasto programa de opções para a
conclusão de um tratado em Paris. Entre elas, a de estabelecer um “objetivo
zero de emissões” de CO2 até 2100, ou até antes, através da substituição dos
combustíveis fósseis pelas energias renováveis.
O documento final adotado em Lima contentou os
países emergentes, como China e Índia. Eles temiam que os rascunhos anteriores
do acordo resultassem em exigências muito pesadas para suas economias,
comparando com as dos países desenvolvidos, em relação a esforços para conter o
aquecimento global.
“Obtivemos o que gostaríamos”, confessou o
ministro indiano do Meio Ambiente, Prakash Javedekar, ao ver que o texto
manteve a ideia de que os países ricos devem dar o exemplo em relação à redução
das emissões de gazes que provocam o efeito estufa.
Segundo Javedekar, o acordo concluído após duas
semanas de negociações na capital peruana diz claramente que os países ricos
devem apoiar financeiramente os países em desenvolvimento.
O texto também satisfaz o grupo de países
desenvolvidos, liderado pelos Estados Unidos, que defende um maior compromisso
das nações em desenvolvimento para conter suas emissões de poluentes, que
aumentaram consideravelmente nos últimos anos. A China se tornou o maior
poluidor do planeta ultrapassando os Estados Unidos, a União Europeiua e a
Índia.
Reações e críticas
“É um bom documento para preparar Paris”,
declarou o comissário europeu para a Energia e o Clima, Miguel Arias Caneta, em
entrevista à agência Reuters. Em comunicado publicado neste domingo, a Comissão
Europeia considera que o acordo de Lima pede a todos os países para
indentificar seus compromissos de reduzir as emissões de gazes poluentes de maneira
“clara, transparente e compreensível”.
Apesar do acordo, o secretariado da ONU para as
mudanças climáticas alertou que os compromissos assumidos por todos os países
visando a Conferência de Paris não serão suficientes para atingir o objetivo
que é o de limitar o aquecimento global a 2° Celsius acima da temperatura média
da era pós-industrial.
As ONGs presentes em Lima estimam que o documento
da COP20 é tímido demais. “Nós passamos de fraco para o nível mais fraco, e na
sequência, para o que seria possível atingir de mais fraco ainda”, afirmou
Samantha Smith, da ONG WWF, em referência aos diferentes textos que foram
apresentados durante as negociações. “Os governos terão uma tarefa muito
difícil nos próximos 12 meses”, acrescentou, em referência à Conferência de
Paris de 2015.
Em um comunidado, o Greenpeace estimou que “sem
surpresa, as ações ficaram ausentes” na Conferência de Lima. “Estamos longe de
um acordo que poderia desencadear o fim do uso das energias fósseis, condição
para lutar contra as mudanças climáticas”, escreveu a ONG ecologista.
Fonte: RFI
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